“Dono” do cinema espírita no Brasil aposta em óvnis
Rodrigo Salem, na Folha de S.Paulo
O
Brasil não é conhecido pela tradição em filmes de ficção científica. Em
comparação a países como Inglaterra e Estados Unidos, a produção
cinematográfica do gênero por aqui é quase nula.
Enfrentar
esse desprezo é o desafio do filme “Área Q”, que abre hoje o 2º
Festival de Cinema Transcendental, em Brasília, e estreia em circuito no
dia 13 de abril.
O longa é uma produção de Luis Eduardo Girão, o homem por trás da maioria dos filmes espíritas no Brasil.
Começou
com “Bezerra de Menezes: O Diário de um Espírito” (2008), que, sem
divulgação tradicional, arrecadou R$ 3,5 milhões. No ano passado, “As
Mães de Chico Xavier” e “O Filme dos Espíritos” renderam a bilheteria
somada de R$ 7,8 milhões, colocando ambos entre os filmes mais vistos de
2011.
Girão
agora entra no pantanoso terreno da ficção científica, gênero que pode
virar uma comédia involuntária no Brasil caso não tenha bons efeitos
especiais e roteiros certeiros. “Área Q é um novo passo no cinema
transcendental [filmes com mensagens espirituais]“, diz o produtor
cearense, que gastou R$ 3 milhões na obra. “Todo filme sobre discos
voadores, com exceção de longas de Spielberg, traz invasões e guerras.
Este traz uma mensagem de paz e renovação.”
A
aposta neste “cinema do bem” é o trunfo de “Área Q”. Com exceção de
“Chico Xavier” (2010), produzido por Girão e dirigido por Daniel Filho, o
gênero não é conhecido pela qualidade técnica. Mesmo assim, tornou-se à
prova de crítica.
“Não agradamos aos críticos, mas temos público que vai ao cinema pela mensagem. É o nosso compromisso.”
Agora
ele tem de vender a produção protagonizada por um ator B americano
- Isaiah Washington, demitido da série “Greys Anatomy” por comentários
homofóbicos - e com temática ufológica.
Na
trama, um jornalista de Washington vem ao Ceará, após perder o filho,
para escrever sobre discos voadores na região próxima às cidades de
Quixadá e Quixeramobim.
“É um longa difícil de definir dentro do gênero. Ele é diferente, mas toca o coração”, adianta Girão.