Suely Schubert
O Regional: Como vê a importância da Doutrina Espírita no cotidiano das pessoas?
Suely Schubert: A Doutrina Espírita muda totalmente a perspectiva da vida das pessoas, pois tem princípios básicos muito significativos, dentre eles: a crença em Deus, em Jesus, a imortalidade da alma, a vida no mundo espiritual, a comunicabilidade dos espíritos e a reencarnação. Essa certeza impulsiona as criaturas à busca de uma vida melhor, onde prevaleçam o amor ao próximo, à ética e à justiça. A reencarnação, por exemplo, extingue o preconceito de raça, pois cada ser humano, em vidas anteriores, pertenceu às mais diversas etnias.
O Regional: Como foi seu contato com Chico Xavier enquanto estava vivo? De onde surgiu essa amizade?
Suely: Meus pais e avós eram espíritas e minhas irmãs e eu crescemos em meio a livros e mais livros espíritas, sendo que à época predominavam os livros de Allan Kardec, Léon Denis e os psicografados por Chico Xavier, que meu pai adquiria. Cada livro de Chico que chegava eu lia rapidamente. Daí surgiu o meu carinho pelo médium.
O Regional: Como foi seu primeiro encontro com ele?
Suely: Quando me casei, aos 18 anos, meu marido também espírita, resolvemos ir a Uberaba para conhecer o Chico, inclusive porque minha mediunidade a essa altura estava estuante, e desejávamos pedir ao Chico que me orientasse. Ele nos recebeu de maneira maravilhosa e disse logo de início os nossos nomes e o motivo da viagem, o que muito me emocionou. E essa emoção permanece a cada lembrança daquele momento.
O Regional: Quais dos ensinamentos que Chico deixou que considera importantes?
Suely: A própria vida de Chico Xavier é toda ela importante, pelos exemplos de amor às criaturas, pela renúncia constante na sua dedicação ao próximo e, especialmente, por sua integral vivência do Espiritismo e dos ensinos de Jesus.
O Regional: Como foi escrever o livro com cartas de testemunhos de Chico Xavier na obra Testemunhos de Chico Xavier? Qual o valor do trabalho psicográfico apresentado na obra?
Suely: Eram cartas que Chico Xavier endereçou a um amigo, então presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), as quais eu comento. Através dos relatos do médium, ficamos cientes de suas lutas e testemunhos. Na análise que faço de sua obra mediúnica, procuro evidenciar a autenticidade de sua psicografia, desde a poesia até os romances, numa variedade incrível de estilos.
O Regional: Como surgiu a ideia de escrever a biografia de Divaldo Franco?
Suely: Minha família por essa época tornou-se muito amiga de Divaldo Franco, que há mais de 50 anos vem a Juiz de Fora e é nosso hóspede. Com o sucesso da obra Testemunhos de Chico Xavier, pensei então em escrever sobre nosso amigo baiano. E assim fizemos, escrevemos O Semeador de Estrelas, registrando notáveis experiências de Divaldo, em seu dedicado labor, hoje em todos os continentes, bem assim de suas produções mediúnicas, cuja fidelidade à Doutrina Espírita e seu exemplo de amor à causa são incontestáveis.
O Regional: Como foi concebido o livro Entrevista com Allan Kardec?
Suely: Eu estava participando de um programa espírita, numa das rádios na cidade onde resido, e colecionava frases de Kardec para apresentá-las aos ouvintes, na abertura. Quando estava com uma lista dessas frases, lendo-as, pensei: “E se eu fizesse perguntas cujas respostas fossem estes trechos do Codificador (Allan Kardec)?” Imediatamente, sentindo uma emoção que me dominou, percebi que poderia fazer um livro dessa forma. E assim concretizei a ideia. Jornalistas, em muitas cidades onde vou fazer palestras, até os não espíritas, comentam comigo o quanto apreciam a obra, por sua originalidade.
O Regional: O cinema nacional tem explorado bastante a questão do Espiritismo no Brasil. Isso é benéfico para a Doutrina?
Suely: A mídia em geral tem apresentado temas de novelas, por exemplo, que abordam o Espiritismo, porém quase sempre de maneira incorreta. Por certo despertam o interesse das pessoas que acabam procurando os espíritas para obter mais detalhes e esclarecimentos. Dentre as produções recentes, eu gostei muito do filme As mães de Chico Xavier. Ele é muito bom!
O Regional: Você tem um livro que a editora InterVidas de Catanduva vai lançar numa edição especial: Transtornos mentais – uma leitura espírita. Poderia relatar como e por que escreveu essa obra? Você é psiquiatra?
Suely: Esse livro resultou do atendimento que faço, no centro espírita, há muitos anos. Sempre me interessei por tudo o que se refere à mente, ao pensamento, ao cérebro humano. Embora não tendo conhecimento acadêmico, passei a ler livros de psiquiatria, de psicologia. Ao mesmo tempo, sensibilizava-me com pessoas que vinham para a entrevista nos moldes espíritas, portadoras de vários tipos de transtornos. Daí surgiu o meu interesse em saber que são esquizofrenia, psicoses, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno bipolar, depressão, estresse pós-traumático, etc. Não sou psiquiatra e por isso demorei dez anos para considerar que estava pronta para escrever a respeito, mostrando, é claro, a visão espírita acerca desses transtornos mentais e de vários outros, ressaltando o benefício que a Doutrina proporciona aos portadores desses transtornos mentais.
O Regional: Como foi a produção do livro?
Suely: A InterVidas deu um tratamento especial ao livro, apresentando-o com uma produção gráfica bastante esmerada. Acima da beleza da obra, o que mais se destacou nesse trabalho editorial foi a incorporação de um extenso acervo de notas explicativas que elucidam termos técnicos da psiquiatria, da psicologia e da psicanálise, além de esclarecerem vocábulos incomuns e até mesmo as expressões próprias da Doutrina Espírita. Em razão da importância de se compreender e saber lidar com os transtornos mentais, o propósito da InterVidas de tornar o tema mais acessível e claro para os diversos públicos é algo de imenso valor.
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Nuno Emanuel | José Aparecido | In: Contato próximo de Chico Xavier e Allan Kardec (Entrevista com Suely Caldas Schubert)
09/04/2012
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