Entrevistamos neste sábado a educadora Sônia Barsante, da cidade de Uberaba, MG, conhecida e atuante trabalhadora do movimento espírita do Triângulo Mineiro. Filha de pais espíritas, Sônia conhece o Espiritismo desde os tempos que frequentava as aulas de evangelização infantil e da Mocidade Espírita na cidade de Araxá, MG, onde residia. Teve uma longa convivência com Francisco Cândido Xavier e até hoje frequenta o Grupo Espírita da Prece, onde, a seu lado, trabalhou.
Sônia, por favor, faça-nos sua autoapresentação.
Nasci na cidade de Araxá, Minas Gerais. Meus pais, Christiano Barsante Santos, promotor e inspetor Seccional vinculado ao MEC federal, na época, e a professora Sylvia de Almeida Barsante, amiga de Chico Xavier há mais de 50 anos. Tenho 6 irmãos, todos espíritas: Christiano Fausto, Lucilia, Sylvia Regina, Angela, Germano e Cássio, desencarnado em 1994. Sou viúva de Ariovaldo Santos, uberabense, neto do Professor Chaves, pioneiro do Espiritismo em Uberaba. Tenho 5 filhos: Sylvia Maria, João Augusto, Estevão Marcos, Christiana, Adriana, e 5 netos: Lucas, Clara, Gabriela, João Victor, Felipe. Todos também estão na abençoada Doutrina Espírita.
Qual a sua formação acadêmica e profissional?
Formei-me em Magistério e Pedagogia com especialização em Supervisão Escolar. Trabalhei 30 anos no serviço público estadual e municipal por algum tempo, aposentado-me logo após.
Como você conheceu o Espiritismo e desde quando é espírita?
Sou de familia espírita. Cresci dentro do Centro Espírita “Caminheiros do Bem”, de Araxá, mais tarde dirigido pela minha mãe, que ali permaneceu 40 anos. Meus avós maternos e bisavós maternos eram espíritas. Minha avó, Anna, foi aluna de Eurípedes Barsanulfo e meu bisavô, Cândido Pinto Vallada, pioneiro do Espiritismo em Ribeirão Preto. Aos 10 anos, conheci Chico Xavier quando visitava Sacramento, por ocasião do aniversário de nascimento de Eurípedes. Lembro-me sempre desse encontro, que muito me marcou.
Que casa espírita está frequentando?
Presentemente estou vinculada ao Centro Espirita Uberabense e ao Grupo Espirita da Prece de Chico Xavier.
Poderia nos descrever a sua trajetória no movimento espírita durante esses anos?
Frequentando a Mocidade Espírita "Jesus Cristo" do Centro Espírita “Caminheiros do Bem", em Araxá, fui eleita presidente, cargo que ocupei por 7 anos, quando mudei para Uberaba, ao casar-me. Em Araxá, já éramos ligados ao Movimento de Unificação, trabalhando na área de Evangelização da Criança, realizando Encontros de Preparação de Evangelizadores. Em Uberaba, a convite do presidente da AME - Aliança Municipal Espírita, Jarbas Varanda, assumimos o Departamento de Evangelização da Criança, que foi integrado com a Juventude, hoje DIJ - Departamento de Infância e Juventude, cargo que ocupamos até o ano passado. No Centro Espírita Uberabense, convidada pelo seu então presidente Emmanoel Martins Chaves para desenvolver o Evangelho às segundas-feiras, ali permanecemos até hoje com muita alegria, embora reconhecendo nossa pequenez espiritual frente às tarefas que nos são confiadas por acréscimo da Misericórdia Divina. Fui secretária e hoje estou na Presidência, que tem o Sanatório Espírita de Uberaba, como seu departamento. Aos sábados, participamos do Grupo Assistencial Chico Xavier e à noite comentamos o Evangelho juntamente a outros companheiros que fazem parte da mesa de trabalhos no Grupo Espírita da Prece, que ali continuam a ser desenvolvidos como Chico Xavier sempre o fez, a convite de Dr. Eurípedes Higino das Reis. Atualmente, estamos na presidência da AME de Uberaba.
Fale-nos de sua experiência de trabalho ao lado de Chico Xavier.
Em 1969, ano em que me casei, passei a frequentar a Comunhão Espírita Cristã, juntamente ao meu esposo, que também era amigo do nosso amado Chico Xavier. Acompanhei-o quando se transferiu para o Grupo Espírita da Prece. Consideramos a nossa convivência com Chico Xavier uma bênção de Deus em nossa vida, mas principalmente uma grande responsabilidade, pois o que presenciamos com esse apóstolo de Jesus na Terra só poderá ser dimensionado em alguns séculos, por todos nós que tivemos essa oportunidade. Chico, dotado de uma sensibilidade mediúnica única, de um coração evangelizado, de extrema inteligência, proporcionava-nos a todos lições em todas as ocasiões possíveis. Nunca perdeu tempo, estava sempre a postos, com disciplina férrea, que se impôs, desde seu encontro com Emmanuel, em Pedro Leopoldo. Representante legitimo de Jesus na Terra, confortava, estimulava, ensinava e aceitava-nos com nossas fraquezas.
Dentre os episódios que presenciou junto ao Chico, qual o que mais lhe marcou?
São muitos esses episódios, mas os que mais me marcaram foram com as mães que buscavam mensagens de seus filhos. Certa vez, uma mãe que estava na fila aguardando sua vez de falar com Chico entrou na sala trazendo ao peito fotos de 2 filhos. Ela os segurava com se carregasse um tesouro e tinha os olhos marcados por dor profunda. Aproximando-se do Chico, não conseguia falar. Ele se levantou e ela finalmente disse: “Meus dois únicos filhos foram assassinados”. Chico, chorando junto a ela, abraçou-a por alguns minutos, emocionando-nos a todos. Lembrei-me do que ele dizia: “A dor das mães penetra-me a alma toda”.
Como caminha o Grupo Espírita da Prece sem a presença do Chico?
A rotina dos trabalhos do Grupo Espírita da Prece continua a mesma, excetuando-se, claro, o trabalho de psicografia, que foi encerrado com a desencarnação do nosso amado Chico Xavier. Dr. Eurípedes Higino das Reis vem desempenhando com muito amor e devotamento os trabalhos do Grupo Espírita da Prece, do qual é presidente, tarefa essa que lhe foi confiada pelo nosso benfeitor Chico Xavier.
Ainda é grande o público que frequenta o Grupo Espírita da Prece?
A afluência do público é grande, pois querem ver, participar dos trabalhos que o Chico nos deixou, pois plantou amor nos corações de todos nós. Daí o chamarem de Missionário do Amor.
Como está composta a diretoria do Grupo Espírita da Prece?
A atual direção do GEP é composta por: presidente, Dr Eurípedes Higino dos Reis; vice-presidente, Maria Elisa Dias; 1o. secretário, Sandra Ottaiano; 2o. secretário, Silma Alves Borges; 1o. tesoureiro, Mônica Madalena dos Santos e 2o. tesoureiro, Lilian Beatriz dos Santos.
Que visão tem do movimento espirita atual? Vai bem ou enxerga algum ponto que mereça reparo?
O movimento espírita atual tem evoluído bastante. Lembrando o que nos ensina Bezerra de Menezes que o trabalho de unificação é serviço urgente, mas não apressado; precisamos manter a vigilância, o amor à causa do Evangelho redentor, do Espiritismo no Brasil, entrelaçando pensamentos e ações dentro do espírito de fraternidade e fidelidade aos princípios que a Doutrina Espírita nos ensina. Emmanue0,l através da mediunidade missionária de Chico Xavier, nos diz: "A tarefa é bem complexa, bem o sabemos, o ministério exige lealdade e decisão. Todavia, sem o suor do servo fiel, a casa pereceria sem pão. Reunir elementos dispersos, concatená-los e estruturar-lhes o plano de ação, na ordem superior que nos orienta o idealismo, é serviço de indiscutível benemerência, porque demanda sacrifício pessoal, oração e vigilância na fé renovadora e, sobretudo, elevada capacidade de renunciação". Roguemos à Deus, ao nosso Mestre Jesus, ao benfeitor Chico Xavier, que exemplificou na Terra o Evangelho de Jesus, nos fortaleça para que não transformemos nosso abençoado trabalho na unificação em manifestações de personalismo, de elitização, tendo sempre em vista a fraternidade, respeito e amor ao próximo, junto ao povo, como Jesus nos ensinou e Allan Kardec colocou no frontispício da Doutrina Espírita: “Fora da caridade não há salvação".
As suas despedidas aos nossos leitores.
Agradeço ao nosso confrade Ismael Gobbo pela oportunidade que nos oferece de tecermos comentários da nossa pequena contribuição nas tarefas de nossa amada Doutrina, rogando a Deus o abençoe e ilumine sempre nessa grandiosa tarefa de divulgação do Consolador prometido por Jesus.