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Notícia

Emmanuel e a unificação do Espiritismo


"A unificação espiritualista constitui problema, credor da mais legítima cooperação de quantos colaboram nas obra da verdade e do bem no plano espiritual. 
Difícil padronizar a interpretação, de vez que ninguém pode trair o degrau evolutivo que lhe é próprio. 
Cada aprendiz da realidade universal verá de acordo com as dimensões de sua janela; ouvirá, segundo a acústica, instalada por si mesmo no santuário interior; e compreenderá, na medida de suas realizações e experiências. 
Entretanto, nosso problema de união, ao que parece, não se relaciona com a exegese. 
É questão de fraternidade sentida e vivida, portas adentro da organização doutrinária, para que as obras não se esterilizem, à míngua de fé, e para que a fé não pereça sem obras. 
Trata-se de avançado cometimento da boa vontade de cada companheiro na construção do edifício coletivo do bem geral. 
Serviço de compreensão elevada, em que para unir, em Cristo, não podemos prescindir da renúncia cristã, aprendendo a ceder com proveito, no esforço de todos, com todos e para todos em favor da vida melhor. 
Para isso, cremos, que não é necessário invocar a interpretação que sempre define "um estado de conhecimento", sem representar a sabedoria, e nem se reclamará o concurso da política humana que constitui "uma expressão transitória de poder", sem consubstanciar a autoridade em si mesma. 
Apelaremos, sim, para as qualidades superiores do espírito, recorreremos à zona sublime da consciência, onde os valores religiosos acendem a verdadeira luz.


* * *


Razoável que os orientadores encarnados tracem programas construtivos para a feição externa do serviço a fazer. 
Em tempo algum, dispensaremos a ordem, o método e a disciplina, no templo da elevação, como forças controladoras da inteligência. 
Nós outros, conclamaremos o homem interno e mobilizaremos as energias do ideal, falando ao coração. 
Reunamo-nos no campo da fraternidade edificante. 
Não teremos Espiritismo unido sem que nos unamos. 
Debalde ensinaremos amor sem nos amarmos uns aos outros. 
Não elevaremos a doutrina sem nos elevarmos. 
Aprendamos a eliminar as arestas próprias, a fim de que o espírito coletivo paire mais alto, ligando-nos à Divina Inspiração. 
Unir, para nós, deve ser aprimorar, crescer, iluminar. 
Aprimoremos-nos, apresentando mais dócil instrumentalidade aos mensageiros da Vida Mais Alta. 
Cresçamos em conhecimento e superioridade sentimental. 
Iluminemo-nos na esfera individual, penetrando o segredo do sacrifício para enriquecimento da vida imortal. 
Em seguida, a união frutificará em nossos círculos de trabalho qual a espiga substanciosa que premia a sementeira. 
Organizemos por fora, aperfeiçoando por dentro. 
Então, chegaremos sem atritos mais ásperos à aquisição de nossa unidade com o Cristo, na mesma convicção que lhe engrandeceu o verbo, quando assegurou: "Eu e meu Pai somos um"."


* * *

Esta mensagem de Emmanuel, se não me falha a memória, teria sido recebida pelo Chico na oportunidade de um evento da FEB, creio que na década de 60, onde se discutia, entre outras coisas, a unificação das casas espíritas.

Unificação, até onde entendo do movimento espírita, seria todas as casas seguirem regras padrão de trabalho, e se filiarem à FEB, reconhecendo-a como a entidade máxima do movimento espírita, no Brasil  (posso estar equivocado em meu entendimento, mas as informações que disponho me levam a supor isso).

Assim, para eu poder deixar mais claro o meu entendimento dos dois parágrafos solicitados, permitam-me comentar antes alguns parágrafos que antecedem os mencionados, que acabam propiciando um melhor entendimento do assunto.

Ele começa afirmando: "Cada aprendiz da realidade universal verá de acordo com as dimensões de sua janela; ouvirá, segundo a acústica, instalada por si mesmo no santuário interior; e compreenderá, na medida de suas realizações e experiências. Entretanto, nosso problema de união, ao que parece, não se relaciona com a exegese".

Por esse texto, ele sinaliza claramente que cada um de nós perceberá os assuntos espirituais segundo sua experiência pessoal passada, que pode provir desde experiências passadas vivenciadas em religiões cristãs, como em cultos afros, como em cultos orientais. É claro que pessoas com essas diversas origens acabarão tendo percepções diferentes do Espiritismo, e seus valores terão nuances diferentes.

E ele continua: "É questão de fraternidade sentida e vivida, portas adentro da organização doutrinária, para que as obras não se esterilizem, à míngua de fé, e para que a fé não pereça sem obras. Trata-se de avançado cometimento da boa vontade de cada companheiro na construção do edifício coletivo do bem geral".

Aqui ele é claríssimo em dar a entender que precisamos aprender a respeitar as percepções diferentes do companheiro dentro da casa espírita, sinalizando que é uma questão de fraternidade e que quem se esforça para entender o irmão com uma convicção um pouco diferente estará empreendendo um "avançado cometimento de boa vontade" na construção do edifício coletivo do bem geral.

Ele sinaliza mais que se numa casa espírita o pessoal começar a polemizar sobre entendimentos conflitantes de determinados assuntos, há o risco concreto de as obras da casa esterilizarem e até a fé de colaboradores perecer.

Minha impressão é que esse parágrafo precisaria ser lido com muita atenção por certos "puristas" que se sentem "donos da verdade", que andam por aí a exemplo dos antigos fariseus.

E ele reforça mais essa orientação no seguinte parágrafo: "Serviço de compreensão elevada, em que para unir, em Cristo, não podemos prescindir da renúncia cristã, aprendendo a ceder com proveito, no esforço de todos, com todos e para todos em favor da vida melhor".

Com esse entendimento dos parágrafos acima, posso agora comentar os dois parágrafos que me foram solicitados: "Para isso, cremos, que não é necessário invocar a interpretação que sempre define "um estado de conhecimento", sem representar a sabedoria, e nem se reclamará o concurso da política humana que constitui "uma expressão transitória de poder", sem consubstanciar a autoridade em si mesma. Apelaremos, sim, para as qualidades superiores do espírito, recorreremos à zona sublime da consciência, onde os valores religiosos acendem a verdadeira luz".

Esses textos fazem clara referência a que a verdadeira autoridade é a "autoridade moral" e que nenhuma definição humana de autoridade se concretizará claramente se não for conquistada uma "autoridade moral" através da fraternidade e respeito aos legítimos valores do espírito. No meu entendimento, é um alerta para que a FEB não se torne um novo "papado", dogmatizando a Doutrina Espírita.

Como exemplo de "autoridade moral" recente no movimento espírita brasileiro, enxergo a figura do Chico, que com sua renúncia, sua humildade, sua dedicação ao trabalho espiritual e a fraternidade com que acolhia a todos os que a vida colocava em contato com ele, conquistou. E "política humana que se constitui em uma expressão transitória de poder" me parece ser uma referência à própria FEB como instituição.

A expressão "estado de conhecimento" me parece se referenciar a pessoas que conhecem as obras básicas de ponta a ponta, mas ainda não têm a sabedoria do entendimento e da fraternidade para com os que não tem o mesmo nível de conhecimento.

O texto, no geral, me parece sinalizar a importância de praticarmos mais a fraternidade e o entendimento com os irmãos que pensam um pouco diferente. Assim, pelo que posso perceber, temos de ser mais fraternos com nossos irmãos da Umbanda e de correntes orientais, bem como das diversas ramificações cristãs, entendendo que são irmãos em diferentes estágios de entendimento da realidade do espírito. E também com nossos irmãos da própria Doutrina Espírita, que possam ter percepções um pouco diferentes entre si do conjunto de obras açambarcado pelo movimento espírita.

Esta mensagem é uma sinalização clara no sentido de que para o movimento espírita buscar a verdadeira unificação será necessário cultivar mais fraternidade, mais entendimento, mais respeito por pessoas que entendem um pouco diferente de nós, mais trabalho, mais autoavaliação  e menos fiscalização da vida e posturas alheias. E também um convite a alguma renúncia pessoal em prol do bem comum.


Gilberto Adamatti



Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Antônio Bacarat | Gilberto Adamatti
14/05/2012
 


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