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Notícia

Focalizando o trabalhador espírita – Suely Caldas Schubert




A escritora e oradora Suely Caldas Schubert



Por Ismael Gobbo | SP

Nossa entrevistada (...) é a conhecidíssima escritora e oradora Suely Caldas Schubert, residente na cidade de Juiz de Fora, MG. Filha de pais espíritas, alegres e exemplares, como ela ressalta, começou a ler na biblioteca do genitor livros sobre Espiritismo a partir dos 9 anos de idade. Esse ambiente favorável, a participação na evangelização infantil, na Mocidade Espírita, o ingresso nas atividades doutrinárias e administrativas da casa espírita e o pendor para o movimento de unificação ensejaram a que Suely  granjeasse a posição de referência  quando se  busca definir o perfil do verdadeiro trabalhador espírita. Além de ser autora consagrada e conferencista de grande prestígio, Suely teve a honra de conhecer muito de perto o trabalho de Chico Xavier e de Divaldo Pereira Franco, destinando a ambos páginas preciosas, ressaltando facetas de suas vidas e de suas obras. Só temos a agradecer essa oportunidade valiosa que nossa estimada irmã Suely nos concede revivendo lances de sua biografia recheada pelo trabalho diuturno enaltecido pela conduta exemplar.


Suely, queira nos fazer sua autoapresentação.
 
Nasci na cidade de Carangola (MG) , em 9 de dezembro de 1938, em uma família espírita. Meus avós paternos, Washington Vieira Lima Caldas e Ibrantina Vieira Caldas, eram espíritas, da cidade de Rio Pomba (MG), e  quando se mudaram para Juiz de Fora, meu avô Washington frequentava a Casa Espírita, tradicional centro espírita da cidade, hoje com quase um século de fundação. Os avós maternos, Astolpho Costa e Mariana Maia Costa, eram espíritas, residiam na cidade de Lavras (MG). Minha avó era médium, sendo que seu guia espiritual era o espírito D. Pedro II, o que fora imperador. A avó Mariana fundou em Lavras o grupo espírita Dr. Augusto Silva, que funcionava em seu próprio lar. Os médiuns, além dela, eram quatro de seus 12 filhos. As reuniões tinham ata, cujo livro ainda existe. Mais tarde, em Lavras, um outro grupo fundou o Centro Espírita Augusto Silva, hoje tradicional instituição nessa cidade. Minha avó desencarnou quando minha mãe tinha apenas 12 anos. Meu futuro pai, José Caldas,  nascido e criado em uma  família espírita,  conheceu aquela que seria minha mãe, Zélia, também espírita, em Juiz de Fora. Casaram-se e tiveram três filhas, sendo que eu sou a primeira, e depois minhas irmãs, Mariana e Maria Lucia, que nasceram em Uberaba (antes de Chico Xavier ali residir). Meu pai era bancário e foi transferido muitas vezes. Tinha apenas até o terceiro ano primário, como se dizia à época, mas chegou a gerente do antigo Banco Mineiro da Produção, depois Bemge, isto já, em Juiz de Fora, para onde nos mudamos em 1949, e aqui fixamos residência até hoje. Permaneceram casados durante 50 anos e logo depois meu pai desencarnou. Nunca conheci uma união como a deles, onde o amor, o respeito, as gentilezas, o equilíbrio eram a base da vivência dos dois. Eram alegres e, não raras vezes, dançavam valsa diante de nós, ainda pequenas, e era uma alegria geral. Papai possuía uma ótima biblioteca, sobretudo, espírita, e  eu li  todos aqueles livros, além de obras não espíritas, desde os 9 anos de idade. Meu pai foi, durante 25 anos, diretor da primeira livraria espírita da cidade, um departamento do Centro Espírita Ivon Costa. Nesse ocupou cargos na diretoria, tendo sido também assíduo participante da reunião de desobsessão, na qual era um dos doutrinadores. Minha mãe, por sua vez,  durante anos, se dedicava a  costurar para as crianças carentes. Desde a infância sempre frequentamos o centro espírita e as aulas de moral cristã - assim eram  denominadas as aulinhas para as crianças. Sou divorciada, mas o meu ex-marido é também espírita, excelente pessoa, e somos amigos, sendo ele ótimo pai, e frequenta a minha casa para participar do culto do lar. Tenho quatro filhos - Livia, Alexandre, Erika e Adriana, todos casados, seis netos - Humberto, Rafael, Deborah, Arthur, Marina e Eduardo, e uma bisneta com 2 anos, Alice, filha do meu neto mais velho, Humberto Schubert Coelho, que é espírita militante, filósofo, doutor em Ciência das Religiões, professor de alemão, escritor, tendo um livro publicado pela FEB, Genealogia do Espírito. Ele escreve para o Reformador e Presença Espírita. A esposa desse meu neto é igualmente espírita, médium atuante em nossa sociedade espírita. Livia é médium e trabalha há mais de 20 anos na mesma reunião mediúnica de desopressão, da qual participo. Os demais são espíritas, porém não frequentam assiduamente, entretanto, lêem as obras doutrinárias, porque somos todos, sem exceção, uma família totalmente dedicada aos livros. A maioria é professores. Os netos mais jovens seguem a mesma preferência pela leitura.
 
Qual a sua formação acadêmica e profissional?
 
Fiz apenas o curso de Técnico em Contabilidade. Logo em seguida, casei-me, aos 18 anos. O pouco que sei devo à leitura, pois sou uma leitora compulsiva.
 
Como você conheceu o Espiritismo e desde quando é espírita?
 
Sempre fui espírita. Não saberia viver sem o Espiritismo, mas estou lutando para viver o Espiritismo.
 
A que casa espírita você está vinculada presentemente?
 
Assim que nos mudamos para Juiz de Fora, toda a família foi encaminhada para o Centro Espírita Ivon Costa. Ali fiquei por 36 anos consecutivos. Foram anos ricos de aprendizado, porque essa casa era dirigida por pessoas muito capazes, verdadeiros espíritas, cujos nomes devo citar, em homenagem a eles: Isaltino da Silveira Filho, Edson Mega, Silvestre Santos, Nelson Zaghetto, Irene de Carvalho, Isa Mega, Geraldo Ribeiro Vieira. Meu pai, José Caldas, também se tornou um dos baluartes do “Ivon Costa”, pelo seu trabalho e dedicação, onde atuou por mais de 40 anos. O “Ivon Costa” tem uma história singular - ele deu origem a duas outras casas e reabertura de uma outra, fechada por 20 anos. Assim a nossa Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, que fundamos, há 26 anos, com um grupo de companheiros, eu considero como “filha” do Centro Espírita Ivon Costa, porque todas essas não surgiram de dissidências, mas de empenho em multiplicar outros núcleos, quando a casa-mãe crescia demais. Nossa saída do “Ivon” foi em lágrimas, a despedida dos queridos amigos, porém era preciso para ampliarmos o trabalho para Jesus.
 
Pode nos fazer uma descrição de sua atuação no movimento espírita durante esses anos?
 
Estou no trabalho mediúnico  há mais de 50 anos e na aplicação de passes igualmente no mesmo tempo, permanecendo até hoje. Já fiz de tudo num centro espírita, exceto ser tesoureira. Com 13 anos, já era evangelizadora de crianças. Na AME, Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora, estou  há 40 anos, não somente em cargos diretivos, mas nas equipes de departamentos, pois o que é importante é o trabalho na seara do Mestre, e não os cargos. Na FEB, fui assessora do então presidente Francisco Thiesen, nosso grande amigo; hoje faço parte do seu conselho superior. Sempre fui muito ligada ao movimento espírita e, especialmente, ao movimento de unificação. Na AME, sempre procurei incentivar as casas espíritas a terem uma aproximação maior, quando diretora do Departamento de Orientação Mediúnica, ou na direção da nossa revista O Médium, do Departamento de Divulgação Doutrinária.
 
Quais obras você escreveu - espíritas e não espíritas?
 
 Os livros espíritas que escrevo não são mediúnicos, são fruto de pesquisas e de minhas experiências no âmbito da Doutrina. Para escrever alguns desses livros, especialmente os que tratam dos temas transtornos mentais ou os poderes da mente, e inclusive o Mentes interconectadas, às vezes as pesquisas abrangem até 60 obras sobre os assuntos correlatos. Tenho 14 livros publicados por editoras espíritas e dois livros de poemas em parceria com os amigos Carlos Augusto Abranches e Leila Brandão. Meu primeiro livro, Obsessão/Desobsessão: profilaxia e terapêutica espíritas, foi lançado pela FEB em 1981. Esse livro, até os dias atuais, já alcançou a marca de quase 200 mil exemplares, não sei ao certo quanto. É citado e estudado em todas as cidades que tenho percorrido e até no exterior, segundo os depoimentos espontâneos das pessoas. Citarei alguns apenas: Mediunidade, caminho para ser feliz e Mediunidade e obsessão em crianças (Didier); Testemunhos de Chico Xavier, Entrevistando Allan Kardec, Dimensões espirituais do Centro Espírita (FEB); Semeador de estrelas, Ante os tempos novos (LEAL) , Os poderes da mente, Mentes interconectadas e a lei de atração (EBM); Transtornos mentais, da Minas Editora, e agora uma parceria desta com a editora Intervidas, de Catanduva, possibilitou o lançamento recente de uma edição premium do Transtornos mentais, revista e com verbetes laterais.
 
E de qual você mais gosta?
 
Não tenho, assim, uma preferência. São como filhos. Eu, como mãe, amo meus filhos igualmente, tendo cada um sua personalidade.  Os livros, os quais muitas vezes escrevi em meio a intensos aprendizados da vida particular, são “filhos“ também e  cada página, cada parágrafo, foram grafados com as tintas de um amor mais amadurecido nessa caminhada, desde a primavera da vida ao prenúncio do inverno.
 
Sabemos que você é uma das principais biógrafas de Divaldo Pereira Franco. Como se iniciou esse contato?
 
Esse contato começou há mais de 55 anos, muito mais, porque constantemente penso que conheço Divaldo de muito longe. Tenho muitos amigos e familiares com os quais sinto isso, que somos ligados há muito tempo. A presença de Divaldo é uma bênção que Deus concedeu à minha família e a mim. Ao longo desses anos, ele proporcionou-me exemplos dignificantes, nobres e elevados, pois ele vive o que prega com tanta naturalidade, comprovando àqueles que o acompanham  de perto que ele o faz porque são conquistas sedimentadas no seu mundo íntimo. É o trabalhador incansável que todos conhecemos, o “Paulo de Tarso” dos novos tempos, que como este foi falar aos “gentios”, a fim de que o Espiritismo saísse dos centros espíritas para o mundo. Mais de duzentas obras psicografadas (não sei como tem tempo para dedicar-se à psicografia), ressalto aqui a linha psicológica da veneranda mentora Joanna de Ângelis e as de Manoel Phimomeno de Miranda, no aprofundamento da mediunidade . E, por fim, a Mansão do Caminho, essa maravilhosa obra através da qual ficamos conhecendo quem é Divaldo Pereira Franco. Aliás todo esse conjunto é expressão da vida desse querido irmão e amigo. Portanto, ao chamá-lo de “Semeador de estrelas” eu retratei fielmente a sua vida.
 
Como explicar a disposição incansável do Divaldo para o trabalho aos 85 anos?
 
Quando menciono essa incrível disposição, verdadeiramente incomum, eu cito que ele, por ser um missionário de Jesus, renasceu com uma veste física adequada ao trabalho a ser desempenhado, conforme uma programação espiritual traçada antes do retorno ao plano terreno, em sintonia com Joanna de Ângelis, a mentora. Tudo o que Divaldo faz é com elegância e alegria, dando aos que o cercam exemplos de nobreza e dignidade. Vale ressaltar o amor e abnegação com que divulga o Espiritismo e o Evangelho de Jesus. Claro que ele já passou por enfermidades graves, cirurgias delicadas e complexas, mas graças ao bom Deus recuperou-se totalmente.
 
Podemos dizer que Divaldo Franco e Chico Xavier são os grandes nomes da expansão do movimento espírita pelo mundo neste dois últimos séculos?
 
São realmente os dois expoentes do Espiritismo, isso é inegável. Sobre nosso querido  Chico Xavier, escrevi um livro, Testemunhos de Chico Xavier, no qual apresento aspectos da missão apostolar do médium mineiro, ressaltando o seu magnífico labor psicográfico, especialmente as notáveis coleções de romances e comentários evangélicos de Emmanuel e, também, a de André Luiz. A este devemos o conhecimento detalhado do mundo espiritual, através da coleção Nosso Lar. Quanto a André Luiz, menciono, há alguns anos, a impressionante programação espiritual que resultou dessa revelação que ele veio trazer, dando-nos a noção precisa da realidade do mundo espiritual, que Allan Kardec apenas pôde mencionar (pois não era época oportuna)) como sendo a erraticidade. E essa programação é tanto mais precisa quando assinalamos que exatos duzentos anos antes do lançamento de Nosso Lar o extraordinário vidente sueco Emanuel Swedenborg, em 1744, teve sua primeira visão das esferas espirituais – assim denominadas por ele – nas quais lhe foi dado vislumbrar tudo o que André veio a relatar dois séculos depois, sobre os planos espirituais, com minúcias. Isso eu menciono há mais de 15 anos, em meus seminários. Digo aos queridos leitores que cada vez mais percebo que a programação do Cristo para o nosso planeta é realmente perfeita e num padrão de excelência grandioso, que nossa pequenez mental e espiritual não consegue abarcar ou imaginar. Mas é deveras deslumbrante, pelo pouco que sabemos.
 
Você tem um livro que a Editora Intervidas está lançando numa edição especial, o Transtornos mentais, uma leitura espírita. Poderia relatar como e por que escreveu essa obra? Você é psiquiatra?
 
Esse livro resultou do atendimento que faço no centro espírita há muitos anos. Sempre me interessei por tudo o que se refere à mente, ao pensamento, ao cérebro humano. Embora não tendo conhecimento acadêmico, passei a ler livros de psiquiatria, de psicologia e, ao mesmo tempo, sensibilizava-me com pessoas que vinham para a entrevista nos moldes espíritas, portadoras de vários tipos de transtornos. Daí surgiu o meu interesse em saber o que é a esquizofrenia, as psicoses, o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), a bipolaridade, as depressões, o estresse pós-traumático, etc. Não sou psiquiatra e, portanto, demorei dez anos para sentir que estava pronta para escrever a respeito, mostrando, é claro, a visão espírita acerca desses transtornos mentais e vários outros, ressaltando o benefício que a Doutrina proporciona aos portadores dessas dolorosas provas.
 
Como vê a importância da Doutrina Espírita no cotidiano das pessoas?
 
A Doutrina Espírita muda totalmente a perspectiva da vida das pessoas, pois tem como princípios básicos a crença em Deus, em Jesus, a imortalidade da alma, a vida no mundo espiritual, a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, a pluralidade dos mundos habitados, isto é, as infinitas moradas da casa do Pai.  Essa certeza impulsiona as criaturas  à  busca  de uma vida  melhor, onde prevaleçam o amor ao próximo, a solidariedade,  a ética e a justiça. A reencarnação, por exemplo, extingue o preconceito de raça, pois cada ser humano, em vidas anteriores, pertenceu às mais diversas etnias. Essa conscientização transforma a humanidade numa grande família universal.
 
As suas despedidas dos nossos leitores.
 
Agradeço a você, Ismael, por essa oportunidade. Leio diariamente esse noticiário, pelo seu excelente conteúdo e pela facilidade que nos oferece para realizar a leitura. Que Jesus o fortaleça nessa tarefa de divulgação do Espiritismo e dos eventos doutrinários.
Nesse alvorecer de uma nova era, cuja claridade já se anuncia, que procuremos viver a paz e o amor, a solidariedade e o respeito ao próximo, tal como Jesus nos ensinou.





Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Ismael Gobbo | SP | Imagen in: http://files.suelycaldasschubert.webnode.com.br/200000252-f1f9cf2f3a/_20111126124735.jpg
18/06/2012
 


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