Conheci Chico Xavier em 14 de outubro de 1981 num evento de
lançamento de dois de seus livros em São Paulo. Desde criança ouvia
casos a seu respeito contados por familiares meus que haviam convivido
com ele desde a sua infância em Pedro Leopoldo (MG), sua cidade natal.
Os relatos sempre foram permeados pela descrição de sua generosidade,
seu desprendimento para com as coisas materiais, seu amor ao próximo, a
recordar-nos a figura inolvidável do Cristo.
Desde
então passei a acompanhá-lo, desenvolvendo com ele grande amizade em
convivência na cidade de Uberaba, quando o visitava regularmente, e em
Belo Horizonte, quando tive a alegria de hospedá-lo. A partir de 1984,
passei a colaborar com ele na edição de livros de sua psicografia,
tornando-me, por influência dele, editor.
Chico possuía
recursos mediúnicos múltiplos, embora ficasse conhecido mais pela
psicografia. Presenciei fenômenos de efeitos físicos, odoríficos,
materialização, psicometria, presciência, leitura de pensamentos,
vidência, clariaudiência, desdobramentos espirituais, em inúmeros casos
extraordinários que por si só já o classificariam no rol das pessoas
muito especiais. Guardo a certeza de que ele era cercado de falanges
espirituais tão elevadas que nossa compreensão está longe ainda de
perceber, colaborando ativamente na construção do mundo melhor do
porvir.
Desde jovem Chico assombrou o mundo, escrevendo
mediunicamente centenas de livros (já são 466 publicados),
convertendo-se em intransigente defensor e divulgador do Evangelho de
Jesus sob a ótica da Doutrina Espírita. Viveu 92 anos de renúncias e
abnegações, 75 dedicados à mediunidade cristã. Desencarnado há 10 anos,
não terá substitutos. À semelhança de Jesus, Chico Xavier é único no
planeta Terra. É um dos pioneiros do progresso espiritual do homem
imortal, um batalhador da Luz, um grande e incansável desbravador da
Espiritualidade.
Sua humildade característica nunca o situou
em palcos de atuação brilhante nem em holofotes dos estrelismos mundanos
porque fazia questão de se fazer um ser humano qualquer, rebaixando-se
para se apagar, humanizando-se à nossa volta e fazendo-nos sentir à
vontade. Suas lições vinham sempre de forma indireta, um caso que
contava despretensiosamente, um apontamento ou outro que se ajustava à
nossa necessidade, sem nunca nos apontar o dedo acusatório ou a
reprimenda do julgamento.
Sua vida transcendeu as barreiras da
religião, alcançando uma quase unanimidade em respeito e reconhecimento
justos. Passadas as comemorações de seu centenário de nascimento em
2010 e agora chegados aos 10 anos de sua partida para a Vida Maior,
continua sendo lembrado como símbolo do homem renovado do futuro que
haverá de transformar a vida na Terra para a paz, a fraternidade, a
justiça e o amor.
Geraldo Lemos Neto
Presidente da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo (MG)