Centenas de pessoas estão a confeccionar, em Coimbra, um manto, com 400 rosas, em lã, para homenagear a Rainha Santa Isabel e assinalar os 400 anos da abertura do seu túmulo.A peça, que evoca o ‘milagre das rosas’, com sete metros de altura por cinco de largura, tricotada nas tardes de sábado deste mês de Junho, no Museu Nacional Machado de Castro (MNMC), estará concluída em 1 de Julho e ficará exposta, a partir desse dia, «durante, pelo menos, um mês, na varanda» do museu.«Trata-se de uma homenagem» de admiradores, «devotos ou não», à padroeira de Coimbra, «sem aspiração (nem inspiração) artística», afirma, à agência Lusa João Pedro Gomes, mentor do projecto, desenvolvido pelo MNMC e pela sua Liga de Amigos.O ‘Mantele’ – assim se denomina a peça – não é «uma instalação artística, é uma produção artesanal», em cuja criação «as pessoas envolvidas estão como artesãs» (muitas das quais ligadas ao grupo Crafters de Coimbra), sublinha João Pedro Gomes.Grande parte do manto foi tricotada por gente de Coimbra, mas também de outras localidades, como é o caso, exemplifica aquele responsável, de «um grupo de pessoas de Paços de Ferreira» que decidiu tricotar uma série de rosas, que «virá trazer a Coimbra» nesta segunda-feira.«Esta instalação colectiva cumpre um dos objectivos» do MNMC – «envolver a comunidade» – e já ultrapassou as expectativas, afirma Ana Alcoforado, directora da instituição, considerando que, também assim e «simbolicamente, tecemos uma malha de amigos».O Museu é «um espaço de arte, de cidadania, um espaço aberto a todos» e este workshop tem sido «muito importante» nesse plano, sustenta Ana Alcoforado, sublinhando que têm participado na iniciativa pessoas de todas as idades e do mais diversos sectores.«A aposta está ganha», assegura Paula Sobral, vice-presidente da Liga de Amigos do MNMC, cuja principal preocupação é «trazer pessoas ao Museu» e «ligar o Museu à comunidade».Obra realizada por voluntários e patrocinada por duas empresas de fiação (uma da Covilhã, outra de Mira de Aire), o ‘Mantele’ «leva cerca de 55 quilos de lã», 30 dos quais para o manto propriamente dito, «todo cor-de-rosa», para o qual os cálculos prévios «foram feitas a partir dos 120 gramas (uma meada), que gasta uma camisola», explica João Pedro Gomes, garantindo que «as contas bateram certas».Dos restantes 25 quilos de lã, cinco são para uma coroa, em lã dourada, e cerca de vinte quilos são utilizados para a confecção das rosas, nas mais diversas cores, evocando o lendário milagre que celebrizou Isabel de Aragão, ao fazer com que o marido, D. Dinis, visse, em Janeiro, rosas nascidas do pão que ela levava no regaço para dar aos pobres.‘Milagre das rosas’ à parte, Isabel de Aragão «foi uma mulher muito à frente do seu tempo, foi uma pacificadora, uma construtora, uma empreendedora, uma cuidadora», defende Nídia Salgueiro, «fã» desta «extraordinária figura», enquanto tricota mais um rectângulo de lã para o manto.O ‘Mantele’ ficará exposto na varanda do MNMC, sobranceira à cidade de Coimbra e voltada para o Convento de Santa Clara-a-Nova (onde está o túmulo da Rainha Santa), enquanto resistir, em condições aceitáveis, ao tempo meteorológico, mas pelo menos até ao final de Julho, asseguram os promotores do projecto.O MNMC vai organizar, durante este verão e no âmbito da homenagem, entre outras iniciativas, visitas guiadas a locais de Coimbra relacionados com a Rainha Santa._________ Fonte: Lusa/SOL
Enviado por Maria José Cunha
03/07/2012
|