Recentemente, em entrevista à BBC, uma interessante declaração fez o ex-beatle Paul McCartney ao revelar que contou com a ajuda do espírito de George Harrison, também integrante dos Beatles, desencarnado em 2001, para escrever uma das músicas de seu novo disco.
Mais interessante ainda é o que sugerem o tema e a letra da canção, “Waiting For Yor Friends To Go" (“Esperando Seus Amigos Para Ir”, em tradução livre), que McCartney afirmou ter escrito com “a participação” além-túmulo de George Harrison.
Paul declarou textualmente: "Eu simplesmente tive esse sentimento, isso é George".
E ainda acrescentou. "Eu era como George, escrevendo uma de suas músicas. Eu só escrevi (a música) com muita facilidade porque não era eu quem estava escrevendo".
Segundo afirmou, ele não sabe ao certo qual o significado da letra da música. Também achou interessante o seguinte verso: "Eu pensei: ok, o trecho 'waiting on the other side' ('esperando no outro lado', em tradução literal) é meio capcioso. Há um pouco de duplo sentido nisso", disse na entrevista.
"Foi muito divertido, em particular o segundo verso: 'I've been sliding down a slippy slope, I've been climbing up a slowly burning rope' ('tenho deslizado em uma descida escorregadia, tenho escalado uma corda que se queima lentamente', em tradução livre)", comentou McCartney. "Eu, então, pensei: é uma música do George."
Do ponto de vista espírita, sabemos que toda inspiração, seja ela artística, científica, filosófica, etc, provém de um foco subjetivo (ou agente) inspirador. No caso em questão, não nos parece ser uma mera estratégia comercial do artista, uma vez que o ex-Beatle é dos mais consagrados no universo do show business.
Vale lembrar ainda a grande sensibilidade de Paul e a veia espiritual de George, tão explícitas em suas músicas, além da sólida amizade entre ambos, são fatores que poderiam ter propiciado o intercâmbio entre os dois compositores britânicos.
Quem atua em qualquer ramo da arte sabe muito bem o quanto é intensa a ligação emocional-espiritual que se estabelece e se compartilha entre os integrantes de um dado grupo artístico. A própria arte produzida é fruto da afinidade espiritual desses artistas envolvidos e por isso mesmo emociona o público, resultando em inquebrantáveis elos espirituais entre seus protagonistas. Esses elos nem mesmo a morte do corpo físico pode desvanecer.
A inusitada experiência musical em parceria com o espírito de George parece ter marcado Paul McCartney a ponto de tornar público o fato e dizer ser a música em questão uma de suas favoritas de seu novo disco, “Chaos and Creation In The Back Yard”.
Ao tomar conhecimento de uma declaração tão espontânea do ex-Beatle, não há como não lembrar os espíritos codificadores, quando revelaram a Allan Kardec: “...se não estiverdes cegos, vereis; e se não estiverdes surdos, ouvireis; pois frequentemente uma voz vos fala e vos revela a existência de um ser que está ao vosso redor.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 152, sobre a prova da individualidade da alma após a morte).