Por Ivan Franzolim | Articulista e escritor espírita, conselheiro da Associação de Divulgadores do Espiritismo (ADE-SP)
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou no início de julho os dados do último censo demográfico, realizado em 2010. Dentre os grupos religiosos, o espírita foi o que revelou o maior crescimento entre os censos de 2000 a 2010.
Os espíritas representavam 1,38% da população (2,3 milhões) em 2000, passando para 2,0% em 2010 (3,8 milhões), equivalendo a um crescimento de 45%, o maior de todas as religiões.
Os evangélicos tiveram o segundo maior índice de crescimento, passando de 15,4% no censo 2000, para 22,2% no de 2010. O crescimento em percentuais de um censo para o outro foi de 44,2%. Em quantidade de pessoas os evangélicos passaram de 26,2 milhões para 42,3 milhões de pessoas. No censo 1991, o percentual dos evangélicos era de 9,0% e em 1980, 6,6%.
Os católicos continuaram a tendência de queda. Eram 83% em 1991, caíram para 73,8% em 2000 e reduziram para 64,6% em 2010. Perderam 9,2 pontos percentuais que deve ter contribuído para o aumento dos evangélicos que ganharam 6,8 pontos percentuais.
Os adeptos da umbanda e do candomblé mantiveram-se em 0,3% em 2010.
Mais pessoas sem religião
Eram 4,7% em 1991, passaram para 7,3% em 2000, e alcançaram 8% em 2010 ultrapassando 15 milhões de pessoas. O crescimento dos espíritas se deve mais a partir da redução dos católicos.
Maior instrução e rendimento
O nível de instrução dos espíritas continua sendo o maior. Possuem mais pessoas com nível superior completo (31,5%) e o menor percentual de indivíduos sem instrução (1,8%).
Apresentam maior renda acima de 5 salários mínimos, com a maior participação entre as religiões: 19,7%.
Idade média dos espíritas é a mais alta com 37 anos
O Movimento Espírita precisa se mobilizar para aumentar a participação dos jovens. Em 1991 a faixa de idade entre 15 e 29 anos alcançava 23,9% dos espíritas e, em 2000 baixou para 21,8%. A faixa entre 30 e 39 anos baixou de 19,1% para 18%. Entre 10 a 14 anos era 7,8% e caiu para 5,4%.
Isso pode significar que os esforços de trabalho e de comunicação espírita não estejam conseguindo estimular os jovens.
Maior participação feminina com 58,9%
A maior participação das mulheres está nas faixas de idade de 30 a 39 com 11% contra 7% dos homens; de 40 a 49 com 10,9% contra 6,8% e dos 50 a 59 anos com 9,2% contra 5,5%.
Distribuição dos espíritas nos estados
Rio de Janeiro é o estado com maior participação de espíritas (4%), seguido pelo Distrito Federal (3,5%), São Paulo (3,3%) e Rio Grande do Sul (3,2%).
Os sete estados que haviam reduzido a participação de espíritas entre 1991 e 2000, voltaram a crescer, a princípio, de forma independente de ações estratégicas que o Movimento Espírita poderia ter empreendido.
Quatro estados apresentaram redução de espíritas entre 2000 e 2010: Goiás (-12,4%), Mato Grosso (-5,8%), Pará (-17,1%) e Amazonas (-7,7%).
A polêmica sobre o número dos espíritas no Brasil
Segundo o censo 2010, os espíritas representam 2% da população brasileira ou 3.848.876 pessoas. Contudo, a percepção geral sugere um número maior. Isso ocorre em razão das casas espíritas receberem habitualmente um contingente expressivo de pessoas não espíritas que buscam lenitivo para suas aflições.
Existem pelo menos 13.000 instituições espíritas no Brasil, segundo o cadastro da ADE-SP. Dividindo a quantidade de espíritas pela quantidade de instituições, temos a média de 296 espíritas por instituição, trabalhando ou frequentando. É uma boa média que parece representar a realidade.
Outro aspecto que nos faz pensar que somos mais espíritas no Brasil é o fato de muitas ideias que o espiritismo adota sejam aceitas pela maioria da população e bastante utilizadas por novelas, filmes e livros.
Os títulos de livros espíritas já superam 5 mil títulos. A Zíbia Gasparetto é o maior exemplo de penetração das ideias espíritas. Vendeu ao longo de sua carreira psicográfica cerca de 16 milhões de livros, com 40 títulos, superando 4 vezes mais leitores do que o número de Espíritas no censo 2010, conforme Revista Veja de 29 de fevereiro 2012.
As análises indicam que o trabalho do IBGE utiliza uma metodologia reconhecida para levantamentos estatísticos que são oficialmente aceitos pelas instituições e governo no Brasil.
Somos poucos em relação aos nossos desejos, mas podemos fazer a diferença no estudo, na pesquisa, na produção de novos conhecimentos úteis à sociedade e no exemplo de cidadania e de verdadeiras pessoas de bem.
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Os dados sobre religião do censo 2010 foram divulgados pelo IBGE no final de junho de 2012 (http://www.ibge.gov.br).
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Ismael Gobbo | SP | In: Correio Fraterno | Edição #446 | Jul/ago de 2012
13/08/2012
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