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Notícia

Entrevista com D. Cidália Xavier de Carvalho, irmã de Chico Xavier




No mês passado, completou-se 50 anos da mudança de Francisco Cândido Xavier da cidade de Pedro Leopoldo para Uberaba, ambas no grande e acolhedor Estado de Minas Gerais. A Folha Espírita foi a Pedro Leopoldo, cidade onde Chico Xavier nasceu, em 2 de abril de 1910, e na qual daria inicio à gloriosa caminhada que o converteria numa das maiores expressões do movimento espírita brasileiro e mundial. Uma das alegrias foi poder ver e ouvir D. Cidália Xavier de Carvalho,1 irmã de Chico, que, com muita emoção, lucidez e alegria incontida, relembrou os dias venturosos do  grande missionário na famosa cidade mineira. No jardim florido que Chico tanto gostava, ela se deixou fotografar ao lado da bela rosa que carinhosamente lhe ofertou.

 
FE – Primeiramente, agradecemos pela oportunidade de nos conceder esta entrevista.

Cidália Xavier Carvalho – Eu confiei muito no Sr.. Às vezes, as pessoas me acham estranha por não aparecer, ser meio retraída, não gostar de falar. Embora alguns possam pensar que não ligo para as coisas de Chico, na realidade acredito que tenha sido e sou uma das que mais se preocupam. Fui uma pessoa que estava doente e encontrei um Chico Xavier para me ajudar.
 
FE – Como é composta a sua família?

Cidália - Fui casada com Francisco Teixeira Carvalho, o “Chiquinho”, do qual sou viúva. Tivemos os filhos William, já desencarnado, e Mary Rose, que também é viúva e mora comigo. Do William tenho um neto,  que mora na Austrália.
 
FE – A senhora se emociona muito ao falar do esposo?

Cidália -  Chiquinho foi um marido maravilhoso. Era muito bom e inteligente. Engraçado que ele era católico, não perdia uma missa e acabou se tornando um bom espírita. O Chico gostava demais do meu marido. Eles trocavam muitas idéias. Quando Chico  era convidado para ir à casa de alguém, sempre levava o Chiquinho de companhia.
 
FE – E a  família Xavier?

Cidália - Papai, João Cândido Xavier, que se casou com Cidália, minha mãe, já tinha nove filhos do primeiro casamento, com D. Maria de São João de Deus, entre eles o Chico. Mamãe teve seis filhos: André, o mais velho, depois Lucília, Neuza, eu, Dóris (Doralice) e João, o caçula. Vivos somos eu e o André, que mora em São Paulo. Mamãe era um sonho. O Chico, que tinha apanhado muito depois da morte da sua mãe, encontrou nela o carinho que precisava. A história é bonita. Ficamos sabendo que logo depois do casamento com papai  mamãe colocou um banco e enfileirou todas as canequinhas para servir o café e o bolo para  cada um dos filhos que recebia com todo amor e carinho. Ela era muito calma, muito meiga. Papai já tinha um temperamento meio nervoso, principalmente em relação ao Chico, porque ele ficava até tarde nos trabalhos de psicografia e de atendimento. Era quando ele falava: “Esse povo não dá sossego pro Chico. Será que não vê que ele precisa dormir para acordar cedo e ir  trabalhar?”  
 
FE – João frequentava os trabalhos espíritas?

Cidália – Ele não freqüentava, mas o filhos todos iam ao centro espírita. José, que dos homens era o mais velho e muito alegre, foi o braço direito de Chico Xavier. Quando ele desencarnou, o Chico ficou numa tristeza enorme, porque sempre trabalharam juntos.
 
FE – Como era o Chico no dia a dia?

Cidália –  Ele era maravilhoso, brincalhão, trabalhador, lindo. Não era vaidoso, mas sempre gostava de andar bem arrumado. Tinha um paletó xadrez que amava! Nunca me esqueço de que à noite, quando a gente se preparava para dormir, ele marcava um horário para ser chamado de manhã, porque tinha de ir para o serviço. E assim a gente fazia. Se era para chamar às 7 horas, a gente o chamava pontualmente. Aí ele dava uma acordadinha e falava para nós: “Me dá mais cinco minutinhos?”. Passados os cinco minutos a gente o acordava de novo e aí não tinha jeito. “Já passaram-se cinco minutos, então vou levantar”, dizia.


 
FE – Chico assumiu muitos encargos com a morte de D. Cidália, sua mãe?


Cidália – O Chico foi, ao mesmo tempo, irmão, pai e mãe. Com a morte de mamãe (2) ele assumiu muitas responsabilidades e, embora moço, soube distribuir atenção e zelar por todos nós. Lembro-me de que eu trabalhava com minha irmã Neuza na fábrica até meia-noite e ele ficava nos esperando enquanto fazia as suas  psicografias. Quando a gente chegava, ele parava de psicografar e nos perguntava como tinha sido o dia de trabalho, se tudo tinha corrido bem, queria saber das novidades, das pessoas. Às vezes, a gente falava que fulano estava gostando de cicrana, que outro estava namorando beltrana. Ele ficava contente e dizia: “É verdade? Que coisa boa!” No meu caso, lembro-me de que ele dava os conselhos: “Olha, Dália, você precisa encontrar um moço bom, mais velho que você, que seja responsável e que lhe faça feliz”. Ao conhecer o Chiquinho, que era chefe na fábrica, fui falar com ele e disse: “Acho que estou gostando do Chiquinho, ele parece ser muito bom, mas estou achando-o meio idoso, mais velho que eu.” E  Chico respondeu: “Ah, esse vai ser muito bom para você!” E realmente foi.
 
FE – Do que o Chico mais gostava?

Cidália – As pessoas às vezes pensam que o Chico era tão diferente dos outros!… Ele era uma pessoa normal. Chico gostava de cinema, de televisão, de teatro e muito de música. Achava interessante o povo sair para as ruas cantando em serenatas.
 
FE – Na música,  o que ele apreciava?

Cidália – Ele gostava demais de musicas clássicas. O Geraldo Leão, nosso grande amigo aqui de Pedro Leopoldo, fez muitas fitas para ele. Uma do Waldo de Los Rios, o Chico gostou demais. Era muito linda,  ele tinha mesmo razão. Mas o Chico gostava dos cantores também. Amava ouvir Roberto Carlos, Vanusa e muitos outros. Quando Elis Regina morreu, ele ficou arrasado. Uma música que o marcou muito foi Hi-Lilli Hi-Lo. Eu tenho tantas coisas dele que em um dia, dois dias... não dão pra contar!...
 
FE – O Chico continua recebendo muitas homenagens!


Cidália – Fizeram um memorial na região do Açude através da Câmara e da Prefeitura, quando era prefeito o Sr. Ademir Gonçalves. Mas o povo quebrou tudo. Deus permita que as homenagens alegrem o Chico. Ele era uma pessoa muito simples e humilde. A gente precisa se fazer uma pergunta quando vai fazer alguma coisa para ele: será que o Chico ficará contente? Será que isso o deixa alegre? Temos de fazer as coisas pensando em dar alegrias para ele.
 
FE – Neste ano, em abril, teremos aqui, em Pedro Leopoldo, novo Encontro dos Amigos de Chico Xavier.

Cidália – Deus permita que isso aconteça. Temos o interesse do Geraldinho, que é uma pessoa muito especial. Ele é o nosso sucesso! Apesar de não ter tido muito contato com ele, digo que é uma pessoa maravilhosa! O Chico dedicava a ele a maior consideração. Se a minha saúde estiver boa, irei ao encontro para retribuir aos amigos as alegrias que proporcionam ao Chico.
 
FE – Uma mensagem para os espíritas.

Cidália – Quem sou eu para dar mensagem aos espíritas!… Diria apenas que fico muito feliz por amarem o Chico da forma como amam, dentro dos princípios da Doutrina Espírita.
 
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1 D. Cidália é a única dos irmãos de Chico Xavier encarnada. Reside em Pedro Leopoldo, MG.


Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Por Ismael Gobbo | SP | Publicada no jornal Folha Espírita | Fevereiro | 2009
08/10/2012
 


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