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Notícia

Considerações sobre Emmanuel no século XXI


Na primeira sequência de nosso artigo, publicada em edição anterior deste jornal, relacionamos uma série de depoimentos de confrades amigos de Chico Xavier acerca de seu próprio testemunho, além de entrevistas do próprio Chico, sobre a reencarnação de seu benfeitor espiritual Emmanuel na face da Terra no início deste século XXI. Por oportuno, aqui registramos ainda o testemunho de Sônia Barsante, residente em Uberaba (MG) e freqüentadora do Grupo Espírita da Prece de Chico Xavier, contando-nos que num determinado dia do ano 2000, estando ela e outros companheiros reunidos com Chico, este se tinha ausentado em transe mediúnico durante alguns instantes. Ao regressar, contou-lhes alegremente que tinha ido, em desdobramento espiritual, até uma cidade do interior do Estado de São Paulo visitar um bebê, que era o espírito de Emmanuel, já reencarnado. E rematou, dizendo a todos os que estavam presentes: "Vocês ainda vão reconhecê-lo!" Chico Xavier é, sem dúvida alguma, a mais abalizada opinião a respeito deste tema e por óbvias razões sua autoridade moral torna-a inquestionável. Mas então fica no ar a pergunta: por que alguns médiuns pelo Brasil andam recebendo comunicações espirituais assinadas por Emmanuel? Três hipóteses surgem para responder a esta palpitante questão e aqui vamos analisá-las à luz da razão: 1º) a possibilidade de ser o próprio espírito de Emmanuel quem as escreve; 2º) a possibilidade de estarmos diante de um caso de fascinação espiritual ou mistificação mediúnica; e a 3º) a possibilidade de se tratar de uma falange de espíritos admiradores da obra de Emmanuel e que escreveriam em nome dele. A primeira resposta certamente nos parece ser a de mais remota possibilidade. Partindo do fato, já sobejamente demonstrado, de que o espírito de Emmanuel é hoje um menino de aproximadamente 8 anos de idade, residindo numa cidade do interior do Brasil, uma pergunta percorre as nossas reflexões: pode um menino reencarnado no mundo terrestre, por mais evoluído que seja o seu espírito e a sua bagagem moral, continuar escrevendo mediunicamente, assumindo a sua identidade anterior como o espírito de Emmanuel? Ademais, resta-nos também perguntar: já não bastaram as sete décadas de serviço mediúnico incessante que o espírito de Emmanuel desenvolveu junto ao médium Chico Xavier, coordenando-lhe a preparação dos 440 livros psicografados e editados até hoje? Com que finalidade o espírito de Emmanuel, enfrentando uma nova reencarnação na Terra, certamente missionária, ainda na condição física de uma criança, se abalançaria a escrever por intermédio de outros médiuns? Qual a utilidade desse procedimento incompreensível? Será que não existiriam outros espíritos, tão elevados quanto ele, ou tão comprometidos com a causa do Cristianismo Redivivo quanto ele, que poderiam fazê-lo? Na obra de Allan Kardec encontramos a possibilidade da comunicação inter-vivos, onde um espírito encarnado no mundo, em determinadas condições especiais, em estado de sono de seu corpo físico, pode, de fato, desdobrar-se e escrever por intermédio de outra pessoa encarnada. Embora esta possibilidade seja factível, não nos é difícil compreender que se trata de uma exceção, cercada de dificuldades inúmeras que somente podem ser vencidas tendo-se em vista uma ocasião especialíssima ou um motivo urgente. Certamente não faz parte do rol da mediunidade corriqueira com a qual nos defrontamos em nossas casas espíritas. Afastada pela razão a primeira das três possíveis respostas à questão, passaremos à análise da segunda possibilidade, que, conforme os estudos do Codificador da Doutrina Espírita nos advertem, pode ser bem mais provável de acontecer. A comprovação da identidade espiritual é um dos principais problemas abordados por Allan Kardec, tanto na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita em O Livro dos Espíritos, quanto em diversos capítulos de O Livro dos Médiuns e da Revista Espírita. Do primeiro destacamos algumas frases do Codificador a respeito: “Na ausência dos fatos, a dúvida é a opinião do homem prudente.” “Obtido o fato, resta constatar um ponto essencial: o papel do médium nas respostas e a parte que nelas pode contar, mecânica e moralmente.” “Os fenômenos espíritas repousam na ação de inteligências que têm vontade própria e que nos provam a todo instante não se acharem subordinadas ao nosso capricho.” “Tal diversidade de linguagem não se pode explicar senão pela diversidade das inteligências que se manifestam.” “Os espíritos pertencem a diferentes classes, não são iguais nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade.” “Cabe ao nosso julgamento discernir as boas das más inspirações.” “Dissemos que os espíritos superiores só comparecem às reuniões sérias, sobretudo àquelas em que reina perfeita comunhão de pensamentos e de sentimentos para o bem. A leviandade e as questões ociosas os afastam.” “(...) os próprios espíritos nos ensinam que não são iguais em conhecimento, nem em qualidades morais, e que não se deve tomar ao pé da letra tudo quanto dizem. Cabe às pessoas sensatas separar o bom do mau.” “(...) achando certo prazer em lhe satisfazer a curiosidade, os maus espíritos disso se aproveitam para se insinuar entre elas, enquanto os bons se afastam.” “O ponto essencial, já o dissemos, é saber a quem nos dirigimos.” “Um fato demonstrado pela observação e confirmado pelos próprios espíritos é o de que os espíritos inferiores muitas vezes se apresentam com nomes conhecidos e respeitados.” “Quanto aos espíritos que se apropriam de nomes respeitáveis, logo se traem por sua linguagem e por suas máximas.” “(...) os espíritos inferiores (...) muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.” “O estudo da Doutrina Espírita pode ser realizado com proveito por homens sérios, perseverantes, isentos de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado; que imprimem a seus estudos a continuidade, a regularidade e o recolhimento necessários.” “O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá.” “(...) estes estudos requerem atenção demorada, observação profunda e, sobretudo, como o exigem todas as ciências humanas, continuidade e perseverança.” “Esta falta de unidade nas manifestações obtidas pelo médium prova a diversidade das fontes. Se, pois, não podemos encontrá-las todas no médium, é preciso que as procuremos fora dele.” “Ora, o primeiro indício da falta de bom senso é a crença de alguém na própria infalibilidade.” Continua o Codificador abordando o palpitante tema em grande parte da magnífica obra O Livro dos Médiuns, da qual destacaremos apenas alguns trechos a seguir, elencados por nosso amigo Flávio Mussa Tavares, filho do saudoso Clóvis Tavares: “Entre as Dissertações espíritas no último capítulo de O Livro dos Médiuns, temos alguns exemplos oferecidos pelo Codificador de comunicações consideradas por ele como apócrifas. 'Apócrifo é algo escrito sobre o qual não se tem certeza exata da autoria ou cuja autenticidade não pode ser comprovada ou universalmente aceita.'” “Há, muitas vezes, comunicações de tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes os mais respeitáveis, que o mais vulgar bom senso demonstra a sua falsidade. Mas há aquelas em que o erro é disfarçado pela mistura com princípios certos, iludindo e impedindo, às vezes, que se faça a distinção à primeira vista. Mas elas não resistem a um exame sério.” “Com efeito, a facilidade com quem certas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível sob a cobertura de um grande nome é o que encoraja os espíritos mistificadores. Devemos aplicar toda a nossa atenção em desfazer as tramas desses espíritos, mas só o podemos fazer com a ajuda da experiência, adquirida por meio de um estudo sério. Por isso repetimos sem cessar: estudai antes de praticar, pois é esse o único meio de não terdes de adquirir a experiência à vossa própria custa.” Na Revista Espírita (1859), analisando um caso de fascinação de um espírito mistificador sobre determinado médium, assim escreveu o Sr. Allan Kardec: “Daí concluo que sois joguete de um espírito mistificador, que abusa da vossa boa-fé. Exorto-vos seriamente a prestar muita atenção a isso, porque, se não vos acautelardes, podereis ser vítima de um golpe lamentável de sua parte.” “(...) seria realmente curioso ver as torpezas debitadas à conta desses nomes venerados. É preciso ser cego para se deixar enganar quanto à sua origem, quando, muitas vezes, uma única palavra equívoca, um só pensamento contraditório é suficiente para fazer descobrir o embuste a quem se der ao trabalho de refletir.”
O Professor Herculano Pires, estudando o tema, assim se expressa com propriedade: “Um pouco mais de estudo de O Livro dos Médiuns, como vemos, teria evitado que tantas mistificações evidentes, destinadas a ridicularizar o Espiritismo aos olhos das pessoas sensatas, tivessem sido e continuem a ser aceitas com a maior leviandade entre nós.” Meditando em torno dessas observações escritas pelo eminente Codificador da Doutrina Espírita e pelo lúcido Professor Herculano Pires, podemos sim considerar a real possibilidade de que as comunicações atribuídas ao espírito de Emmanuel, vindas por intermédio de alguns médiuns de Belo Horizonte e Niterói, não passam pelo crivo da razão, não atestando sua autenticidade pela indubitável certeza de que sejam do mesmo espírito que guiou por várias décadas as atividades mediúnicas do venerável médium Chico Xavier. Podemos sim considerá-las como sendo comunicações apócrifas, uma vez que, segundo Kardec: “Apócrifo é algo escrito sobre o qual não se tem certeza exata da autoria ou cuja autenticidade não pode ser comprovada ou universalmente aceita.” A grande maioria das pessoas que conviveu com Chico Xavier em Uberaba, São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis, Goiânia, Belo Horizonte, Pedro Leopoldo e cidades do Triângulo Mineiro aceitam perfeitamente a afirmativa do amado Chico sobre a volta à vida física do estimado benfeitor Emmanuel em princípios do século XXI. Também não reconhecem nas mensagens recentemente veiculadas na imprensa espírita e atribuídas ao espírito de Emmanuel a mesma linguagem inconfundível, a síntese perfeita no texto do venerável benfeitor. Estranha-se também o proselitismo de tais médiuns, propagando inverdades ao afirmarem que suas obras e mensagens receberam o aval de Chico Xavier. Ninguém em Pedro Leopoldo, Uberaba, ou São Paulo, dos círculos mais íntimos de amizade e família do amado Chico Xavier jamais presenciou tal coisa. Um deles chega a publicar em suas palestras pelo mundo que “a presença de Emmanuel em sua vida foi confirmada por Chico, que o orientou sobre sua conduta na relação com o emérito benfeitor". A falsidade desta afirmativa por si só acende um farol vermelho de alerta sobre os reais objetivos a que se propõe. Por que lançam mão de subterfúgios em falsas alegações? A quem pretendem convencer? Enganan-se a si mesmos! Esse tipo de atitude apenas reforça para nós a real possibilidade da segunda resposta à questão proposta - a de estarmos diante de um caso de fascinação espiritual e mistificação mediúnica. Penso que haverá falanges inúmeras de espíritos sábios e amorosos que estimariam desenvolver na Terra uma tarefa de consolação e esclarecimento. Certamente estarão à procura de médiuns que se lhes sintonizem com humildade e senso de responsabilidade ao dever de servir. A conjugação mediúnica é tarefa de décadas de preparo e associação mútua, para a qual certamente concorre a necessária afinidade na sintonia dos seus propósitos elevados. A sintonia mediúnica não se improvisa. Neste particular será preferível prestar mais atenção aos espíritos que evitam assinar nomes já consagrados ou venerados. Certamente teremos muito maior proveito em estudar mensagens de entidades espirituais que simplesmente assinam “Um amigo espiritual”, “Um condoreiro”, “Irmã Joaquina”. Que cada candidato à mediunidade com Jesus e Kardec se digne a colaborar nas tarefas do Consolador com humildade e perseverança, realizando a própria trajetória de serviços com dedicação e sacrifícios. Neste particular é, no mínimo, estranho médiuns que se escoram no trabalho alheio para se projetar no movimento espírita. A obra de Chico Xavier | Emmanuel é uma obra inviolável, que não pode e nem deve ser conspurcada por interesses menores. O movimento espírita brasileiro deveria, antes de mais nada, defendê-la em sua integridade e originalidade! A análise da terceira possibilidade à questão proposta será apresentada numa terceira etapa deste artigo. Até lá!
Geraldo Lemos Neto | Sal da Terra | Sociedade Espírita Bezerra de Menezes | Lagoa Santa, MG | Junho-Julho 2008 | p. 4-6.
16/06/2008
 


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