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SEGUNDA MENSAGEM DE CLÓVIS TAVARES
RECEBIDA POR Francisco Cândido Xavier, em 9 de
agosto de 1986, no Grupo Espírita da Prece, Uberaba/MG.
Nosso abnegado confrade Clóvis Tavares, professor de História e de
Direito Internacional Público, deixou o mundo físico aos 69 anos, na Santa
Casa de Misericórdia de Campos, RJ, a 13 de abril de 1984.
Precocemente revelou ardorosa dedicação ao ideal da educação e ao
ideal espírita, pois com apenas 20 anos de idade, em 1935, fundou a Escola
Jesus Cristo, de Campos, da qual foi seu diretor doutrinário desde a
fundação. Foi ele um dos primeiros no Brasil a implantar a evangelização
infantil e de adultos. No jornalismo, sempre colaborou com vários órgãos
doutrinários e na literatura deixou-nos obras de grande valor, tais como Vida
de Allan Kardec para as crianças, Amor e sabedoria de Emmanuel, Trinta anos
com Chico Xavier e traduções valiosas da obra do Professor Ubaldi.
Sete meses após sua desencarnação (13/04/1984), em 29 de novembro de
1984, Clóvis Tavares voltou a dialogar com seus entes queridos que deixou na
Terra, pela mediunidade de Chico Xavier, em bela e esclarecedora mensagem,
que fundamentou o Capítulo 12 da obra Caravana de amor. (F. C. Xavier,
Espíritos diversos, H. M. C. Arantes, IDE.) E, recentemente, em reunião
pública do GEP, em Uberaba, na noite de 9 de agosto de 1986, o referido
médium psicografou nova mensagem do Professor Clóvis, endereçada aos seus
familiares e companheiros da Escola Jesus Cristo, com oportunos e preciosos
comentários, úteis para todos que labutam na seara espírita, conforme veremos
a seguir e na qual destacamos a missão de sua família, particularmente de
Hilda, na educação:
“Querida Hilda,
Peço a Jesus nos abençoe junto aos amigos que nos acolhem com a
amizade de sempre, reunindo você e as nossas companheiras de viagem, nossa
Ruth e nossa Gilda, em minhas vibrações de paz e reconhecimento.
Agradeço todas as suas reflexões do silêncio em torno do seu Clóvis e
sou profundamente grato ao seu culto de amor inextinguível.
Nossos filhos estão aí, confirmando a felicidade que nos uniu, e hoje,
véspera do Dia dos Pais, presto homenagem a você, mãezinha devotada e
valorosa de todos eles, que permanecem por dentro de minha ternura e
gratidão.
Você vem agindo nas tarefas de nossa Escola e a sua sede de maior
extensão de temas evangélicos em nossa casa de trabalho é igualmente minha.
Felicito-me vendo todos os amigos, a partir de nosso Rubens, consagrados à
revivescência da Boa Nova em nossa instituição e particularmente rejubilo-me
com as suas atividades conjugadas às de nosso Celsinho para que as lições de
Jesus e do Cristianismo apostólico sejam reavivadas em nossa Escola de paz e
amor.
Quanto mais se desdobra o tempo mais intensamente reconheço o imperativo
dos ensinamentos de Jesus não só na nossa querida Escola, mas em todos os
lugares atingidos pelo clarão imortal de nossos princípios renovadores.
Não desprezo a ciência, porque isso seria contrassenso em minhas
atitudes, mas encareço a necessidade de harmonização da criatura humana com a
elevação, a responsabilidade e a fé no amparo divino, que o homem não pode
menosprezar sem graves consequências, sobretudo nos
setores da educação.
Sensibiliza-me o esforço dos grandes membros e amigos da humanidade,
convidando os nossos irmãos para a convivência com o divino Mestre, sem que
eles, os nossos irmãos, de modo geral, se abalancem a fixar a atenção na
bússola do sentimento religioso, o único suscetível
de conciliar-nos com as leis do Universo e da vida.
A robotização dos processos educativos, induzindo as crianças, tanto
quanto jovens e adultos, à ausência do trabalho nas leiras do amor ao próximo,
é capaz de acentuar a influência do materialismo negativista e destruidor em
nossas fileiras, exterminando preciosas promessas de ação para o levantamento
do mundo melhor.
Rogo ao Rubens e à nossa Ruth Maria, nossos devotados companheiros,
incentivarem as palestras evangélicas em que os corações se preparem para a
era nova sem a hipertrofia da inteligência, ruinoso
método de acender a fatuidade e o separatismo entre aqueles que foram
convidados a honorificar o Senhor com as suas palavras e com suas próprias
vidas.
Teorizações estéreis não faltaram no tempo do Cristo entre os homens.
Gregos e romanos se conjugavam em experiências e afirmativas que a Idade
Média sepultou em montes de cinza. E desses montes de cinza emergiram, sempre
mais claras e mais construtivas, as instruções do inesquecível Nazareno,
começando na Renascença, em alvoradas de esperança e grandeza, e culminando
até o nosso século de conflitos que, sem qualquer ofensa ao progresso,
ser-nos-á possível considerar por desumanos.
Todos os movimentos que tendem a enquadrar os esclarecimentos
espírita-cristãos e as atividades mediúnicas em investigações descabidas,
embora a riqueza palavrosa com que se manifestam, apenas significam
esquecimento das aquisições espirituais do mundo
cristão, que continua rogando trabalho, solidariedade, apaziguamento e
confiança em Deus e em Suas leis.
Se dispomos de caminho laboriosamente construído pelos cristãos de
todas as épocas ¾
caminho para o nosso encontro com o divino Emissário do “amai-vos uns aos
outros” ¾ por que havemos de gastar
tempo e serviço nos empreendimentos marginais que pretendem edificar avenidas
de luxo no conhecimento humano? Com o fim, embora, de alcançar a estrada
certa para as convicções consoladoras, enriquecendo a doutrina de luz, complicam
as sendas de evolução para milhares de pessoas que se apoiam na oração e na
fé para se realizarem no melhor que são capazes de fazer.
Por que uma preleção sobre as galáxias para grande número de nossas
irmãs que lutam nobremente pela sustentação da vida familiar, quando no
momento o que solicitam é esperança e reconforto para se manterem fiéis aos
compromissos assumidos?
Por que favorecer evidente elitismo entre os nossos companheiros,
quando todos eles sentem fome de apoio na fraternidade real para se sentirem
úteis?
Nunca nos foi possível a discriminação entre ricos e menos ricos, ou
entre pessoas virtuosas e aquelas julgadas distantes das qualidades
espirituais que embelezam as almas. Quando me refiro aos “menos ricos” é porque
não compreendo possa existir pobreza ou penúria diante do Cristo de Deus. Os
chamados pobres serão realmente pobres ou somos nós os mais ricos de
conhecimento que lhes sonegamos a herança de socorro e amor que lhes compete
no inventário dos bens que Jesus nos legou?
Essas indagações me afloram ao pensamento, examinando as suas
aspirações e as do Celsinho, no sentido de se intensificar a
evangelização autêntica em nossa instituição de luz e vida. Com esses enunciados,
desejo a você e aos nossos filhos dedicados à obra do Senhor o êxito
desejável nessa recomposição de valores adentro de nossa casa, que pertence à
escola de Jesus Cristo, com Jesus Cristo na cátedra dos corações.
Continuo trabalhando e agradeço ao Senhor a bênção de prosseguir na
vida espiritual num vasto esquema de ação que não me concede tempo a
divagações.
Aos nossos filhos, o abraço do Carlinhos e o meu próprio, com os
nossos votos de paz e alegria, em auxílio a todos.
A nossa querida mãezinha Dona Maria chegou até nós escoltada pela
legião de afetos que ela soube cultivar e prossegue no tratamento que lhe
agracie com a recuperação completa.
A você e aos nossos filhos reitero as minhas saudades, mas sem que
essas saudades signifiquem lamentação ou inércia, porque, na essência, são
desafios a trabalharmos mais com o melhor de nossas limitações e
possibilidades pela vitória do bem e da luz em todos os corações.
Saudando as nossas irmãs Ruth e Gilda, com os nossos melhores votos de
paz, rogo a você receber a confiança no imenso amor do seu, sempre seu
companheiro e servidor muito grato de todos os dias,
Sempre seu
Clóvis"
Notas e Identificações
1- Hilda - Profa. Hilda Mussa Tavares, esposa, cooperadora na Escola Jesus
Cristo (EJC), residente em Campos, RJ. Seu valioso depoimento sobre a
mediunidade de Chico Xavier integra o livro Luz bendita. F. C. Xavier,
Emmanuel, Testemunhos diversos, Rubens S. Germinhasi, Ideal, Sao Paulo, SP,
p. 65-72.
2- Ruth e Gilda - Sras. Ruth Monteiro e Gilda Duncan Tavares, cooperadoras da EJC,
presentes à reunião pública de Uberaba.
3- Nossa Escola - Escola Jesus Cristo (instituição espírita de cultura e caridade),
fundada por Clóvis Tavares sob inspiração espiritual de Nina Arueira, em
27/10/1935, com sede própria à Rua dos Goitacases, 177, em Campos, RJ. Mantém
vários departamentos e serviços.
4- Rubens - Dr. Rubens Fernandes Carneiro, advogado, atual diretor doutrinário da
EJC.
5- Celsinho - Celsinho Vicente, filho, professor de História,
cooperador da EJC.
6- Carlinhos - Carlos Vitor Mussa Tavares, primogênito do casal. Desencarnou a 10/02/1973,
após 17 anos de abnegado sofrimento. Pela psicografia de Chico Xavier já
enviou seis poesias de notável beleza e espiritualidade, sendo a primeira
divulgada nos livros Entre duas vidas (F. C. Xavier, Elias Barbosa,
Espíritos Diversos, CEC, Uberaba) e Tempo e amor (F. C. Xavier, Clóvis
Tavares, Espíritos Diversos, IDE, Araras, SP).
7- Mãezinha Dona Maria - D. Maria Mussa, sogra, desencarnada a 14/07/1986.
8- Clóvis - Sebastião Clóvis Tavares nasceu em São
Sebastião, distrito de Campos, RJ, a 20/01/1915. Desde tenra idade
demonstrava pendores acentuados de profunda religiosidade.
Pelos inexplicáveis caminhos de Deus, teve como
preceptor das primeiras lições do Cristianismo puro o Padre Émile Des Touches,
que lhe transmitiu também os primeiros rudimentos de língua francesa, bem
como um grande amor à sua França. Émile Des Touches descendia de família de nobres
e renunciou a títulos e bens para dedicar-se a trabalho missionário em terras
brasileiras. O seu carinho pelo então menino Clóvis o fazia tratá-lo na
intimidade dos estudos de “mon petit enfant” e dessa maneira se identifica
através de Chico em sua primeira comunicação para o nosso amigo. Cresceu Clóvis sob a austeridade da disciplina
paterna, enriquecendo o seu saber de forma integral. Aos 17 anos, acadêmico da Faculdade Nacional de
Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, depara-se com o Parnaso
de além-túmulo, conhecida obra mediúnica psicografada por Francisco
Cândido Xavier. Mesmo sem ter ainda lido o recém editado volume, nunca mais
pôde se esquecer daquele nome que, segundo ele declarava muitas vezes, passou
a exercer sobre si um singular fascínio. Dentro dele manifestava-se um
impulso incontido de conhecer o jovem médium de Pedro Leopoldo. Com 20 anos de idade, depois de vivenciar
experiências no campo político, como estudante de Direito, experiências essas
mais ligadas ao idealismo e entusiasmo jovem que clamava pela justiça social,
ao lado de sua noiva Nina Arueira, vê-se, a 18 de março de 1935, diante de um
fato que veio mudar totalmente o roteiro de sua vida: a morte inesperada de
sua amada Nina Arueira. Nina, espírito de escol, jovem inteligente e
brilhante, dotada de grandes virtudes morais, intelectuais e espirituais, foi
a estrela- guia indicadora do caminho que levaria nosso Clóvis ao encontro do
Mestre, que seria, mais tarde, o grande amor de sua vida: Jesus Cristo. Em outubro de 1935, funda a Escola Infantil Jesus
Cristo, comprovando o seu ideal de conduzir a criança pelos caminhos reais da
espiritualidade, assim como, por bondade divina, tivera a felicidade de ele
mesmo ter recebido, em sua primeira infância, esses ensinamentos. O seu primeiro contato com Chico Xavier se deu em
1936 e através dessa amizade, que já nasceu grande, sustentou-se em Clóvis a
louvável iniciativa da transformação da Escola Infantil Jesus Cristo em
Escola Jesus Cristo, Instituição Espírita de Cultura e Caridade. Temos a
certeza de que essa estima a Chico Xavier, depois do grande amor que dedicava
a Jesus Cristo, era uma das coisas mais importantes de sua vida. Orador de singulares valores, tornou-se Clóvis
conhecido em todo o meio espírita do país, tendo levado sua palavra
inspirada, simples e convicta a muitas cidades e Estados de nossa pátria,
embora a sua preferência de recolher-se ao anonimato, trabalhando com afinco
na seara que o Mestre lhe destinou: a Escola Jesus Cristo. Deixou-nos, além de muitos artigos escritos na
imprensa local e espírita do país, e de pregações evangélicas gravadas,
algumas outras dignas de registro: A vida de João Batista, 3 vol.,
FEB, Rio, 1942; Os dez mandamentos (a Lei de Deus explicada às
crianças), Lake, São Paulo, 1950; Vida de Pietro Ubaldi, Lake, 1952; Histórias
que Jesus contou, Lake, 1955; Meu livrinho de orações (preces para
crianças), Lake, 1956; Vida de Allan Kardec para as crianças, Lake,
1957; Trinta anos com Chico Xavier, IDE, Araras, SP, 1980; Amor e sabedoria
de Emmanuel, IDE, 1981; Tempo e amor, coautoria com Francisco C.
Xavier e Espíritos Diversos, IDE, 1984; De Jesus para os que sofrem,
IDE, 1984. Concluiu ainda em sua profícua
existência mais duas obras de altíssimo teor doutrinário e espiritual: Mediunidade
dos santos e Apostilas de didática do Evangelho, que, se Deus
quiser, serão publicados em breve. No ano de 1984, Clóvis estava ainda em plena atividade na Escola Jesus
Cristo, onde sempre foi o diretor doutrinário, quando, no dia 13 de abril,
segundo deixa entrever em sua primeira mensagem por Chico Xavier, em novembro
do mesmo ano, foi convocado pelo plano espiritual superior a assumir a Escola
Jesus Cristo do mundo maior, situada na cidade Nosso Lar, no Ministério do
Auxílio, fundada, mais ou menos, dez dias antes da fundação da Escola Jesus
Cristo de nossa Campos. Ter-se-ia muito mais para dizer de nosso querido amigo e benfeitor Clóvis
Tavares, sem querer ferir o seu espírito humilde e fiel aos princípios
cristãos do “silêncio e trabalho”. Fica, no entanto, registrado aqui o
principal: Clóvis Tavares foi um apóstolo do “trabalho sem férias” da seara
cristã e espírita, consciente de que a sua dedicação deveria se dar em tempo
integral.” (Profa. Hilda Mussa Tavares)
9- DEPOIMENTO DA FAMÍLIA - Esta segunda carta mediúnica foi divulgada pelos familiares do Prof.
Clóvis em impresso bem confeccionado, que apresentou na última página o
seguinte depoimento, sob o título “Algumas considerações”:
“Esta segunda mensagem de nosso querido Clóvis
despertou em nós, seus familiares, a necessidade imperiosa de tecer alguns
comentários sobre o seu tema central que, como a primeira, comprova a
preocupação maior de sua vida terrena ¾ o estudo da palavra do Cristo e a prática cada vez mais crescente do
“amai-vos uns aos outros”.
Em ambas as mensagens recebidas pelo médium
Francisco Cândido Xavier, constata-se a autenticidade dessa sua mais forte
linha de pensamento pela explicitação clara de suas ideias sobre “teorizações
estéreis”, “hipertrofia da inteligência”, “edificações de avenidas de luxo no
conhecimento humano”, sempre comentadas em suas aulas e pregações na Escola
Jesus Cristo.
A simplicidade do Evangelho sempre o encantou e,
sábio e culto como era, reconhecido em nossa comunidade como uma das pessoas
mais letradas e professores mais respeitados, nunca aceitou para si títulos
de inteligência ou destaque que o afastassem de sua opção definitiva de vida:
ensinar e estudar, estudar e trabalhar, educar e estudar, estudar e servir,
sempre comunicando os ensinos do Cristo da forma mais singela,como o próprio
Cristo fez, a fim de que aquelas pessoas mais humildes pudessem lhe apreender
a essência do pensamento.
Ressalta-se aqui a surpresa de que fomos
apanhados quando da abordagem nesta carta da “robotização dos processos
educativos”, por ter sido tema de conversas na intimidade da família e de
questionamento em estudo feito em sala de aula da própria Escola Jesus
Cristo, nos dias que precederam à recepção da mensagem por Chico, sem que
este tivesse conhecimento de tal fato.
Avaliar o quanto a Escola Jesus Cristo recuperou
de estímulo e de confiança com esta mensagem é impossível, mas é
incontestável que a partir dela foi-nos permitido, por acréscimo da Misericórdia
Divina, redescobrir novos valores para o nosso trabalho com Jesus.
O que dizer da mediunidade de Chico, a não ser o
que o próprio Clóvis já dissera em sua passagem por este mundo ¾ em livro de sua autoria ¾: “... faz revelações sobre o mundo maior, afirma e reafirma
evidências extraordinárias, consoladoras, insofismáveis, a atravessar quase
todo este século vinte, de ponta a ponta?”
Para ele, nosso querido Chico, o único presidente
honorário de nossa Escola Jesus Cristo, pela amizade estreita que sempre o
uniu ao nosso Clóvis e aos nossos pobres corações, por todas as luzes que
humildemente acende nos caminhos deste mundo, com heroísmo apostólico,
rogamos as bênçãos do Céu, agora e para sempre, na Terra e na Eternidade.
A família Clóvis Tavares"
Livro “Vozes da outra margem” - Psicografia de Francisco
C. Xavier - Espíritos Diversos
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