Allan Kardec em “A Gênese” discorre sobre a teoria da presciência, e da
capacidade do homem de prever o futuro, comparando, de acordo com a evolução
alcançada pelo ser, a uma pessoa que está no alto de uma montanha, da qual
consegue enxergar todo o percurso da parte de baixo: buracos, armadilhas,
emboscadas, compreendendo o caminho mais fácil a seguir, tendo, assim, uma
visão diferente dos outros que estão “abaixo”. Dessa forma, Kardec nos mostra
que ainda somos o homem de baixo, perdido nas trilhas e lutas da caminhada evolutiva,
e do alto temos a ajuda dos que conseguem prever as percalços nos dando um
atalho, auxiliando-nos de maneira menos dolorosa para alcançarmos a meta de
todo ser espiritual, criado simples e ignorante, mas com a capacidade de se
fazer luz.
A visão que possuem privilegiada é fruto de sua evolução espiritual.
Portanto, podem prever o futuro, e nos alertar quanto ao mesmo, sem nunca
interferir no nosso livre arbítrio. O próprio Allan Kardec era e é um homem da
montanha, um ser do futuro que habitou a Terra e nos deixou ensinamentos para o
futuro, pois ainda não conseguimos compreender tudo que nos legou. Ele
profetizou, com a ajuda do Espírito de Verdade, o roteiro de sua missão, e assim
foi claro ao falar de sua reencarnação, como podemos ver em “Obras Póstumas”:
Meu retorno
10
DE JUNHO DE 1860
(Em
minha casa, médium, Sra. Schmidt)
Perg. (À Verdade). Acabo de receber uma carta de Marselha, na qual se me diz
que, num seminário dessa cidade, se ocupou seriamente do estudo do Espiritismo
e de O Livro dos Espíritos. O que é preciso disso augurar? É que o
clero tomou a coisa com interesse?
Resp. – Não podes disso duvidar: ele toma as coisas muito a sério, porque
nelas prevê as consequências para ele, e as suas apreensões são grandes. O
clero, sobretudo a parte esclarecida do clero, estuda o Espiritismo mais do que
não o crês: mas não pensa que seja por simpatia; ao contrário, nisso procura os
meios para combatê-lo, e assegura-te que lhe fará uma rude guerra. Não te
inquietes com isso; continue a agir com prudência e circunspecção; tenha-te em
guarda contra as armadilhas que te serão estendidas; evita cuidadosamente, em
tuas palavras e em teus escritos, tudo o que poderia fornecer armas contra ti.
Prossegui o caminho sem medo, e
se ele está semeado de espinhos, asseguro-te que terás grandes satisfações
antes de retornares "por um pouco" entre nós.
Perg. – Que entendeis por essas palavras "por um pouco"?
Resp. – Não ficarás muito tempo entre nós; é necessário que retornes
para terminar a tua missão, que não pode ser rematada nesta existência. Se isso
fosse possível, não te irias daí de modo algum, mas é preciso suportar a lei da
Natureza. Estarás ausente durante alguns anos e, quando voltares, isso será em
condições que te permitirão trabalhar cedo. No entanto, há trabalhos que é útil
que termines antes de partir; é porque te deixaremos o tempo necessário para
acabá-los.
Nota. – Supondo aproximadamente a duração dos trabalhos que me restam a fazer,
e tendo em conta o tempo de minha ausência e os anos da infância e da
juventude, até a idade que um homem pode desempenhar um papel no mundo, isso
nos leva, forçosamente, ao fim deste século ou ao começo do outro.
A promessa de Allan Kardec / Espírito de Verdade foi cumprida, pois no
dia 2 de abril, de 1910 nascia, na pequena Pedro Leopoldo, Francisco de Paula
Cândido Xavier, Chico Xavier. Não só deu prosseguimento às obras básicas da
Doutrina Espírita, em parceria com Emmanuel, considerado o quinto evangelista,
mas também com André Luiz, grande revelador das verdades eternas na vida mais
além, e Humberto de Campos, Maria Dolores, Scheilla, Meimei, Bezerra de
Menezes, dentre outros que também fazem parte da falange do Espírito de
Verdade, que a Terra já conheceu. Totalizando, assim, até então, 467 obras,
além das milhares de cartas consoladoras. Mais que a obra literária, o “Meu
retorno”, referido em “Obras Póstumas” por Kardec, foi consumado, acima de
tudo, na vivência cristã da figura de Chico Xavier, que hoje é considerado por
todo Brasil o maior brasileiro de todos os tempos! Assim se firmou a promessa e
a semente do Espiritismo consolador foi lançada na restauração do Evangelho do
reino na figura de Allan Kardec / Chico Xavier.
Portanto, o próprio codificador retornou há exatos 103 anos para
testificar a segunda palavra do alfabeto divino, a reencarnação, e cumprindo a
própria previsão. Agora, se houve um grande equívoco do Espírito de Verdade e de toda a falange que trabalha em nome
de Jesus - em escrever e publicar tamanho absurdo contido em “Obras Póstumas,
“Meu retorno”, e Kardec não ter voltado - o nosso Chico será venerado pelo codificador
para sempre, pois o absorveu dessa missão. O que sabemos, pela própria Doutrina,
é que não existe transferência de carma. Allan Kardec deveria voltar à roupagem
física e continuar sua obra literária, assim como a vivência do Espiritismo cristão.
Que possamos perceber a importância desse trio em nossas vidas: Jesus, Kardec e
Chico. Em especial, agradecendo de todo coração ao último, pois tem sido o
homem da montanha que nos mostra o caminho mais curto para alcançarmos o reino
dos Céus.