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Notícia

Escola Jesus Cristo de Campos, em seu estudo do Evangelho da próxima quarta-feira, relembra Célia Lucius


ESCOLA JESUS CRISTO - ESTUDO DO EVANGELHO ÀS QUARTAS


Tema: O Evangelho de Jesus Cristo na vida de Célia Lucius


19/06/2013


   

1 – PROMESSA DE BÊNÇÃOS

“... meu irmão e meu amigo, abre estas páginas refletindo no turbilhão de lágrimas que se represa no coração humano e pensa no quinhão de experiências amargas que os dias transitórios da vida te trouxerem. É possível que também tenhas amado e sofrido muito. Algumas vezes, experimentaste o sopro frio da adversidade enregelando o teu coração. De outras, feriram-te a alma bem intencionada e sensível a calúnia ou o desengano. Em certas circunstâncias, olhaste também o céu e perguntaste, em silêncio, onde se encontrariam a verdade e a justiça, invocando a misericórdia de Deus, em preces dolorosas. Conhecendo, porém, que todas as dores têm uma finalidade gloriosa na redenção do teu espírito, lê esta história real e medita. Os exemplos de uma alma santificada no sofrimento e na humildade ensinar-te-ão a amar o trabalho e as penas de cada dia; observando-lhe os martírios morais e sentindo, de perto, a sua profunda fé, experimentarás um consolo brando, renovando as tuas esperanças em Jesus Cristo. Busca entender a essência deste repositório de verdades confortadoras e, do plano espiritual, o espírito purificado de nossa heroína derramará em teu coração o bálsamo consolador das esperanças sublimes.

 

2 – PRIMEIRAS INFORMAÇÕES SOBRE A FAMILIA ROMANA E A CRENÇA CRISTÃ

No ano 131, uma liteira conduzida por escravos atléticos cortava a Praça de ESMIRNA, conduzindo o nobre tribuno CAIO FABRICIUS. Ao lado da liteira caminhava um homem de cerca de 45 anos, com perfil israelita, um orgulho silencioso, mas a atitude humilde denunciava ser um escravo. A liteira parou em frente a um soberbo edifício, donde saiu um patrício de seus 40 anos - HELVÍDIO LUCIUS - que saudou o visitante eufórico. HELVÍDIO externou sua alegria sobre a visita e perguntou a CAIO sobre a revolução da Judeia, sobre a qual este fora vistoriar os estragos. CAIO resumiu os resultados ressaltando que morreram mais de 180.000 judeus, e imperava a fome e a peste oriunda dos cadáveres insepultos.  Helvídio fala a Caio, que, além disso, estranhas crenças contrárias às tradições romanas estão invadindo os lares, inclusive o dele. Tratava-se do Cristianismo, que é objeto de simpatia de sua filha mais nova - Célia. Por causa disso, Helvídio tencionava deixar Célia em companhia do avô dela - CNEIO LUCIUS, pai de Helvídio. Comentaram então que Cláudia Sabina, esposa do prefeito LÓLIO ÚRBICO, que no passado foi plebeia, e apesar de bonita era espezinhada pela sociedade. Passando para o átrio, Caio apresentou o escravo Nestório, que havia comprado numa feira de Terebinto, para presentear o amigo Helvídio. Respondendo a Helvídio, Nestório resumiu sua vida e como se tornou escravo. Judeu, nascido na Grécia, após perder a esposa foi escravizado pelos romanos juntamente com o filho. Seu amo CALIUS FLAVIUS tratava-o como amigo e Nestório o acompanhou até à morte. Helvídio se surpreendeu: “É a primeira vez que ouvia um escravo falar bem do senhor”. Caio disse que o mais assombroso era que Nestório conhecia a história romana tão bem quanto eles. Convidado pelos dois patrícios, o escravo dissertou sobre Roma desde o nascimento da cidade até àqueles dias. Impressionado, Helvídio convidou o escravo para ser orientador das duas filhas sobre os costumes romanos. A esposa de Helvídio,  Alba Lucínia e suas duas filhas, Helvídia e Célia, foram apresentadas ao escravo que acabara de ganhar de Caio. Alba Lucínia conversou com o marido e em vista de sua aprovação anunciou que iria libertar o escravo. Declarando-o livre, “Nestório ajoelhou-se ante os seus benfeitores e osculou humildemente os pés de Alba Lucínia”.

 

3 – PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DE DIFICULDADES PARA CÉLIA

LÓLIO ÚRBICO, o prefeito, era protegido do imperador, que lhe fez valiosas doações de imóveis, deu-lhe títulos de nobreza e recomendou que se casasse com CLÁUDIA SABINA, plebeia de talento e beleza invulgar. Casada com um nobre, CLÁUDIA representava nas festas frívolas a decadência da sociedade romana, que abandonava os bons costumes familiares. Cláudia chama HATÉRIA, fiel empregada, e pede-lhe que se ofereça para trabalhar na casa de HELVÍDIO LÚCIUS, para observar tudo o que acontece e lhe contar. HATÉRIA, fingindo humildade, necessidade e submissão, conseguiu o emprego. Numa festa em recepção a Helvídio e Caio, compareceu o pai de Helvídio - CNEIO LUCIUS, respeitado por todos, pelo seu comportamento reto e suas obras em prol dos pobres e dos escravos. Ele notou que o prefeito LÓLIO olhava com insistência para sua nora ALBA LUCÍNIA, enquanto CLÁUDIA concentrava a sua atenção em Helvídio. Helvídio confiou ao pai suas preocupações com Célia sobre as “suas perigosas superstições sobre a nova crença - o Cristianismo”. Cneio Lucius prometeu ajudá-lo e conversar com Célia. Na semana seguinte Célia foi passar alguns dias no palacete do avô, às margens do TIBRE. No dia seguinte, Cneio Lucius levou a neta para oferecer sacrifícios aos deuses escravos e visitar os edifícios religiosos. Célia o acompanhou com respeito, mas não demonstrou devoção aos ritos, o que foi percebido pelo avô, o qual questionou a neta sobre sua atitude. Célia, que amava a verdade, confessou ser cristã. Explicou que Jesus não contrariava as nações religiosas e as bases sobre o Estado e a família romana. Afirmou com firmeza e doçura, que “Jesus é o cordeiro de Deus, a única esperança dos seres desamparados e tristes, que hão de receber as bem-aventuranças, entre as bênçãos da simplicidade e da paz, na piedade e na prática do bem”. Célia contou ao avô que quando estava se afogando num lago foi salva por um escravo, CIRO, que foi declarado livre por Helvídio em sinal de gratidão e  confessou que após longos diálogos com Ciro teve a certeza de que ele era a “alma gêmea do seu destino, reservada por Deus...” e esse sentimento era correspondido pelo rapaz. Nos seus idílios, falavam de Jesus e de suas glórias divinas. Quando Helvídio soube, através da maledicência de Pausanias (chefe de serviço da casa), mandou atar Ciro no tronco e açoitá-lo vários dias. Conseguindo visitar Ciro na prisão, este procurava sorrir e confortá-la, explicando que “se sofremos agora deve haver uma causa justa, oriunda de tenebroso passado, em sucessivas existências”. Célia, continuando a narrativa, explicou que pedira a intercessão da mãe. Esta comoveu-se e convenceu Helvídio a libertar Ciro, com a condição de ir para as galeras romanas, sem ao menos despedir-se de Célia. Ao terminar, o avô deu razão à Célia e observou que Ciro “possui um coração generoso e diferente do que se poderia presumir do peito de um escravo...” Diante da afirmação de Célia, de que não aguardava flores na vida, mas invernos de provas ríspidas, Cneio Lucius lhe perguntou se não esperava a felicidade neste mundo. Célia respondeu: “A felicidade não pode estar onde a colocamos com a nossa cegueira terrestre, mas no compreendermos a vontade divina, que saberá localizar a ventura para nós, como e quando oportuna”. Após o diálogo, Cneio Lucius ficara a cismar porque desejoso de propiciar uma lição à sua neta, fora seu espírito que se abalara ante as novas concepções que provinham dos lábios puros de um anjo. Percebeu que não mais acreditava em Júpiter como antes e, no íntimo, “escutava o rumor dos passos divinos de Jesus”.

 

4- Uma reflexão sobre os aspectos da conduta cristã e da família romana, bem como sobre o testemunho de vida de Célia Lucius, personagem central da obra:

 - a família romana: movimentando-se contrária à nova fé e sacrificando nos circos do martírio milhares de cristãos. As perseguições do império romano aos cristãos durante o segundo e terceiro séculos eram cruéis. Mesmo quando havia paz a perseguição podia recomeçar a qualquer momento, cada vez mais violenta. O governo imperial se incomodava com o crescimento e com os “mistérios” que envolviam os cristãos, que se negavam a participar das cerimônias religiosas regulares realizadas pelos romanos, bem como aceitar que o imperador fosse adorado como um deus. Esse foi o principal motivo das perseguições. Mas também existiam outros motivos, como por exemplo:

- religiosos - as reuniões dos cristãos despertavam suspeitas, por isso eles foram acusados de praticar atos imorais e criminosos durante a celebração da ceia do Senhor. Eles se reuniam antes do nascer do sol, ou então à noite, quase sempre em cavernas ou nas catacumbas subterrâneas. Eram acusados de incesto, de canibalismo e de práticas desumanas, a ponto de ser acusados de infanticídio em adoração ao seu Deus. A saudação com o ósculo santo (beijo) foi transformado em forma de conduta imoral;

- políticos - os cristãos rejeitavam a escravidão e a adoração ao imperador. A adoração ao imperador era considerada prova de lealdade. Havia estátuas de imperadores reinantes nos lugares mais visíveis para o povo adorar. Só que os cristãos não faziam essa adoração. Pelo fato de cantarem hinos e louvores e adorarem a “outro Rei,” eram considerados pelo povo desleais e conspiradores de uma revolução. (Walter Pitta).


Ao mesmo tempo, promovendo o progresso do orbe terreno, com relação à importância do Império para a época, o qual inaugura um movimento de expansão no mundo, a “ tranquilidade que pairou em todo o império durante o reinado de Octávio é conhecida na história pelo nome de «paz otaviana». Político arguto e prudente, recusa aparentemente o título de rei e ditador. Confia o exército a Agripa e Tibério, cerca-se de hábeis conselheiros como Mecenas e dando ao povo a doce ilusão do triunfo democrático vai, silenciosamente, acumulando todos os poderes desde o sumo pontífice, até ao de tribuno da plebe (para ser impune), tornando-se um imperador absoluto e recebendo do Senado o título de Augusto, próprio dos deuses. Fundou uma guarda própria chamada a «corte pretoriana», reprimiu a imoralidade, desenvolveu o comércio abrindo novas vias de comunicação, ampliou as fronteiras do império do Danúbio e Elba)-(Walter Pitta), tornou-se, a posteriori, o centro de irradiação do Evangelho de Jesus, através da pregação de Paulo de Tarso. O drama das famílias de Helvídio Lucius (cristã pelos exemplos) e Lólio Úrbico (romana pela prática), nos possibilita compreender tanto os desvios de conduta a que estamos sujeitos quanto os testemunhos de fé e abnegação que o Senhor nos proporciona. O autor dessa reflexão, Afonso Chagas, convidado pelo Departamento de Apoio à Juventude/BH (DAJ), nos recorda que o melhor recurso ante a um problema é a humildade e muitas vezes o silêncio; recursos bem empregados e exemplificados por Célia. Nesse contexto, ele faz uma comparação  entre a família romana e a cristã. Enquanto a romana se entrega ao materialismo e à perseguição, a cristã se arma com a mansidão e o trabalho em favor do próximo a exemplo do Cristo. A quais forças nós estamos recorrendo para resolver nossos problemas? A qual tipo de família nos associamos? Defendemos e testemunhamos os exemplos do Cristo ou fazemos uma perseguição branca, oculta, aos princípios mais importantes da doutrina cristã - o amor a Deus e ao próximo?

 

5 – NESTÓRIO E CÉLIA

Nestório, liberto, tornou-se professor das duas filhas de Helvídio e, à noite, procurava os companheiros cristãos nas catacumbas. Votava a Helvídio Lucius extremo respeito e este tinha profunda admiração por Nestório. Cláudia Sabina conseguiu que o imperador Adriano (Adriano foi imperador romano de 117 a 138) nomeasse Helvídio como encarregado das obras de Tibur, enquanto ela seria responsável pela decoração. Por outro lado, Lólio Úrbico declarava seu amor por Alba. Esta recusou e chorou em silêncio em vista da gravidade do assunto. Em casa, Helvídio e Alba, preocupados com os acontecimentos da festa, faziam planos para sair de Roma e fugir das intrigas, mas os compromissos assumidos com Adriano sobre Tibur atrapalhariam seus planos. Helvídio explicou a seu sogro suas apreensões com relação ao assédio de Cláudia e sua intenção de sair de Roma. Fábio Cornélio, pai de Alba Lucínia,  pediu para ficar, pois sua situação financeira era precária, e a posição do genro em Roma ajudá-lo-ia. Por sua vez, Alba confidenciou à mãe, Julia Sprinter, seus receios com relação ao assédio do prefeito e a mãe, com amargura, lhe pede para ficar, pois seu pai estava mal das finanças. Alba, relatando à sua amiga Túlia suas apreensões sentimentais, esta a aconselhou a procurar os cristãos, enquanto Hatéria espionava a conversa, para contar mais tarde à Cláudia. Realmente, Hatéria contou para Sabina que Alba ia procurar os cristãos e Sabina disse que ia avisar as autoridades sobre o foco cristão referido por Túlia. Sabina foi à floresta procurar a velha pitonisa PLOTINA para que destruísse o casamento de Helvídio-Alba; Plotina respondeu que pouco podia fazer porque vossa rival está assistida por uma figura angélica... vi a mulher que odiais nimbada pela aura intensa de um anjo junto dela”. Acrescentou que poderia ser uma das filhas o anjo da luz. Ante a insistência de Sabina, a Pitonisa explicou: “Um anjo de Deus pode aparar os golpes do mal, visto não existir sofrimento, qual o entendemos, para os seus corações purificados”. No dia da reunião cristã, Alba sentiu-se mal, por isso pediu a Túlia que fosse às preces acompanhada de sua filha Célia. Esta concordou com alegria. Nas catacumbas, centenas de pessoas aguardavam em prece o início da reunião. Entoaram um cântico, quando Túlia teve uma surpresa: Célia acompanhava a música cantando como se conhecesse bem a letra. Realmente, Célia aprendera com Ciro. Logo após, um homem foi à tribuna e leu no Evangelho de Mateus a passagem “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”. Após a leitura, silenciou. O povo procurava POLICARPO, o grande orador, para comentar o trecho. Foi explicado que o grande apóstolo fora preso no dia anterior, pela manhã, por ordem do subprefeito. Na falta de quem comentasse, subiu à tribuna Nestório, liberto de Helvídio. “Nestório falou de suas lembranças mais gratas do coração, sua infância na Grécia, as pregações de João Evangelista, a quem conhecia pessoalmente. Exortou a todos para seguir Jesus e finalizou dizendo: “O reino de Jesus não está nos templos ou nos manuscritos... Os alicerces divinos têm de ser construídos no íntimo do homem, de modo que cada alma possa edificá-lo por si mesma.” Ao terminar, Célia e Túlia se acercaram dele, o qual, diante da interrogação de Célia, do motivo dele nunca haver falado de sua fé, Nestório respondeu que “apesar do fervor cristão ele não podia menosprezar os princípios da família que lhe concedera liberdade.” Na saída, uma surpresa. Foi até elas Ciro, chamando Nestório de pai. Célia e Ciro trocaram lembranças felizes do passado. Ciro foi morar na pequena casa de Nestório, que ficou alegre e apreensivo com a vinda do filho. Pausanias havia seguido Túlia e Célia, assistindo o ocorrido e contou a Fábio Cornélio, pai de Alba. Ordenou que os soldados fossem prender Nestório e Ciro. Fábio interrogou Nestório e este confirmou ser cristão. Solicitado a negar o Cristianismo, Nestório não o fez e nem delatou seus companheiros, pelo que foi recolhido ao cárcere junto de Ciro. Centenas de prisões foram efetuadas. Entre os prisioneiros, figuravam pessoas de todas as classes sociais. O imperador Adriano mandou abrir inquérito contra cada um, individualmente. Quem negasse ser cristão seria libertado. Os que continuassem firmes no Cristianismo encontrariam a tortura e talvez a morte. De cerca de 300 presos, somente 35 mantiveram-se fiel a Jesus (11,5%).

 

6 – A estatística de Jesus

Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer. E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galileia; E entrando numa certa aldeia saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz; E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou. E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós. E disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis. E dir-vos-ão: Ei-lo aqui, ou Ei-lo ali. Não vades, nem os sigais; Porque como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia. Mas primeiro convém que ele padeça muito e seja reprovado por esta geração. E como aconteceu nos dias de Noé assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Qualquer que procurar salvar a sua vida perdê-la-á, e qualquer que a perder salvá-la-á. Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado. Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada. Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado. E, respondendo, disseram-lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias. (Lucas, 17: 10-37)

 

7 – Cneio Lucius e o Evangelho

Se por um lado os cristãos eram sacrificados, por outro o Cristianismo conseguiu, pela sinceridade de Célia, um valioso adepto - Cneio Lucius, que leu avidamente os evangelhos e as epístolas de Paulo. Helvídio, voltando de Tibur, foi ter com Nestório na prisão. Sabendo que Nestório era pai de Ciro, Helvídio ficou confuso, pois admirava Nestório, mas detestava Ciro. Na prisão, Helvídio pede a Nestório que renegue o Cristianismo, pois está ansioso para libertá-lo. Nestório agradece com sinceridade e humildade, mas explicou: “Se o Mestre de Nazaré deixou que o imolassem numa cruz, puro e inocente, pela redenção de todos os pecados do mundo, porque me haveria de escusar do sacrifício, quando me sinto cheio de lama do pecado?”  Num banquete com o imperador, Caio anunciou seu casamento com Helvídia. Célia adoecia de tristeza e seu pai culpava as ideias cristãs. Célia foi mandada novamente à casa do avô para se recuperar. Cneio Lucius tentou ajudá-la, mostrando que era cristão também e Célia pediu para ver Ciro pela última vez. Cneio Lucius insistiu muito e conseguiu de Helvídio a autorização para Célia ver Ciro na prisão. Célia foi com o avô na prisão visitar Ciro. Ele e Nestório, muito desfigurados pelos maus tratos, emudeceram de alegria. Depois, Ciro consolou a moça, pedindo a ela que amasse a vida, tivesse fé e esperança, pois ele, Ciro, esperava renascer junto dela. Ao se despedir, Ciro entregou à Célia um pergaminho com um hino cristão. Nestório, despedindo-se, disse à Célia “que o melhor sacrifício não é a morte pelo martírio, mas aquele que se realiza a vida inteira, pelo trabalho e pela abnegação sincera...”

 

Eis a letra do hino, musicado por Juracy de Paula, da Escola Jesus Cristo:

Cordeiro Santo de Deus,
Senhor de toda Verdade,

Salvador da Humanidade,
Sagrado Verbo de Luz!...
Pastor da Paz, da Esperança,
De Tua mansão divina,
Senhor Jesus, ilumina
As dores de nossa cruz!...

 

Dá, Senhor, que nós possamos
Viver a felicidade
Nas bênçãos da Eternidade
Que não se encontram aqui;
O júbilo de reencontrar-Te

Nos últimos padeceres,
Acende em nós os prazeres
De bem morrermos por Ti

 

Senhor, perdoa os verdugos
De tua doutrina santa!
Protege, ampara, levanta
Quem no mal vive a morrer. .
A caminho do Teu reino,
Toda a dor se transfigura,
Toda a lágrima é ventura,
O bem consiste em sofrer!...                 

Consola, Jesus amado,
Aqueles que nós queremos,
Que ficarão aos extremos
Da saudade e do amargor;
Dá-lhes a fé que transforma
Os sofrimentos e os prantos
Nos tesouros sacrossantos
Da vida de Teu amor!...


Célia, após a visita aos cristãos, “mostrou-se mais corajosa na fé, mais calma e disposta”. Sabina convenceu o imperador a convidar Helvídio para acompanhá-lo num cruzeiro pelo Mediterrâneo, em que ela iria também. O convite desagradou muito a Helvídio. Alba, embora a contragosto, (porque adivinhava que Sabina iria no cruzeiro) confortou Helvídio, argumentando do “porquê” ele deveria aceitar o convite do imperador.  Após o casamento “de gala” de Helvídia, Alba, com o coração receoso, resolveu procurar Sabina para que esta intercedesse junto a Adriano, a fim de que seu marido não viajasse.  Sabina acolheu o pedido de Alba com ironia mordaz, ofendendo-a. Alba respondeu com dignidade que havia se enganado e que “cada um dá o que tem”. Alba, apesar de sofrer, procurou elevar o ânimo de seu marido, demonstrando seu espírito nobre. Nas festas adrianinas, 22 cristãos seriam mortos sob a assistência de todos. Os cristãos, entre os quais estavam Nestório e Ciro, amarrados nos postes, entoaram um lindo hino a Jesus, enquanto as setas lhes atravessavam o peito. Nestório, vendo o filho morrer, e ele próprio em agonia, lembrou-se de que, no passado, aplaudira a matança de cristãos (como Publio Lentulus). Orava para Jesus “quando um vulto de anjo ou mulher (Livia) caminhou para ele estendendo-lhe as mãos carinhosas e translúcidas.

 

8 – A despedida de Cneio Lucius

Ano 133 - Dois meses havia que Adriano deixara Roma. Alba sofria com o assédio de Lólio Úrbico.  Cneio Lucius, já doente, e Célia, oravam olhando para a paisagem do Tibre, quando ele lembra Jesus dizendo à samaritana “de que há de vir o tempo em que Deus será adorado, não nos santuários de pedra, mas no altar do nosso próprio espírito”. Aparece Silano, filho adotivo de Cneio Lucius, que voltava das Gálias. Este pediu ao tutor que conseguisse junto às autoridades sua transferência para Roma. A seguir, Cneio Lucius lhe deu um cofre com um medalhão, que acompanhou Silano quando, recém-nascido, foi acolhido em sua casa. O tutor consegue a transferência de Silano através de Fabiano Cornélio. Enquanto isso, o prefeito assedia Alba com suas propostas criminosas. Célia ouviu as declarações do prefeito à mãe e ficou surpresa da mãe ouvir em silêncio. Depois de Célia ter ido angustiada para seu quarto, Alba repreendeu indignada o prefeito, pondo-o para fora da casa.  Márcia chamou Alba e Célia, porque Cneio Lucius estava doente. Quando Alba tentou consolar o sogro, este, notando sua palidez e tristeza, falou-lhe “palavras sábias e inspiradas” sobre a sua nova crença nas vidas sucessivas. Alba não lhe deu crédito, acreditando-o senil, mas Célia, a sós com o avô, procurou consolá-lo. Este, sabendo da elevação espiritual da neta, disse a ela: “Em vez de confiar-te a teus pais, confio os meus filhos a teu coração...” Cneio Lucius pediu à neta para orar o “Pai Nosso”. Esta obedeceu, e ele entrou em processo de partida para o mundo espiritual. Célia, enquanto o avô agonizava, “divisou seres luminosos aéreos”. Ao entrarem no quarto, Célia reconheceu entre eles o espírito de Nestório. Ia perguntar por Ciro quando Nestório, adivinhando-lhe a ansiedade, afirmou que em breve ela o veria. Nestório abraçou o moribundo e Cneio Lucius desprendeu-se do corpo.

 

9 – O sacrifício de Célia

Daí a algum tempo, Helvídio Lucius recebeu a notícia da morte do pai, mas já não mais adiantava ir até Roma e Cláudia continuava tentando reconquistar Helvídio. Agora, porém, mostrava-se “amiga devotada e fiel”. Voltando para Roma antes de Helvídio, Cláudia planejou dar o golpe fatal. Procurou a pitonisa Plotina e ambas planejaram fazer Helvídio acreditar que Alba o traíra e que tivera um filho. Hatéria se encarregaria de achar uma criança na “coluna lactária” (onde ficavam os enjeitados).  Cláudia falou então a Helvídio que sua esposa o traíra com o prefeito. Hatéria ministrou um sonífero em Alba e foi pegar uma criança. Escolheu uma criança com traços delicados e nobres. Pegou a criança e colocou na cama de Alba, que dormia por causa de narcótico. Célia, percebendo o choro de criança, foi até o quarto da mãe e viu Hatéria e a criancinha. Hatéria explicou que Alba tivera o filho naquela noite e que descansava. Célia, acreditando em Hatéria, e compreendendo a gravidade da situação, pegou a criança nos braços e disse a Hatéria que seria seu filho. Deu suas joias para Hatéria e pediu para ela confirmar que a criança era seu filho. Helvídio, chegando ao alvorecer, encontrou Célia com a criança no colo, enquanto Alba se levantava surpresa. Célia pediu perdão e disse que o filho era seu. Hatéria confirmou tudo. Célia, procurando defender a mãe, disse a Helvídio que o prefeito, após assediar sua mãe, sem êxito, voltou-se contra ela, resultando na gravidez. Helvídio perguntou a esposa que confirmou o assédio criminoso do prefeito. Helvídio, descontrolado, prometeu vingança e quis a morte de Célia. Alba chegou a tempo de segurar o braço de Helvídio, quando ia desferir um golpe de punhal contra Célia. Helvídio, então, expulsou a filha de casa. “Ergueu-se ela, então, cambaleando, endereçando à mãe um derradeiro olhar, no qual parecia concentrar toda a sua crença e toda a sua esperança...”  Helvídio e seu sogro, Fábio Cornélio, dirigiram-se ao Capitólio para eliminar o prefeito, mas chegando lá viram que ele “tinha se suicidado”. Na verdade, Cláudia o envenenara e simulara o suicídio. Cláudia, entregando um falso bilhete de suposto suicida a Fábio e Helvídio, esperava ansiosamente que eles falassem de Alba, mas ficou decepcionada com o mutismo deles. Diante de uma pergunta de Cláudia, responderam que estavam transtornados porque Célia morrera. Para dar veracidade à morte de Célia, Helvídio preparou um funeral como se fossem as cinzas dela. Diante dos desgostos, Julia Spinter (avó de Célia) morre vítima de um colapso cardíaco. Cláudia, por mais que procurasse Hatéria, não conseguiu falar com ela, que recebera elevada quantia para se calar. Enquanto isso, Célia caminhou sem destino até que encontrou uma cristã – Orfília, casada com o bondoso Horácio e mãe do leviano moço, Júnio. Célia disse a ela que enviuvara há 4 meses. Orfília recolheu Célia e esta, alguns dias mais tarde, partiu para Nápoles, com Júnio. Durante a viagem, Júnio passou a assediá-la e a ameaçá-la. Numa noite em que pararam numa hospedaria, Célia, intuída pelos espíritos, resolveu fugir. A pé, na estrada, já de noite, Célia encontrou Caio, que viajava a cavalo com dois escravos. Ele fingiu não conhecê-la e seguiu para seu destino. Nesse encontro, Caio, orgulhosamente, fingindo não conhecê-la, lhe lança um saco de moedas, ao que ela reage em sinal de nobreza de caráter cristão: “Caio, guarda o teu dinheiro. Segue em paz o teu caminho. Uma bênção de Jesus vale mais que um milhão se sestércios.” Buscou uma gruta selvagem para descansar. Estava triste e desanimada quando viu surgir na escuridão uma luz, que se aproximou dela. Aparece a figura de seu avô, Cneio Lucius. Cneio Lucius procurou confortá-la, dizendo: “Deus te abençoe. Crendo sacrificar-te por tua mãe, estás cumprindo uma das mais formosas missões de caridade e de amor...” O avô esclareceu que Alba nunca faltou à fidelidade conjugal. Então a grande revelação: Cneio Lucius esclarece que a criancinha inocente era Ciro reencarnado. Célia encheu-se de júbilo e de energia.

 

10 – De Miturnes a Alexandria

Célia prosseguiu viagem contando com o amparo de Jesus que lhe forneceria a inspiração mais acertada. Vendo uma choupana rodeada de laranjeiras, foi atraída até ela. Bateu na porta onde um velho de cabelos e barbas brancos a acolheu com simpatia. Vendo uma cruz no peito dele, saudou-o em nome do Cristo e ele respondeu com júbilo. O velho, que se escondia sob o nome de Marinho, havia sido cruel guerreiro romano. Casado, com uma filha, teve seu lar ultrajado, e quando estava prestes a matar a esposa e o amante recebeu de um mendigo um pergaminho com o “Sermão da Montanha”. Desistiu do intento, indo procurar os cristãos. Mas o homem que ultrajava o seu lar foi morto e a própria esposa apontou-o como assassino. Condenado à morte, foi salvo por Cneio Lucius, que intercedeu a seu favor, mudando a pena para o desterro. Célia chorou ao ouvir o nome do avô. Depois disso, Marinho disse que se tornou cristão, viajando e divulgando o Evangelho. Vendo Célia chorar, o velho estimulou-a a abrir o seu coração. Sentindo inexplicável confiança, Célia “desfiou sua história cheia de lances comovedores”. Confessando-se neta de Cneio Lucius, narrou sua vida até a visão do avô , ao pernoitar na gruta. Ao concluir, tinha os olhos inchados de chorar. Marinho planejou vestir Célia como rapaz e encaminhá-la a Alexandria na comunidade cristã. Célia foi apresentada aos povos vizinhos como “filho” de Marinho. Alguns dias depois, a criança começou a definhar e apesar de Célia desejar ampará-lo com “todas as energias do seu espírito dilacerado, querer apenas um milagre”, o pequenino não resistiu e partiu para o mundo espiritual. Algum tempo depois, numa noite serena, apareceu o espírito de Ciro que procurou dar-lhe conforto e energia. Disse: “Depois de algum tempo na sua companhia, eis-me de novo aqui... És minha âncora de redenção através de todos os caminhos...” Ciro confessou que em vidas passadas fora um tirano, enquanto Célia, espírito de luz, procurava ajudá-lo, descendo dos céus ao cárcere dos impenitentes. Disse ele que Célia o ajuda há alguns séculos. “É que as almas gêmeas preferem chegar junto às regiões sublimes da paz e sabedoria...” (Nota: Convém recorrer ao livro, p. 254/255, onde se lê lindos ensinamentos, ditos por Ciro.) Passados alguns dias, Marinho, pressentindo a aproximação da morte, passou a preparar Célia para agir tão logo ele passasse para o mundo espiritual. Ordenou ao feitor que entregasse a seu filho (Célia) as suas parcas economias, tão logo ele se fosse. Após a morte de Marinho, Célia segue para Alexandria, travestida de rapaz. Em Alexandria, vai ao mosteiro onde morou o Irmão Marinho, seu suposto pai.  O mosteiro não tinha a simplicidade das catacumbas. Era chefiado por  “mão de ferro” de Pai Epifânio. Devido à sua conduta superior, mas humilde, sua bondade e firmeza de propósitos cristãos, Célia passou a ser respeitada por todos, menos por Epifânio, que receava que ela atrapalhasse sua autoridade. Como fora nomeada responsável pelo almoxarifado, sempre tinha que ir ao mercado fazer compras. Como este distava 3 léguas, ela era obrigada a dormir numa estalagem. Lá também passou a ser respeitada por todos, menos por Brunehilda, filha do estalajadeiro, que se apaixonou por Marinho. Como este não lhe correspondia, Brunehilda foi namorar um soldado, que a engravidou e partiu. Ao nascer a criança, disse ao pai colérico que o pai da criança era Irmão Marinho. Acusada da “paternidade”, suplicou que não a expulsassem do mosteiro. Pediu para morar num casebre no horto e trabalhar diariamente. Epifânio não queria, mas todos concordaram e ela ficou. Certo dia, Célia curou uma criança doente e daí em diante seu casebre era sempre visitado por necessitados. Enquanto isto, em Roma, dez anos se passaram desde que Célia fora expulsa de casa. Alba Lucínia estava começando a embranquecer os cabelos, resultado da tristeza e saudade da filha que partira. Helvídio sofria também entre a energia e o arrependimento. Adriano morrera, sendo sucedido pelo imperador Antonino, mais justo e tolerante. Fábio Cornélio cresceu na confiança do imperador e com ele subiu Silano, filho adotivo de Cneio Lucius. Cláudia Sabina foi relegada ao ostracismo. Teve contato com o Cristianismo, mas as lições de Jesus não encontraram eco em seu espírito intoxicado. Como tinha dinheiro, vivia num sítio na companhia de alguns empregados. Um dia, Hatéria bate à porta da casa de Helvídio e Alba, extremamente aflita e perturbada. Solicitou a presença de Alba, Helvídio e o pai de Alba, Fábio Cornélio. Disse Hatéria que vinha fazer uma confissão terrível, que agora era cristã e desde as primeiras lições do Evangelho pesava-lhe um grande remorso. Disse que hesitara em vir, com medo das conseqüências, mas o exemplo de Jesus foi mais forte e ali estava. Ante a perplexidade dos três, narrou tudo, tudo. Alba Lucínia sentiu o sangue gelar-se-lhe nas veias, Helvídio teve o peito sufocado e emudeceu. Somente Fábio Cornélio gritou palavras pesadas para Hatéria, dizendo que ia se vingar de todos. Tirou o punhal e ia desferir o golpe em Hatéria, que estava ajoelhada a seus pés, quando Alba, com misteriosa força segurou-lhe o braço e pediu-lhe para não cometer mais um crime. Fábio obedeceu, mas Alba, emocionada, tombou no tapete, inconsciente. Levada para o divã, não acordava. Fábio foi ao palácio e chamou o oficial Silano, ex-pupilo de Cneio Lucius. Pediu para ele cumprir uma sentença do governo, de executar uma pessoa que fora condenada por traição ao Estado, Cláudia Sabina. Mandou que levasse dois atléticos soldados, Lídio e Marco, para executar a sentença, e ele mandaria soldados para cercar a casa no sítio. Assim agiram e na chácara Cláudia veio cumprimentar os soldados. O oficial se apresentou como Silano Plautus, disse da sentença de morte para ela e mandou os gigantes amordaçá-la e cortar-lhe os pulsos. Ela, aterrada, parecia querer falar algo, enquanto o sangue não jorrava dos pulsos cortados, misteriosamente. Silano mandou soltá-la e ela pediu para conversar com ele a sós, ao que ele concordou, pois ela estava morrendo. Ela, chorando, disse que era a mãe dele, que Fábio Cornélio era um monstro, que ela e Fabio tinham praticado vários crimes. Dolorosas passagens ela contou... Silano, emocionado, prorrompeu em soluços. Ela contou tudo, menos a vida dela em relação a Alba Lucínia. Disse, levada pela vingança, que Fábio matara o marido dela e sabia que ele, Silano, era filho dela. Pediu com insistência que Silano eliminasse Fábio Cornélio. Silano acreditava, mas queria uma prova, quando Cláudia lhe falou do medalhão que deixara com a criancinha. Silano concordou e estava com o medalhão ali. Ela escreveu uma frase e assinara “Cláudia Sabina”, colocando no medalhão que Silano nunca havia aberto. Após isso, novo fenômeno ocorreu: o sangue começou a jorrar e ela expirou. Silano saiu da casa transtornado com a revelação. Emudeceu e não mais falou na viagem de volta. Quando voltou ao palácio, Fábio Cornélio o recebeu no gabinete com interesse. Silano fitava-o “com os olhos gázeos” e sem nada dizer desembainhou o punhal, matando o censor. Os guardas chegaram, ele tentou resistir e foi morto. Alba Lucínia continuava inconsciente e Helvídio mandou chamar a filha Helvídia e seu marido. Helvídio não se ausentou do leito de Alba durante dias, até que ela deu o último suspiro. Após a morte de Alba, Hatéria resolveu deixar a casa e saiu sem destino. Coincidentemente, percorreu todas as ruas por onde passara Célia. Quando chegou na ponte sobre o Tibre, foi assaltada por dois ladrões, que após roubá-la e desacordá-la com uma pancada, jogou-a no rio. Helvídio contou tudo à filha e ao genro. Então Caio Fabrícius contou que encontrou Célia na estrada e não a ajudara. Helvídio, que até aquele dia não se interessava por viver, após a confissão de Hatéria, analisando todos os sacrifícios de Célia para proteger a família, teve novamente apego à vida. Triste e só, Helvídio viajou um ano pela Itália inteira procurando Célia, não a encontrando. Um dia, veio procurá-lo Rufio, que havia sofrido muito, mas estava forte e disposto. Explicou que se tornou cristão e que as lições de Jesus lhe deram novo ânimo. Rúfio procurou convencer Helvídio de que o Cristianismo lhe daria novo alento na vida. Helvídio concordou e foi com Rúfio pela primeira vez numa reunião cristã. Depois de algum tempo frequentando o núcleo cristão, aparece um homem jovem, inteligente e culto de nome Antônio. Este, ante à pergunta de Helvídio, se existia seguidores de Cristo como os apóstolos, respondeu que conhecia um: “Franzino e humilde como uma flor do céu... Trata-se do Irmão Marinho, que nos arredores de Alexandria... é a perfeita caridade evangélica... curando leprosos e paralíticos, restituindo a fé de todos”. Helvídio se interessou muito e resolveu procurar esse apóstolo. Célia, conhecida como Irmão Marinho, granjeou fama pelo seu amor e bondade entre os pobres e sofredores. Mesmo fraca por estar tísica, continuava auxiliando a todos. A voz débil ganhava forças incríveis quando comentava o Evangelho. A criança de Brunehilda, que lhe tirou a solidão por algum tempo, também morrera. Cneio Lucius apareceu para ela e confortou-a, explicando que o espírito de Ciro precisava voltar ao Além. Explicou a ela os débitos que Ciro assumira e que estava resgatando. Então ele explicou que Alba desencarnara e estava ali. A mãe apareceu e lhe beijou as mãos. Um dia, Célia vê aparecer a viatura de seu pai. Helvídio se acomodou com os outros assistentes sofredores. Enquanto via seu pai entre os outros, Célia continuava a preleção com emoção na alma. Helvídio estava impressionado: aquela voz, aquele perfil, parecia a própria filha... Ele que chegara fraco e desanimado, ao ouvir aquelas lições do Cristianismo encheu-se de ânimo e, emocionado, começou a chorar silenciosamente. Ao final da preleção, todos se foram, com exceção de Helvídio, que, se aproximando, disse: “Irmão Marinho, sou um pecador desencantado do mundo...” E com humildade sincera pedia mais ensinamentos. Célia ofereceu-lhe a choupana humilde. Helvídio aceitou. Após um caldo substancioso, que Célia lhe deu, conversaram longamente sobre o Evangelho. Por fim, muito emocionado, Helvídio narrou toda a sua história, dizendo que nunca a contara a ninguém, enquanto o Irmão Marinho lhe acariciava a cabeça encanecida. Helvídio disse que o maior sofrimento dele foi ter expulso, por orgulho, a filha que tanto amava. Agora, estava errante pelo mundo e não a encontrava. (Convém ler o último parágrafo da pág. 312, onde seu pai lhe diz lindas palavras de arrependimento). Ouvindo-lhe as palavras, Célia chorava e tinha ímpeto de revelar-se. Mas, inspirada, estimulou-o a dar toda a sua afeição aos desamparados enquanto não encontrava a filha, lembrando a ele as lições de Jesus. Em Roma, havia leprosos, cegos, órfãos, indigentes que precisavam de ajuda, e Helvídio devia fazer isso. “A caridade maternal levará ao conhecimento da caridade moral...”, Célia prosseguiu com valiosas e belas palavras sobre o amor e a caridade. À noite, Célia chorava pedindo ao avô a esclarecesse naquela hora. Sorrindo, o avô apareceu e disse que a revelação da identidade naquele momento não era recomendável. De manhã, Célia levou o pai a visitar o horto, e ficou impressionado com a organização e com as plantações bem cuidadas. A jovem teceu vários comentários sobre o mar, a terra e a natureza. Após três dias, Helvídio resolveu partir, com o  coração comovido. Ao despedir-se de Célia, tomou-lhe a mão e beijou- a de olhos úmidos. Helvídio, de volta a casa, disse a Caio e esposa sua pretensão de beneficência, dizendo que separaria a parte dos bens que lhes cabia e o restante iria utilizar de acordo com a nova crença (p. 321). O primeiro ato de Helvídio foi libertar todos os escravos de sua casa, providenciando o futuro deles. Não escondeu da sociedade as novas convicções. Dispôs a maioria dos bens às obras beneficentes. Abandonou o ócio social e passou a visitar sempre os necessitados. Procurou Hatéria para perdoar-lhe, mas ninguém sabia de seu trágico fim. No sítio de Caio, assumiu a direção de vários serviços rurais, com os métodos ensinados pelo Irmão Marinho.  Um dia, adoeceu e, fraco, pediu à filha para rever o Irmão Marinho. A princípio, Helvídia não achou conveniente, mas ele tanto insistiu que partiu em companhia de dois servos. Queria dar a notícia a Marinho de seus feitos, de acordo com o Evangelho. Chegou ao destino muito fraco. Por sua vez, Célia estava nos seus últimos dias. Célia recebeu-o com júbilo, mas Helvídio piorou naquela noite. Helvídio contou à Célia, emocionado, tudo o que tinha feito de bom, até mesmo procurar a todos os inimigos e lhes pedir perdão. Ao final, disse que o Senhor não o considerou digno da alegria de rever a filha antes de morrer. Ante aquele ato de humildade, surpreso Irmão Marinho disse: “Vossa filha aqui está, esperando a vossa vinda...”. E indo ao interior abriu o burel que trazia o vestido que saiu de casa, colocou no peito a única joia que conservara, ajeitou o cabelo no penteado antigo e correu para Helvídio: “Meu pai, meu pai!”. A alegria intensa rompeu as possibilidades verbais daquele pai. Emudeceu. Enquanto Célia lhe explicava os motivos das vestes, Helvídio, em lágrimas, sentiu que algo o arrebatava do corpo. Célia orou agradecida e viu vários espíritos que ali foram receber Helvídio, inclusive seu avô e sua mãe. Quando a liteira fúnebre desapareceu na estrada, Célia iniciou também sua passagem para o Além, numa crise de hemoptíase. Recolhida ao mosteiro, nos dias que se seguiram todos os pobres, os velhinhos , os doentes, foram visitá-la. Vendo aproximar-se do fim, Célia pediu a Epifâneo, como última vontade, que lhe fosse permitido ver as crianças da escola. À tarde, todas as crianças da escola estavam ali para ver o Irmão Marinho. A um pedido de Célia, as crianças rodearam o leito e cantaram o “Hino do Entardecer”. Enquanto os adultos choravam com a cena, Célia quis falar com as crianças, mas não pôde. Eis que vários espíritos sorridentes lhe estenderam os braços: Cneio Lucius, Nestório, Hatéria e seu amado Ciro. Assim, Célia, em espírito, deixou o corpo. Ao preparar Irmão Marinho para os funerais, os religiosos do mosteiro viram que o caluniado “irmão” era uma virgem cristã. Todos, inclusive EPIFÂNIO, caíram em prantos de arrependimento. Brunehilda, ao saber da verdade, perdeu a razão para sempre. No espaço, vamos encontrar Cláudia, Lólio, Fábio e Silano nas regiões mais sombrias. Helvídio e Ciro repousavam para novos trabalhos. Nestório e Policarpo atendiam nas baixas regiões e Célia fora chamada a um mundo superior. Júlia Spinter ajudava Nestório nos trabalhos de assistência. Cneio Lucius coordenava o pequeno grupo. Numa reunião, o grupo comentava sobre a próxima encarnação: Júlia ajudaria Fábio, Hatéria ajudaria Cláudia Sabina; Helvídio teria vida em comum com o ex-prefeito Lólio Úrbico. O imperador Adriano reencarnaria no corpo miserável de uma escrava. Em dado momento, Cneio Lucius avisou que veriam os antigos desafetos. Aí, acompanhados dos espíritos superiores, entraram no recinto todos os personagens mais infelizes, desde Cláudia até os servos que ajudaram nos atos mais negativos. Aqueles do grupo de Cneio Lucius teriam o direito de escolher a quem ajudar mais diretamente. Cneio Lucius queria ser o pai de Cláudia Sabina. Júlia escolheu Silano, Helvídio e Alba queriam ajudar o ex-prefeito. A única pergunta do velhinho foi se todos se perdoaram entre si. Houve indecisões. Aí desceu entre eles a figura sublime de Célia. A emoção foi tanta que todos deram, então, guarida ao perdão sincero. Um hino maravilhoso veio do Alto. Todos abandonaram o recinto e Cláudia humildemente pediu perdão a Alba Lucínia, a qual, auxiliada pelas vibrações de Cneio Lucius e Júlia, concedeu-lhe perdão.





Estátua de Santa Marina na Igreja Matriz de Polistena, Itália, onde é a padroeira.



Célia Lucius, Santa Marina


Levantar os arquivos da vida de Santa Marina não foi muito simples. Ela é pouco conhecida até mesmo entre os católicos. Tenho uma amiga que é freira e mora em Roma. Eu escrevi para ela na época em que fiz as pesquisas sobre essa grande personalidade cristã e fui agraciado com uma série de fotocópias de algumas biografias encontradas nas bibliotecas do Vaticano. Na semana passada, eu contei que Marina iniciou um trabalho com crianças e idosos nas cercanias do Mosteiro de Alexandria, no Egito. Ali, o menino que ela criava cresceu até a idade de quatro anos quando foi acometido de violenta gripe, que fatalmente o vitimou. As condições em que eles viviam não eram adequadas, pois a região era úmida e fria. Todavia, esse fato não abateu a jovem que vivia em hábitos de monge. Certo dia, uma senhora pobre a procurou com o seu filho ardendo em febre. “Irmão Marinho, no mosteiro não quiseram me receber, mas meu filho está muito mal.” Marina orou com fé e a saúde do pequeno se restituiu. A notícia se espalhou e era comum ver no humilde casebre romarias em busca de saúde para o corpo e paz para o espírito. Plantaram hortas, pomares, um horto e criavam-se pequenos animais. Era uma pioneira experiência de vida religiosa ativa. Excluída da vida contemplativa, seguiu a sua intuição e abraçou as dores dos pobres e enfermos. A sua vida missionária teria durado cerca de dez anos. Ao fim desse período, embora ainda jovem, estava enfraquecida e doente. Seu leito foi cercado por toda a comunidade, que orava fervorosamente para sua cura. Até mesmo os irmãos do mosteiro, percebendo a sua extrema penúria e reconhecendo o valor da sua alma verdadeiramente piedosa, solicitaram o perdão do prior para a mesma. Este reviu a sua posição e permitiu que trouxessem a esquálida enferma (para eles o Frei Marinho) para o interior do mosteiro, onde estaria protegida do frio intenso. Ali ela viveu os seus últimos dias, a todos perdoando e legando lições de humildade e renúncia quase inacessíveis ao ser humano comum. Quando finalmente ela morre, os irmãos têm uma surpresa assombrosa. Preparando-a para os funerais, reconhecem a sua condição feminina. Contam então para o prior, que imediatamente ordenou a pompa de um funeral real. Ela foi reabilitada somente após a sua morte. Seus feitos durante seu exílio foram relatados aos superiores e conta-se que a sua canonização se deu sem nenhuma objeção. Para quem se interessar por mais detalhes dessa impressionante história, eu publiquei um livro em 2008: “Célia Lúcius, Santa Marina”, que apresenta documentos históricos e fotos da devoção a essa mulher impressionantemente maravilhosa!

Flávio Mussa Tavares




 

 

Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Foto in: http://4.bp.blogspot.com/__tUpP55FcpY/SkAxZD-FY2I/AAAAAAAAAtA/EpXoppwzorM/s1600-h/santamarina_santi-+69.jpg
17/06/2013
 


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