Desencarnou nossa irmã com brilho espiritual de estrela: Heigorina Cunha, de Sacramento, Minas Gerais. Ela se foi no dia 11 de agosto deste ano.Heigorina foi e continua a ser nossa irmã pelos laços do coração. Desde meus tempos de estudante de medicina, estreitamos nossos laços nesta existência. E dela recolhi os melhores exemplos de humildade e ternura.Sobrinha de Eurípedes Barsanulfo, era uma das responsáveis pelo Recanto da Prece, em Sacramento, levando à frente o culto do Evangelho no lar fundado por seu tio e que já completou 109 anos de existência. Todos os dias, às 9 horas da manhã, juntamente com Nisinha, Iracy, Ionete, Maria e demais amigos, Heigorina fortalecia o clarão de luz nos céus de Sacramento, orando pela paz do nosso planeta conturbado.Heigorina realizou um grande sonho, fundando em 1999, em Santa Maria, a Casa Assistencial Bezerra de Menezes, obra dedicada às crianças deficientes físicas e mentais, que construiu com entranhado amor, oferecendo oportunidade de refazimento aos pequeninos, através de exercícios físicos na piscina, e de exercícios da mente, que lhe foram especialmente ensinados por Bezerra de Menezes para vencer o seu próprio problema físico.
Heigorina nasceu em 16 de abril de 1923, filha de Ataliba e Sinhazinha. Era uma criança saudável, mas desenvolveu paralisia infantil quando tinha pouco mais de um ano e passou a ter limitações, mas esse problema físico não a impediu de ser uma grande trabalhadora na seara espírita, sendo também autora de vários livros. Desde muito jovem, tinha a faculdade anímica de desdobramento. Em uma de suas visitas ao mundo espiritual, em março de 1979, conduzida e orientada pelo espírito Lucius, conheceu a Colônia Nosso Lar. Foram tão nítidas as visões que conseguiu desenhar, com a ajuda de Lucius, as plantas da cidade, depois publicadas nos livros Cidade no Além e Imagens do Além, em parceria com o querido médium Chico Xavier. Os desenhos de Nosso Lar são impressionantes e descrevem com riqueza de detalhes a arquitetura da cidade, assim como os ministérios e suas edificações. A planta baixa que ela desenhou tem formato de estrela e em cada uma das seis pontas há um ministério. No centro da cidade localiza-se a Governadoria, que é o ponto de encontro dos seis ministérios e é o local onde são tratados os assuntos administrativos e prestados os serviços de interesse da vida comunitária. Seus desenhos foram esclarecidos e confirmados por Chico Xavier e serviram de inspiração para a criação da cidade tal qual foi recriada no filme “Nosso Lar”.Em entrevista a Ismael Gobbo, em 2010, Heigorina lembrou: “Das inúmeras pessoas que trabalharam com Tio Eurípedes, eu convivi com muitas delas, inclusive a minha mãe, que é irmã dele. Trabalhando doze anos com ele, ela teve uma renúncia muito grande, pois nem pensava em assumir um compromisso de matrimônio, sua dedicação era total, até a vinda do jovem Ataliba José da Cunha, sendo primo da família. Foi um reencontro espiritual entre o casal”.Nessa mesma entrevista, Heigorina descreveu um fato marcante em suas lembranças do tio Eurípedes. Foi o nascimento da primeira Heigorina, que faleceu com pouco mais de um ano. Ela descreveu assim: “O tio Eurípedes assistiu minha mãe no parto e é seu padrinho, foi quem lhe deu este nome: “Heigorina”. Após o desencarne da menina, papai e mamãe ficaram muito desolados. A pequena Heigorina deu uma comunicação através do tio Eurípedes, dizendo que ela tinha vindo para um período muito curto na Terra e que já estava na escola de São Vicente de Paulo, ajudando o padrinho. A pequena menina partiu para se efetuar nossa presente reencarnação, pois é um espírito de muita luz e trabalha sempre com a equipe do tio Eurípedes. Eu sou um machadinho sem cabo, jogando na água vai para o fundo do mar...”Nessa mesma entrevista, Heigorina contou um pouco de sua trajetória. Soube através da tia Amália, secretária de seu tio Eurípedes, que havia pedido a prova da paralisia, mas sentia-se feliz por nascer em um lar espírita e ter os pais que souberam libertá-la da doença, pois, psicologicamente, nunca se sentira traumatizada. E enfatizou: “ A mamãe sempre me ajudou a superar as dificuldades; foi e é um anjo maternal de minha vida na Terra e no céu”.Aos sete anos, Sinhazinha, sua amada mãe, deu-lhe como dever a tarefa de confeccionar roupinhas para bebês, os “pagãozinhos” dos recém-nascidos. Toda a costura era feita a mão. Com o tempo, foram aumentando as suas atividades, mas ela nunca deixou de confeccionar os enxovais para as gestantes até ao final de sua existência terrestre.Em 1946, iniciaram-se as cirurgias, que teve de fazer por causa da doença. E foram várias. Heigorina descreveu a orientação que lhe deu Bezerra de Menezes: “Ao regressar ao meu lar em Sacramento, após o culto diário das nove horas, estava eu junto com mamãe, quando Dr. Bezerra fez-se presente indicando os exercícios para minha recuperação”. Depois de utilizar esses exercícios na sua própria recuperação, transcreveu-os no livro “Força da mente”.Mais tarde, viu no Plano Maior a planta da Casa Assistencial Dr. Bezerra de Menezes, que teve oportunidade de construir em Santa Maria para as crianças de 0 a 14 anos, com deficiências físicas e/ ou mentais.Sinhazinha marcou a trajetória existencial da filha. Eurípedes e Bezerra conclamaram-na ao trabalho junto aos pequeninos deficientes e à humanidade sofredora. Ao chamado deles, Heigorina correspondeu, cumprindo com amor os seus deveres de servidora fiel do Cristo.Que seus exemplos frutifiquem em nossos corações!Até sempre, irmã querida!
Heigorina com os amigos Chico Xavier e Marlene Nobre
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Nuno Emanuel
28/08/2013
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