Irmãos, que a paz de nosso Senhor Jesus nos envolva os corações.Não
poderia me furtar à ocasião de colaborar com os amigos da crosta na
reverência mais do que justa à lembrança da próxima data de 3 de
outubro, como aquela a marcar o transcurso do bicentenário de nascimento
de Allan Kardec, o insígne codificador da Doutrina dos Espíritos.
Para
tanto, pedimos licença para fazer breve digressão histórica,
utilizando-nos de pequeno trecho escrito pelo benfeitor Emmanuel e
inserido na obra mediúnica de Chico Xavier, precisamente o capítulo XXII
de A caminho da luz.
O pequeno trecho que ora
transcrevemos assim se expressa acerca dos ascendentes espirituais do
missionário da Terceira Revelação:
"Aproximavam-se os tempos em que Jesus deveria enviar ao mundo o Consolador, de acordo com as suas auspiciosas promessas. Apelos ardentes são dirigidos ao Divino Mestre pelos gênios tutelares dos povos terrestres.
Numerosas assembleias se reúnem e confraternizam nos espaços, nas esferas mais próximas da Terra.
UM
DOS MAIS LÚCIDOS DISCÍPULOS DO CRISTO BAIXA AO PLANETA, compenetrado de
sua missão consoladora, e (...) nascia Allan Kardec, aos 3 de outubro
de 1804, com a sagrada missão de abrir caminho ao Espiritismo, a grande
voz do consolador prometido ao mundo pela misericórdia de Jesus Cristo."
Meus
amigos, a afirmativa do benfeitor Emmanuel clareia para nossa
ignorância a sublimidade da programação celestial em torno da humanidade
cansada e aflita, sequiosa de maiores luzes.
O valoroso
batalhador do Cristo, de fato, na condição de um dos seus mais lúcidos
discípulos, soube tão bem apagar-se nas sombras do mundo para que a luz
do Evangelho de Jesus brilhasse novamente na face da terra, isenta dos
detritos do sectarismo religioso das escolas tradicionais.
Semelhante
tarefa gigantesca não poderia ser legada a qualquer um, por mais boa
vontade que o candidato apresentasse. Certamente que o Senhor somente
poderia confiar tão gigantesco esforço a um daqueles espíritos luminares
mais próximos de seu coração magnânimo. Eis por que a missão coube,
sim, a um de seus apóstolos a reencarnar na crosta terrestre no
desempenho de suas sagradas obrigações. Não se tenha dúvida quanto a
este aspecto revelado pela Vida Maior. Cinquenta e sete anos passados do
nascimento de Kardec e o próprio Cristo no-lo revelou numa comunicação
vinda à luz na cidade de Paris, em 1861.
A comunicação acima mencionada é a inserida no item 6 das Instruções dos Espíritos, intitulado O Advento do Espírito da Verdade, constante do Capítulo VI - O Cristo Consolador - de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Na segunda mensagem deste item, destacamos a seguinte frase afirmativa do Cristo Jesus: "Eu estou convosco e MEU APÓSTOLO VOS INSTRUI."
Queridos amigos,
O
trabalho ciclópico da Doutrina dos Espíritos implantou-se na face
atormentada do mundo terrestre pelo esforço constante do apóstolo
consolador.
Se no solo desenvolvido da França os sulcos da terra
foram abertos e neles foram lançadas as sementes básicas da renovação
humana, o coração augusto do Cristo situou o seu crescimento na terra
generosa da América, notadamente no coração da brasilidade humilde e
sofredora.
Hoje, passados dois séculos de semeadura e crescimento
da árvore renovada da Boa Nova do Cristo, o próprio divino Mestre vem
novamente nos conclamar ao serviço, para que venhamos, por nossa vez,
aderir os corações na multiplicação de suas benesses imorredouras.
Os frutos aí estão à disposição da humanidade sedenta da água viva da paz e faminta do alimento divino do esclarecimento.
Abracemos
de uma vez por todas o último chamado que a Bondade Celestial nos
direciona. A tarefa, certamente, escapará de nossa percepção acanhada,
mas, de escantilhão, em nossa pequenez, já poderemos vislumbrar os
eflúvios mais elevados do amor fraterno a envolver-nos as vidas no
oceano do amor divino.
Até quando lutaremos contra nós mesmos, na
batalha íntima da auto-renovação com o Cristo? Não sabemos,
sinceramente, responder à questão.
Contudo, estamos convictos que
não poderemos descansar até que todos os homens na face da Terra possam
compreender, com lucidez, os postulados do Espiritismo que Allan Kardec
nos deixou e que Chico Xavier nos demonstrou, até o instante em que a
humanidade inteira, enfim, apreenda no coração o Evangelho de Jesus
Cristo.
Por isso, caros amigos, pedimos vênia para registrar a
nossa reverência ao apóstolo da renovação humana, repetindo do fundo de
nossas almas: Ave, Kardec, nas luzes do Infinito!
Cícero Pereira
(Mensagem
psicografada por Geraldo Lemos Neto, em reunião pública no Centro
Espírita Luz, Amor e Caridade, na noite de 27 de setembro de 2004.)