(...) Conta-se que Allan Kardec, quando reunia os textos de que nasceria "O Livro dos Espíritos", recolheu-se ao leito, certa noite, impressionado com um sonho de Lutero, de que tomara notícias. O grande reformador, em seu tempo, acalentava a convicção de haver estado no paraíso, colhendo informes em torno da felicidade celestial.Comovido, o codificador da Doutrina Espírita, durante o repouso, viu-se também fora do corpo, em singular desdobramento... Junto dele, identificou um enviado de planos sublimes, que o transportou, de chofre, a nevoenta região, onde gemiam milhares de entidades em sofrimento estarrecedor. Soluços de aflição casavam-se a gritos de cólera, blasfêmias seguiam-se a gargalhadas de loucura. Atônito, Kardec lembrou os tiranos da história e inquiriu, espantado:- Jazem aqui os crucificadores de Jesus?- Nenhum deles - informou o guia solícito. - Conquanto responsáveis, desconheciam, na essência, o mal que praticavam. O próprio Mestre auxiliou-os a se desembaraçarem do remorso, conseguindo-lhes abençoadas reencarnações, em que se resgataram perante a Lei.- E os imperadores romanos? Decerto, padecerão nestes sítios aqueles mesmos suplícios que impuseram à humanidade…- Nada disso. Homens da categoria de Tibério ou Calígula não possuíam a mínima noção de espiritualidade. Alguns deles, depois de estágios regenerativos na Terra, já se elevaram a esferas superiores, enquanto que outros se demoram, até hoje, internados no campo físico, à beira da remissão.- Acaso andarão presos nestes vales sombrios - tornou o visitante - os algozes dos cristãos, nos séculos primitivos do Evangelho?- De nenhum modo. - replicou o lúcido acompanhante. - Os carrascos dos seguidores de Jesus, nos dias apostólicos, eram homens e mulheres quase selvagens, apesar das tintas de civilização que ostentavam... Todos foram encaminhados à reencarnação para adquirirem instrução e entendimento.O codificador do Espiritismo pensou nos conquistadores da Antiguidade: Átila, Aníbal, Alarico I, Gengis Khan... Antes, todavia, que enunciasse nova pergunta, o mensageiro acrescentou, respondendo-lhe à consulta mental:- Não vagueiam, por aqui, os guerreiros que recordas... Eles nada sabiam das realidades do espírito e, por isso, recolheram piedoso amparo, dirigidos para o renascimento carnal, entrando em lides expiatórias, conforme os débitos contraídos.- Então, dize-me, - rogou Kardec, emocionado - que sofredores são estes, cujos gemidos e imprecações me cortam a alma?E o orientador esclareceu, imperturbável:- Temos junto de nós os que estavam no mundo plenamente educados quanto aos imperativos do bem e da verdade, e que fugiram deliberadamente da verdade e do bem, especialmente os cristãos infiéis de todas as épocas, perfeitos conhecedores da lição e do exemplo do Cristo e que se entregaram ao mal por livre vontade. Para eles, um novo berço na Terra é sempre mais difícil.Chocado com a inesperada observação, Kardec regressou ao corpo e, de imediato, levantou-se e escreveu a pergunta que apresentaria, na noite próxima, ao exame dos mentores da obra em andamento e que figura como sendo a questão número 642, de "O Livro dos Espíritos":"Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?, indagação esta a que os instrutores retorquiram: "Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem." (...)_______________________ Do livro CARTAS E CRÔNICAS | FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER e IRMÃO X | FEB | Cap. 7……………..........
(...) "Conta-se que, certa vez, Lutero sonhara. Achava-se nos umbrais dos tabernáculos eternos. Interrogou, então, sofregamente, o anjo ali de guarda:- Estão aí os protestantes?- Não, aqui não se encontra um protestante sequer.- Que me dizes? Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?- Já lhe disse, e repito: não há aqui protestantes.- Então será que aqui estejam os católicos-romanos, os membros daquela igreja que abjurei?- Tão-pouco conhecemos aqui os filhos dessa igreja; não existem aqui romanos.- Estarão, quem sabe, os partidários de Maomé ou de Buda?- Não estão nem uns, nem outros.- Dar-se-á, acaso, que o Céu se encontre desabitado? -Tal não acontece. Incontáveis são os habitantes da casa do Pai, ocupando todas as suas múltiplas moradas.- Dize-me, então, depressa: quem são os que se salvam, e a que igreja pertencem na Terra?- A todas e nenhuma. Aqui não se cogita de denominações, nem de dogmas. Os que se salvam são os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições, guardando-se isentos da corrupção do século. Os que se salvam são os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se dos seus defeitos, renascendo todos os dias para uma vida melhor. Os que se salvam são os que amam o próximo, e renunciam ao mundo, com suas fascinações. Os que se salvam são os que porfiam, transitando pelo caminho estreito, juncado de espinhos: o caminho do dever. Os que se salvam são os que obedecem à voz da consciência, e não aos reclamos do interesse. Os que se salvam são os que trabalham pela causa da justiça e da verdade, que é a causa universal, e não pelo engrandecimento de causas regionais, de determinadas agremiações com títulos e rótulos religiosos. Os que se salvam são os que aspiram `a glória de Deus, ao bem comum, à felicidade coletiva. Os que se salvam...- Basta! - atalhou Lutero. - Já compreendo tudo: preciso voltar à Terra e introduzir certa reforma na Reforma". (...)_________________ Do livro NAS PEGADAS DO MESTRE | VINÍCIUS | FEB…………………………
Queridos amigos, como vemos, morrer e alcançar uma região feliz do mundo dos espíritos não é assim tão fácil. Está aí a receita, tanto com Allan Kardec quanto com Lutero (que foi Paulo, o apóstolo, ouvimos de Chico Xavier).E o Cristo nos advertiu: "Daí não saireis enquanto não pagardes o último ceitil". Que ele nos proteja sempre!!!Cezar Carneiro de SouzaAbaeté, 28 de março de 2014
Enviado por por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Cezar Carneiro de Souza | Imagens: http://www.feblivraria.com.br
09/04/2014
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