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Notícia

Liderança espírita



Antes de abordar o tema liderança espírita, necessário se faz desenvolver, mesmo que sucintamente, os temas Espiritismo, espírita, movimento espírita e centro espírita, fundamentais ao  trabalho do líder espírita.

Espiritismo:O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.” (24)  “O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.” (25) “O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem consequências religiosas, como toda doutrina espiritualista.”(26)  “A Doutrina Espírita é, assim, o mais poderoso elemento de moralização, por se dirigir simultaneamente ao coração, à inteligência e ao interesse pessoal bem compreendido.” (27) 

Espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.”(2) “O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Lenir corações aflitos, consolar, acalmar desesperos, operar reformas morais, essa a sua missão.” (28)

Movimento espírita: “Movimento espírita é o conjunto das atividades que têm por objetivo estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a humanidade.” (21) No O Livro dos Espíritos encontramos a informação de que a  Doutrina Espírita tem por missão “instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da humanidade”. (4) Os espíritos superiores nos advertem que uma doutrina verdadeira “será aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela prática da lei de amor na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Esse o sinal por que reconhecereis que uma doutrina é boa.” (5) 

Conclui-se, portanto que o objetivo principal da Doutrina Espírita é incentivar o homem a edificar o bem em sua intimidade, e o trabalho do líder espírita deverá ser voltado para esse objetivo, começando por si próprio, desenvolvendo as características do homem de bem (Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 17, Item 3) em si mesmo.

Centro espírita: Emmanuel nos esclarece que “Um grêmio espírita cristão deve ter, mais que tudo, a característica familiar, onde o amor e a simplicidade figurem na manifestação de todos os sentimentos.” (22) Em outra fala, o benfeitor espiritual esclarece que o templo espírita é “na essência, um educandário em que as leis do ser, do destino, da evolução e do Universo são examinadas claramente, fazendo luz e articulando orientação. Um templo espírita, revivendo o Cristianismo, é um lar de solidariedade humana, em que os irmãos mais fortes são o apoio aos mais fracos e em que os mais felizes são trazidos ao amparo dos que gemem no infortúnio.” (23)

Portanto, a casa espírita deve ter as características de um lar, onde a família humana encontre a instrução e o amor a clarear a mente e acalentar o coração.

LIDERANÇA: Segundo o dicionário Houaiss, líder é o “indivíduo que tem autoridade para comandar ou coordenar outros, pessoa cujas ações e palavras exercem influência sobre o pensamento e comportamento de outras". (20)

No O Evangelho Segundo o Espiritismo (Capítulo 10, Item 13) Kardec nos ensina que “Aos olhos de Deus, uma única autoridade legítima existe: a que se apoia no exemplo que dá do bem". (1) No O Livro dos Espíritos (Questão 274), os espíritos superiores no ensinam que “Os espíritos tem uns sobre os outros a autoridade correspondente ao grau de superioridade que hajam alcançado, autoridade que eles exercem por um ascendente moral irresistível.” (3)

Jesus, em seus ensinamentos, advertiu sobre a necessidade de os discípulos serem exemplos, se tornarem líderes no sentido de inspirarem os homens a vivenciarem a sua doutrina. Essa advertência serve para todos os cristãos, especialmente para aqueles que se encontram encarregados de tarefas de direção nas instituições cristãs, se tornando exemplos para os demais.  As palavras e as atitudes do líder devem servir de inspiração aos demais:  “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe[1], e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita glória[2] aos outros.”– Efésios 4:29  /  “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos[3] de Deus.”  1 Pedro 4:11 “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras.” – Tito 2:7 / “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu fiz, façais vós também.” - Jesus – João 13:15

O líder deve trabalhar sua iluminação interior, desenvolvendo a reforma íntima com base nos ensinos de Jesus, e refletir sua luz interior, através de suas ações e palavras. Jesus disse:  “Vós sois a luz do mundo.” – Mateus 5:14

O instrutor Emmanuel ensina-nos que “Se muito podes realizar, a benefício do próximo, por aquilo que sabes, somente conseguirás renovar os semelhantes por aquilo que és.” (29)  O verdadeiro líder é aquele que por suas atitudes e seu modo de ser inspira os outros a se modificarem, a desenvolverem a vontade de adquirir as mesmas qualidades que ele possui.

O exemplo contagia, estimula as pessoas a agirem da mesma forma. João Evangelista ensina a importância do exemplo: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos.” – 1 João 3:16

Jesus advertiu os escribas e fariseus pela sua conduta em desacordo com a crença que professavam, demonstrando a necessidade de as palavras serem acompanhadas dos exemplos que a testifiquem. Aqueles que estão à frente do movimento espírita, nos diversos âmbitos, devem ser os primeiros a trabalharem pela renovação íntima, se tornando exemplos de esforço constante na edificação de um novo eu, com base nos ensinos do Mestre Jesus: “Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” - Mateus 23: 1, 2, 27 e 28.

O apóstolo Paulo, ciente de sua responsabilidade enquanto líder, de seu dever em ser exemplo no trabalho do Cristo, deixa este belíssimo ensinamento em sua segunda carta aos Coríntios: “Pelo contrário, em tudo recomendamo-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.” -  2 Corintios 6: 4 ao 10

O modelo de liderança proposto por Jesus possui vários pontos que o caracterizam, dentre os quais se destacam:

1) Ter um objetivo moral elevado diante da vida, um plano de trabalho a ser desenvolvido: Jesus possuía uma proposta de trabalho que ele próprio veio desenvolver, juntamente dos discípulos: “Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Percorria Jesus toda a Galileia, ensinado nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.” – Mateus 4: 17 e 23.

É necessário elaborar um projeto de ação, com a forma de desenvolvimento e as metas a serem atingidas. O objetivo maior do líder espírita deve ser trabalhar pela edificação de um mundo melhor, incentivando as pessoas a se tornarem melhores.

2) Combater em si mesmo a vaidade - Jesus disse:  “Eu não aceito glória que vem dos homens” – João 5: 41. Com essa afirmação, Jesus mostra a necessidade de o líder não se deixar levar pela vaidade por ocupar cargos ou funções dentro do movimento espírita. O líder deve desenvolver suas tarefas objetivando o bem do próximo e não agir por vaidade, buscando prestígio social, reconhecimento das pessoas, entre outros benefícios diante da sociedade.

3)  Trabalhar para obra divina e não para si próprio - Jesus ensina que devemos agir diante do mundo levando em conta a vontade de Deus, realizando a sua obra, consoante os ensinos morais ensinados por Moisés, por Jesus e pela Doutrina Espírita. O líder deve buscar compreender qual a vontade de Deus, buscando a melhor decisão para cada questão que surgir, não se deixando levar pelo personalismo, impondo suas vontades e convicções íntimas, conforme Jesus nos ensinou: “Não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.” – João 5: 30

4)  Fidelidade - O líder deve ter firme decisão pelo ideal cristão e firmeza de propósitos, sendo fiel aos ensinos da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus Cristo: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro.” – Mateus 6:24

5) Perseverança - Jesus adverte sobre as dificuldades a serem enfrentadas pelos discípulos e solicita a perseverança ante os desafios: “Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.” – Mateus 10: 22

6)  Esforço contínuo - O líder deve trabalhar decididamente e continuadamente pela luz. Seu esforço deve ser constante, vencendo as barreiras do comodismo, esforçando-se diariamente na execução de seus objetivos existenciais, conforme nos ensina Jesus: “E os judeus perseguiam Jesus, porque fazia essas coisas no sábado. Mas ele lhes disse: meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” – João 5: 16 e 17

7)  Alegria íntima -  O líder deve desenvolver a alegria íntima de viver e auxiliar seus irmãos a desenvolver essa alegria interior. Viver com alegria, conforme nos ensina Jesus: “Tenho vos dito essas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo.” – João 15: 11

8) Entusiasmo - O líder deve entusiasmar-se pela causa e demonstrar a grandeza dos ideais espíritas-cristãos aos seus irmãos. Jesus conscientizou os discípulos da grandeza das revelações que eles estavam recebendo: “E, voltando-se para os seus discípulos, disse-lhes particularmente: Bem-aventurados os olhos que veem as coisas que vós vedes. Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram.” – Lucas 10: 23 e 24

9) Motivação - Jesus ensina que o melhor método de motivação é o amor: “Pois o amor de Cristo nos constrange. Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu.” – 2 Corintios 5: 14 e 15

10) Saber o momento de elogiar e advertir - O líder deve ter o bom senso para a prática do elogio, incentivando o trabalho e as conquistas de seus irmãos e também para advertir quanto aos equívocos, quando necessário, conforme nos ensina Jesus: “Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. – Mateus 16:17  / “Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: ‘Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens’.” – Mateus 16: 23

11)           Saber ouvir - O líder deve ouvir seus irmãos, saber suas necessidades, dificuldades, conhecimentos, conquistas, anseios íntimos. Somente é capaz de instruir aquele que primeiramente souber ouvir. O saber ouvir gera afinidade, confiança, sentimento de consideração por parte de quem se expressa. Jesus ouvia os discípulos: “Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: ‘Quem diz o povo ser o Filho do Homem?’” – Mateus 16:13

12)           Sinceridade, ser verdadeiro - O líder deve se expressar de forma honesta e sincera, porém, de forma amorosa e tendo em vista o bem do outro. Ser fiel às suas convicções a cada atitude, ser verdadeiro com todos, conforme nos ensina Jesus: “Declarou-lhe Jesus: eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas quanto no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto.” – João, 18: 20

13)           Coragem - O líder deve ter a coragem de viver suas crenças e ideais em todos os instantes de sua vida, enfrentando com destemor todas as consequências advindas de sua coragem. Jesus demonstrou coragem ante os desafios: “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia.” – Mateus, 16: 21  / Em outra passagem, Jesus encoraja Paulo aos desafios da vida: “Na noite seguinte, o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: ‘Coragem! Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma’.” – Atos, 23: 11

14)           Iniciativa - O líder deve ter atitude diante da vida e não apenas reagir aos acontecimentos. Jesus teve a iniciativa de vir até nós, ensinando-nos que devemos ir até o nosso irmão, ter a iniciativa de nos aproximarmos uns dos outros, criando vínculos afetivos, e auxiliando a todos, tendo a consciência de que nem todos compreenderão nosso ideal de vida, aos quais devemos respeitar o livre-arbítrio: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome.” – João, 1: 11 e 12

 15)           Capacidade de perdoar, compreender - O líder deve ter a consciência de que cada um está em um determinado estágio evolutivo, e deve compreender e perdoar as atitudes equivocadas de seus irmãos, trabalhando sem exigências pelo melhoramento moral de todos. Jesus trabalhou e trabalha incansavelmente pelo melhoramento moral de todos nós, e no momento em que sofreu as agressões humanas, no dia do calvário, assim reagiu: “Contudo, Jesus dizia: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’.” – Lucas, 23: 34

16) Autoencontro - O líder deve trabalhar pelo seu autoencontro com a essência divina que nele habita. Desenvolver a unidade de pensamento e sentimento com a energia cósmica universal e incentivar seus irmãos em humanidade a desenvolverem esse encontro consigo mesmos e com a divindade, conforme nos ensina Jesus: “Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;  eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade”. – João, 17: 22 e 23

17)           Necessidades reais - O líder deve se conscientizar de suas reais necessidades diante da vida e inspirar os seus irmãos a buscarem essas necessidades, conforme nos ensina Jesus: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará.” – João, 6: 27   /   “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” – Mateus, 4: 4

 18)           Agir por amor, pelo amor e para o amor -  Jesus ensina que o líder deve tratar a todos da mesma forma que gostaria de ser tratado, sem distinção: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós a eles.” (Mateus, 7: 12).  O amor deve ser o sentimento que deve nortear todos os relacionamentos entre os cristãos, e o líder deve trabalhar por amor aos semelhantes, pelo amor, trabalhando pela união fraternal de todos, e para o amor, como sentimento por excelência, que tornará todos os homens irmãos em Cristo Jesus: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” – João, 13: 34 e 35

19)           Cuidado aos liderados - O líder deve cuidar de todos, auxiliando em suas dificuldades e em suas dores, conforme Jesus exemplificou: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” – Mateus 11: 28; e em outra passagem Jesus nos ensina: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. – João, 10: 10 e 11.

20)           Líder servidor - O líder não deve buscar ser servido, mas ser o servidor de todos: “Sabeis que os governadores[4] dos povos os dominam e que os maiorais[5] exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, que quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal qual o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos.” – Mateus, 20: 25 ao 28

O apóstolo Pedro também traz importante contribuição para o tema, quando instrui os presbíteros acerca do desenvolvimento de suas tarefas na igreja cristã primitiva: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.”  – 1 Pedro 5: 2 e 3

21)           Formação e desenvolvimento de equipe: Jesus ensinou a necessidade de trabalhar em equipe. Iniciou com doze discípulos, depois esse número passou para setenta e hoje são milhares pelo mundo. Dentre as diretrizes que utilizou ante a equipe, citaremos:

a)             Jesus nos ensina que o líder deve descobrir e aproveitar as potencialidades individuais de cada trabalhador da equipe: “Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: ‘Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens’”. – Mateus, 4: 18 e 19

b) Jesus nos ensina que o líder deve incentivar os irmãos a desenvolverem suas potencialidades, outorgando responsabilidades, tarefas, evitando, assim, que eles fiquem dependentes o tempo todo do próprio líder. A principal função do líder com relação aos companheiros de jornada deve ser a de estimulá-los a desenvolverem os potenciais espirituais que trazem dentro de si, levando-os a se tornarem líderes, exemplos para outras pessoas. Jesus era luz: “Eu sou a luz do mundo” – João, 8: 12 – e incentivou os discípulos a desenvolverem sua própria luz interior: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens” – Mateus, 5: 16

c) Jesus incentivou os discípulos a agirem com independência, enviando-os para os trabalhos de divulgação do Evangelho sem a sua presença. Cabe ao líder delegar tarefas ao companheiros de ideal: “Depois disso, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para  ir. Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: ‘Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome!’” – Lucas, 10: 1 e 17

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O escritor espírita Alírio de Cerqueira Filho, ao abordar o tema lideranças, nos traz as características de três tipos de líderes. Vejamos:

 

Liderança autocrática - O líder impõe a sua vontade aos liderados, estabelecendo, de uma forma unilateral, com autoritarismo, as diretrizes de trabalho. (6)

Comunicação reativa - O comunicador reativo, individualista, tem a intensão de convencer os demais que a sua forma de entender a questão é correta, ou a melhor. Tende a querer convencer, levando o outro a desistir, num movimento de prepotência. O outro é tratado como um adversário a ser vencido. Não abre espaço mental para ouvir a opinião dos outros e fica, o tempo todo, na autodefesa. Quando alguém ousa contestar o seu ponto de vista, reage, ficando irritado, colérico, produzindo desavenças na relação com os outros. (7)

Liderança permissiva - O líder age com uma pseudobondade, permitindo que cada um aja conforme deseja, com medo de exercer a autoridade e gerar descontentamento. (8)

Comunicação passiva - Caracterizada por sentimentos de insegurança e impotência. O foco principal é fugir à divergência de opiniões. Um movimento de autoanulação, no qual tentam evitar o conflito se calando e oferecendo todo o espaço para o outro se manifestar. A pessoa se cala por fora, mas na intimidade fica ruminando o conflito. Gera um processo de comunicação inautêntico, no qual se evita assuntos que causam controvérsia, para não dar margem à critica por parte do outro. (9)

Liderança proativa - Na prática da liderança proativa é fundamental o exercício da autoridade, que se fundamenta, especialmente, no exemplo de boa conduta exercida com amor. O líder proativo deverá ser o primeiro a se dedicar ao trabalho do bem. Não é pessoa perfeita, mas a que busca aperfeiçoar a cada instante e isso lhe gera autoridade moral sobre o grupo.  Não se coloca como dono da verdade – como o líder autocrático –, tampouco deixa de assumir – como o líder permissivo – uma postura firme e decisiva, centrada nos seus exemplos de dedicação ao bem. Sempre que possível busca o consenso nas tomadas de decisão, por ser esse o melhor caminho, pois gera comprometimento de todos com os resultados a serem alcançados. Quando isso se torna impossível, busca, da forma mais democrática, respeitar a decisão da maioria, conduzindo a minoria divergente, com muito respeito à sua opinião, a se comprometer com o resultado coletivo, evitando-se boicote da atividade por terem uma posição diferente dos demais. O líder é um elemento estimulador dos sentimentos de respeito e valorização da diversidade da equipe em prol da unidade de propósitos. O papel do líder é semear as sementes do amor, estimulando o potencial de cada pessoa de sua equipe a produzir de acordo com as suas potencialidades. Por isso não cabe ao líder, como semeador, exigir a germinação e frutificação da semente.[6] A germinação vai depender do terreno onde cair, isto é, do potencial do liderado. (10)

Comunicação proativa - Tipo de comunicação essencial, cujo objetivo é a busca do consenso, compartilhar opiniões diferentes, compreendendo cada um as razões do outro, para se chegar a uma meta única. O foco principal é a convergência de opiniões diferentes, para se chegar a um resultado único. (11)

Para finalizar o presente artigo, iremos fazer breves apontamentos sobre o “Projeto Espiritizar”. “O Projeto Espiritizar objetiva servir de instrumento ao movimento espírita para que a Doutrina Espírita seja promovida. O Projeto Espiritizar desenvolve em suas ações a tríade Qualificar, Humanizar e Espiritizar, proposta pela mentora Joana de Ângelis ao movimento espírita, pela mediunidade de Divaldo Franco. Para que esse objetivo seja alcançado, o Projeto Espiritizar trabalha em três focos principais:”(17)

QUALIFICAR - O processo de qualificar está no nível da dimensão do saber. O primeiro passo para realizar qualquer ação é conhecer aquilo que estaremos sendo chamados a lidar. Através dele os dirigentes e trabalhadores espíritas aprendem o quê e como fazer as tarefas que estarão realizando na casa espírita.(12) Realizar ações operacionais, nos campos administrativo e doutrinário, buscando a eficiência e a eficácia[7], de modo a se conseguir o objetivo principal da Doutrina Espírita. (15)

HUMANIZAR - Tem a ver com a dimensão do sentir, pois não basta conhecer a Doutrina Espírita; é necessário senti-la em nossos corações. Fundamental, portanto, desenvolver amor pela Doutrina e por aquilo que realizamos no movimento espírita. (13)  Realizar ações para conhecer, refletir, sentir e vivenciar o Evangelho de Jesus, redivivo pela Doutrina Espírita em nossas vidas. (16)

ESPIRITIZAR - É o resultado da união entre o qualificar e o humanizar. Significa tornar-se verdadeiramente espírita, vivenciando em si mesmo o que realiza no movimento espírita. (6) Realizar ações para se aprofundar nas bases kardequianas da Doutrina Espírita, aproximando cada vez mais movimento e Doutrina, de modo a criar uma consciência espírita para que a finalidade maior do Espiritismo seja cumprida, restaurando o Cristianismo primitivo para vivenciarmos plenamente o sentido do Espiritismo em nossas vidas, tendo Jesus como modelo e guia, e Kardec como norteador para nos direcionar até o Cristo. (17)

REFERÊNCIAS

 

Referências bíblicas

ALMEIDA, João Ferreira. Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo: com explicações das máximas morais do Cristo em concordância com o espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida / por Allan Kardec; [tradução de Guillon Ribeiro, da 3. ed. Francesa, revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866]. 4. ed. – 3º reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. p. 217. 

2. _____ p. 352.

3. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita: espiritismo experimental ; tradução de Guillon Ribeiro. – 2. ed. Especial – 2ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. p.  226.

4.____ p. 68.

5.____ p. 473.

6. CERQUEIRA FILHO, Alírio de. Jesus e Kardec: modelos para os trabalhadores do movimento espírita: ações para qualificar, humanizar e espiritizar. Santo André, SP: Editora Bezerra de Menezes. 2ª Edição. 2006. p. 214.

7.____ p. 242.

8.____ p. 215.

9.____ p. 242-243.

10.____ p. 216-219.

11.____ p. 243.

12.____ p. 30.

13.____p. 30-31.

14.____ p. 31.

15. CERQUEIRA FILHO, Alírio de. A sublime oração de Francisco de Assis: uma reflexão psicológica transpessoal-consciencial sobre a oração cósmica de Francisco de Assis para a construção de um novo Eu. Cuiabá: Editora Epiritizar, 2013. p. 248.

16.____ p. 248.

17.____p. 248.

18.___p. 247-248.

19. CERQUEIRA FILHO, Alírio de. Fora da Caridade não há salvação. São Paulo: Editora Bezerra de Menezes, 2009. p. 265-271.

20. HOUAISS, Antonio (1915-1999) e Villar, Mauro Salles (1939-19--). Dicionário Houaiss da língua portuguesa / elaborado pelo Instituto Antonio Houaiss de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 1177.

21. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Divulgue o Espiritismo, uma nova era para a humanidade. Documento aprovado pelo Conselho Federativo Nacional, CFN, (em 1996) e pelo Conselho Espírita Internacional, CEI, (em 1998). Brasília, FEB. p. 2.

22. EMMANUEL (Espírito). O Consolador / pelo espírito Emmanuel; obra psicografada por Francisco Candido Xavier. – 28. ed. – 3ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. p. 284.

23. XAVIER, Francisco Candido, VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001. Cap. 39 (Espíritas, meditemos – mensagem de Emmanuel), p. 222-223. 

24. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 55. ed.  – 1ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2009. p. 55.

25._____ p. 54.

26. KARDEC, Allan. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 40. ed. – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2007. p.  289.

27. _____ p. 427.

28. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 80. ed. – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2007. p.  47.

29. XAVIER, Francisco Candido. Livro da esperança. Pelo espírito de Emmanuel. 22. ed. – Uberaba/MG: Comunhão Espírita Cristã, 2012. p. 188.



[1] Mal, sem valor, que faz mal aos outros.

[2] Faça o bem.

[3] Ensinamentos.

[4] Líderes.

[5] Grandes.

[6] Paulo, em 1 Corintios 3: 6 e 9 nos ensina: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.”

[7] Segundo Alírio de Cerqueira Filho, “Eficiência é a qualidade em cumprir as tarefas e funções de forma efetiva. É realizar de forma melhor possível aquilo que é proposto. Eficácia é a qualidade de se realizar ações sempre com o sentido útil. Realizar ações que tenha um sentido para o objetivo maior do trabalho a ser realizado. Para saber se o nosso trabalho está sendo eficiente e eficaz, é fundamental perguntarmos: as atividades que estão sendo realizadas em nosso centro espírita ajudam a transformar o espírito imortal?” (19)







Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Aliança Municipal Espírita de Piumhí | espiritismo1860@yahoo.com.br (Org.)
20/11/2014
 


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