Do telescópio de Monte Palomar, de cinco metros, podem ser observadas cerca de um bilhão de galáxias, algumas situadas tão longe, no espaço, que a luz que delas contemplamos é a das que a expediram em nossa direção antes que a Terra existisse.
Um bilhão de galáxias! Se um raio de luz começasse a percorrer a nossa modesta galáxia, deslocando-se com a incrível velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, levaria cem milênios para atravessá-la. E a nossa é das menores já observadas. E se move, toda ela, com o nosso Sol e todo o nosso Sistema, em torno do centro galático, a uma velocidade de 290 mil metros por segundo. Aliás, ela integra um aglomerado com mais de vinte outras galáxias...
Existem, porém, aglomerados galáticos conhecidos, com mais de cem galáxias. E dizer-se que só na nossa modesta galáxia existem mais de cem bilhões de sóis! Esses mundos incontáveis são, como disse Jesus, as muitas moradas da casa do eterno Pai. É neles que nascem, crescem, vivem e se aperfeiçoam os filhos do Criador, a grande família universal. São eles as grandes escolas das almas, as grandes oficinas do espírito, as grandes universidades e os grandes laboratórios do Infinito. E são também — Deus seja louvado! — os berços da Vida.
Como os grandes espíritos são solidários entre si, também o são os mundos e as humanidades que eles governam em nome do Criador. Quando Sírius, da constelação do Grande Cão, atingiu a posição de sistema de orbes regenerado, muitos espíritos orgulhosos e rebeldes que lá habitavam foram transferidos para Capela, da constelação do Cocheiro, que era, na ocasião, um sistema de mundos de provas e expiações. No transcurso dos milênios, esses degredados, já redimidos, regressaram, em sua maioria, aos seus celestes pagos, ou se incorporaram às coletividades capelinas, das quais se fizeram devotados condutores. Houve, porém, numerosas entidades, de poderosa inteligência, mas de renitente coração, que não apenas perseveraram em sua rebeldia, mas lideraram, além disso, legiões de tresloucados seguidores de suas incontinências. Esses os espíritos que, indesejáveis em Capela, quando aquele sistema alcançou o estágio de orbes de regeneração, foram banidos para a Terra, onde a magnanimidade do Cristo os recebeu e amparou.
Tais degredados não vieram, porém, sozinhos, como se fossem imenso rebanho abandonado à violência das procelas. Alguns dos seus grandes líderes, já redimidos, renunciaram, por amor a eles, à glória e à felicidade do regresso a Sírius, e desceram, à sua frente, aos vales de dor da Terra primitiva, na condição de grandes guardiães, colocando-se humildemente a serviço do Cristo planetário.
Recebendo-lhes a amorosa cooperação, o sublime Governador da Terra utilizou-lhes os préstimos e honrou-lhes a dedicação, tanto no espaço quanto na Crosta. É assim que, mesmo antes do messianato do Senhor Jesus, a história registra a passagem, entre os homens, de luminosos gênios espirituais, como os respeitáveis sacerdotes do antigo Egito, os veneráveis mahatmas da velha Índia e os vultos sumamente admiráveis de Fo-Hi, Lao-Tsé, Confúcio, Buda, Ésquilo, Heródoto e Sócrates.
Foi, porém, entre os hebreus, povo escolhido para acolher no seu seio o Messias divino,que esses gloriosos missionários mais freqüentemente se manifestaram, a começar pelo maior de todos, o grande condutor dos degredados, que seria, na Terra, o neto de Abraão, aquele Jacó que se transformaria em Israel, pai das doze tribos que se derivaram dos seus doze filhos. Sempre atuante e "sempre fiel, ele voltaria depois, como Moisés e como Elias, para tornar novamente ao mundo na figura sublime do Batista".
Tal como ele, Abraão, que foi mais tarde Salomão e depois Simão Pedro; Isaac, que seria Daniel e posteriormente João, o Evangelista; José, o chanceler do Egito, que viria a ser Davi e depois Paulo de Tarso; e muitos outros, dentre os quais quase todos aqueles que, a chamado de Jesus, integrariam o seu colégio apostólico.
Mas o amor sublime de excelsos espíritos de Sírius não abandonou os antigos companheiros, e foi de lá, daquele orbe santificado, que vieram, desde os primórdios da Terra, para auxiliar voluntariamente ao Cristo Jesus, aqueles seres extraordinários que cercaram, no mundo, o Messias, como Ana e Simeão, Isabel e Zacarias, e principalmente o carpinteiro José e a santa mãe Maria.
As crônicas do mundo espiritual acerca de numerosas figuras do luminoso séquito do Cristo não podem ser aqui mencionadas e muito menos reproduzidas, e nossas modestas anotações visam apenas a dar muito pálida ideia de como os fatos maravilhosos do amor estão na base de todos os movimentos de redenção, em todas as dimensões do Infinito.
A verdade é que quanto mais elevados na hierarquia da vida mais os espíritos se votam ao amor e à renúncia, ao trabalho e ao sacrifício, em benefício de seus irmãos menos adiantados na senda evolutiva. Esse soberano sentido de solidariedade é princípio divino que inspira as grandes almas e as leva a adiar indefinidamente a realização de sublimes ideais de ventura pessoal, até que esses ideais, ao que imaginamos, acabam por diluir-se naturalmente no infinito amor divino, totalizador e eterno, que nenhum egoísmo pode jamais empanar.
São exemplos dessa maravilhosa realidade a mãe e o precursor do excelso Mestre, cujo intraduzível devotamento os fez trocar seus luminescentes paraísos pelo serviço permanente e sacrificial a uma humanidade ignorante e sofredora.
Jesus disse à esposa de Zebedeu que só se assentariam à sua direita e à sua esquerda no reino dos Céus aqueles a quem o Pai havia reservado esses lugares, porque sabia que o Eterno já elegera para esses supremos ministérios o grande Batista e a magnânima Maria de Nazaré; o primeiro para reger, sob a sua crística supervisão, os problemas planetários da Justiça, e ela para superintender, sob a sua soberana influência, as benevolências do amor. Por isso, todos os decretos lavrados pelo sublime chanceler da Justiça somente são homologados pelo Cristo depois de examinados e instruídos pela excelsa advogada da humanidade, a fim de que nunca falte, em qualquer processo de dor, as bênçãos compassivas da misericórdia e da esperança.
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Do livro "Universo e vida" | Hernani T. Sant’Anna | FEB
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Carlos Eduardo Cennerelli | Imagem in: http://www.orelhadelivro.com.br/livros/545543/universo-e-vida/
14/01/2015
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