Chico Xavier no Grupo Espírita da Prece em Uberaba, Minas Gerais
1)
Baccelli, para o senhor, comprovar, de forma acadêmica, a veracidade de cartas
psicografadas por Chico Xavier é necessário:
R – Para
mim, particularmente, não, porque, em verdade, tive, durante quase 30 anos,
oportunidades de verificar in loco tal comprovação pelos próprios
familiares destinatários das referidas cartas psicografadas. Aliás, o maior
atestado de sua autenticidade era
fornecido pela reação positiva dos familiares aos quais as mensagens
psicografadas por Chico Xavier eram dirigidas, nas sessões públicas de
psicografia que ele realizava. Os depoimentos, que muitas vezes eram dados
espontaneamente pelos familiares dos espíritos que se comunicavam, excedem
qualquer forma de comprovação acadêmica, que, a meu ver, está chegando
tardiamente, porque quando Chico estava encarnado, poucos foram aqueles que
tomaram a iniciativa de estudar o fenômeno que ele próprio era.
2) À luz do Espiritismo, para o senhor, quais indícios ou informações contidas
nessas mensagens já são, por si só, provas da autoria de pessoas falecidas que
se comunicaram com os seus entes através de Chico Xavier?
R – Simples! Chico, por exemplo,
psicografava, em média, 7 a 10 cartas por reunião. Acresce que, quando dispunha
de mais saúde, as reuniões eram realizadas 3 vezes durante a semana – às
segundas-feiras, às sextas e aos sábados. Teríamos,
então, calculando por baixo, cerca de 20 e poucas mensagens por semana!!! O
que nos dá um total de quase 100 cartas por mês, contendo, cada uma delas, um
mundo de informações – nomes, apelidos, datas, citações, enfim, as mais
variadas... Ora, numa época em que, praticamente, não existia Internet, em que Chico Xavier pouco saía
de sua casa, aonde será que ele iria buscar tantas e tantas informações,
inclusive, com muitas cartas sendo assinadas pelos remetentes com a própria
caligrafia?!?
3) Esse
estudo da UFJF traz algum benefício à memória de Chico Xavier, quanto à
autenticidade dessas cartas?
R – A
memória de Chico Xavier, (vocês nos perdoem), não carece de comprovações de sua
mediunidade para ser preservada e reverenciada, porque o homem Chico Xavier era
muito maior que o médium Chico Xavier – possuindo, no mínimo, o mesmo tamanho!
Chico, como pessoa humana e servo fiel de Jesus Cristo, não carece de tais
benefícios à sua memória! Agora, sem dúvida, para os mais céticos, o estudo é
sempre válido!
4) Esse
estudo da UFJF é positivo para a psicografia em geral?
R – Creio
que sim; não obstante, a UFJF deve estar preparada para não sair por aí à
procura de outro Chico Xavier, porque, positivamente, ela não irá encontrar.
Francisco Cândido Xavier foi e, durante muito tempo, continuará sendo um
fenômeno único. No mundo inteiro, não há sensitivo que se compare a Chico
Xavier!
5) Porventura
uma pesquisa acadêmica será suficiente para provar aos céticos a autenticidade
de cartas psicografadas?
R – Os céticos, em geral, são como Tomé:
continuarão sempre na exigência de mais comprovações. Agora, que uma coisa fique bem clara: o Espiritismo, como Doutrina, não
está preocupado com isso. A fé é conquista individual! Para satisfazer os
incrédulos, o Céu não promoverá manifestações retumbantes, inclinando-se aos
caprichos pessoais deste ou daquele, como se acreditar em Deus fosse um favor
que fizéssemos a Ele!...
6) Para o
senhor, o que realmente importa quando entrega uma carta psicografada a uma
família que busque consolo na fé da existência da vida após a morte?
R – A sensação de meu dever mediúnico
cumprido! Crer ou não crer na carta psicografada não é comigo! Se eu não
tivesse a mínima confiança pessoal na autenticidade de uma mensagem
psicografada por meu intermédio, eu não conseguiria escrever uma linha sequer!
Cumpro com o meu papel e fico feliz quando alguém se conforta com uma página de
além-túmulo que os espíritos tenham tido oportunidade de psicografar por minha
mão. Não obstante, percebo que caso eu não fosse um instrumento tão imperfeito,
os espíritos teriam logrado muito mais – e essa constatação me deixa um tanto
quanto frustrado.
7) Qual a
sua mensagem sobre as cartas psicografadas e o seu real significado na Doutrina
Espírita?
R – As
cartas familiares psicografadas não passam de simples tijolo no edifício
doutrinário do Espiritismo. O que, em
geral, elas significam é fomentar a crença na imortalidade, combatendo o
materialismo que grassa desastroso em nossos dias do ponto de vista moral,
conduzindo o mundo para um suicídio coletivo. Cada carta, encerra, pois,
uma mensagem muito maior do que as suas laudas possam conter.
8) Sob
outro aspecto, como o senhor define Chico Xavier?
R – Um dos maiores fenômenos humanos da
história da humanidade e, sem dúvida, o maior fenômeno mediúnico de todos os
tempos, dentro e fora da Doutrina Espírita.
9) Aos 17
anos, o senhor se interessou pela Doutrina Espírita, em buscar respostas ao seu dom. Desde então
dedica-se à religião e à caridade. Em 2007, quando o entrevistei, o senhor já
havia publicado 105 livros, sendo 15 biografias de Chico Xavier. O senhor
publicou mais livros de lá para cá? Quais são?
R – Sim,
tiveram publicação. No entanto, o que importa não é a quantidade, mas a
qualidade. Felizmente, os livros de minha despretensiosa lavra mediúnica têm
sido muito úteis mesmo a mim, nas reflexões que efetuo a respeito da vida além
da morte do corpo carnal. Se estão sendo úteis a outros, sinceramente não
sei.
10) Qual
a sua mensagem religiosa para os que creem na Doutrina e também aos que não
creem?
R – Acredito que outra mensagem maior
não existiria do que aquela de Jesus Cristo, que, aliás, Chico Xavier sempre
fazia questão de repetir: “Amai-vos uns
aos outros como eu vos amei”. Fora do amor de Jesus o mundo não tem saída – caminhará,
a passos largos, para a bancarrota espiritual! E ninguém precisa ser
profeta ou médium para dizer isso!