1 – O que fazer diante de um animal de estimação, um cachorro, por exemplo, que em avançada idade enfrenta doença de longo curso, a impor-lhe limitações e dores?
O mesmo que faríamos por um familiar muito querido: cuidar dele com carinho e atenção, buscando sempre melhorar sua condição de vida e amenizar seus padecimentos.
2 – Não seria razoável praticar a eutanásia, evitando dores maiores para o animal?
Se a razão rejeita a eutanásia, em se tratando de familiares queridos em idêntica situação, por que fazê-lo com os animais? A principal objeção à eutanásia humana é o fato de que ela coloca a morte a serviço do homem, não de Deus. Por que seria diferente com os animais?
3 – Sabemos que doenças e dores que afetam os seres humanos envolvem problemas cármicos, algo que não ocorre com os animais. Por que deixá-los sofrer, se nada devem?
Nem sempre a dor é um problema cármico. A mulher que dá à luz não está cumprindo um carma. As dores do parto abrem as portas para a sublime experiência da maternidade. A velhice, com as limitações e dores que impõe, longe de representar um carma, prepara o espírito para o retorno ao Além, ajudando-o a superar vícios e paixões que dificultam a adaptação à vida espiritual.
4 – E quanto ao animal?
As dores que venha a enfrentar agitam sua consciência embrionária, agilizando o trânsito da animalidade instintiva para o exercício da razão, favorecendo sua promoção a ser pensante, o Espírito. Todos viemos de lá e certamente fomos trabalhados pelas dores do mundo, ao longo de multifárias reencarnações.
5 – Quando um cão é portador de leishmaniose, as autoridades sanitárias impõem a eutanásia, por medida preventiva, evitando que outros animais ou seres humanos sejam contaminados por esse terrível mal. Não é uma medida razoável e justa?
E quando o mal atinge um ser humano? Impõe-se a eutanásia? Obviamente, não. O paciente será isolado e tratado, objetivando-se a sua recuperação. O mesmo poderia ser feito com os animais contaminados. Ocorre que as autoridades agem de forma simplista. É mais fácil e barato eliminá-los do que isolá-los e tratá-los. Afinal – considera-se equivocadamente –, são apenas irracionais.
6 – Praticar a eutanásia animal não seria um ato de misericórdia, como recomendou Jesus, lembrando o profeta Oseias: “Misericórdia quero, não sacrifício”?
É preciso cuidado com a interpretação dos textos evangélicos. A aplicação correta desse princípio tem sentido inverso. Praticar a misericórdia com os animais seria amenizar suas dores, não sacrificá-los.
7 – André Luiz 1 diz que alguém que desencarna submetido à eutanásia pode ter problemas de adaptação à vida espiritual. O mesmo acontece com os animais?
Não sei se teriam problemas de adaptação, já que seu trânsito pela espiritualidade é breve, logo reencarnando, conforme está na questão 600, de O Livro dos Espíritos. Não obstante perdem a oportunidade de agilizar seu desenvolvimento com a dor-evolução.
8 – Fala-se hoje em ortotanásia. Seria aplicável aos animais?
Perfeitamente. Seria o comportamento ideal diante de um animal de estimação, em fase terminal. Cuidar bem dele, evitando que sofra, mediante a aplicação de medicamentos específicos, mas não fazer nada para prolongar-lhe a existência. Oportuno deixar a Natureza seguir seu curso, sob a égide de Deus.
Richard Simonetti
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Fonte: Revista Internacional de Espiritismo, nº 12, janeiro de 2013, Casa Editora O Clarim. Notas de Fernando Peron (fevereiro de 2015): 1 Segundo revelação do próprio Chico Xavier, André Luiz é, na verdade, o médico e sanitarista brasileiro Carlos Chagas (1879-1934). Ver a obra Chico Xavier, a Reencarnação de Allan Kardec (Carlos A. Baccelli, Leepp – Livraria Espírita Edições Pedro e Paulo), capítulo Chico Xavier e Corina Novelino (pág. 41). Para maior aprofundamento em inúmeros temas e estudos de interesse universal, compulsar a Série André Luiz: uma sequência de obras revolucionárias, psicografadas por Francisco Cândido Xavier, como se segue (ano de lançamento entre parêntesis): 1. Nosso Lar (1944), 2. Os Mensageiros (1944), 3. Missionários da Luz (1945), 4. Obreiros da Vida Eterna (1946), 5. No Mundo Maior (1947), 6. Agenda Cristã (1948), 7. Libertação (1949), 8. Entre a Terra e o Céu (1954), 9. Nos Domínios da Mediunidade (1955), 10. Ação e Reação (1957), 11. Evolução em Dois Mundos (1959), 12. Mecanismos da Mediunidade (1960), 13. Conduta Espírita (1960), 14. Sexo e Destino (1963), 15. Desobsessão (1964), 16. E a Vida Continua... (1968). As obras de número 11, 12, 14 e 15 são em parceria com o médium Waldo Vieira. A obra de número 13 foi psicografada unicamente por Waldo Vieira (Chico Xavier psicografou apenas o prefácio, pelo espírito Emmanuel). Todas foram publicadas pela FEB – Federação Espírita Brasileira. 2 O Livro dos Espíritos. Allan Kardec. Várias editoras.
Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Projeto Saber e Mudar | 15/06/2015 | Imagem in: bolsademulher.com
18/06/2015
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