1.
Há dez anos desencarnava Chico Xavier, justamente no dia 30 de junho de
2002, em que o Brasil comemorava a conquista do pentacampeonato mundial
de Futebol. Há alguma relação entre esses dois acontecimentos?
Na
própria desencarnação, Chico revelou sua grandeza espiritual. À
semelhança dos grandes iniciados da cultura oriental, elegeu para seu
retorno à pátria espiritual um dia de grande alegria para o povo
brasileiro, conforme expressara anteriormente, como a dizer que sua
partida não deveria inspirar tristezas.
2. Qual o significado de Chico Xavier para o Espiritismo?
Foi
um divisor de águas. Historicamente, temos um Espiritismo antes e
depois dele. O que Kardec mostrou em síntese, Chico desdobrou em
maravilhosa visão das realidades além-túmulo. A série André Luiz será
objeto de estudos nas universidades do futuro, quando a ciência humana
descobrir o Espírito.
3.
Você acredita que Chico Xavier seria o próprio Allan Kardec, que teria
vindo complementar sua obra, conforme anunciou no livro “Obras
Póstumas”?
É provável. Não
obstante, antes de vê-lo como um Kardec reencarnado, o que sempre
suscitará discussões estéreis que semeiam a discórdia, vejamos nele a
encarnação dos princípios sagrados da Doutrina Espírita. Graças ao seu
esforço, temos hoje uma visão muito mais ampla e esclarecedora sobre o
continente espiritual.
4. Como você estabeleceria uma sequência para o trabalho de Chico Xavier, em relação ao Espiritismo?
Nas
centenas de livros que psicografou, Chico representou o tríplice
aspecto do Espiritismo – Filosofia, Ciência e Religião. Sobretudo, foi o
grande representante do Consolador prometido por Jesus nessa literatura
do sublime que compõe sua obra, a exaltar o Bem e a Verdade,
proporcionando-nos abençoados recursos para encarar com serenidade as
vicissitudes da existência humana.
5. O que você destacaria – o homem Chico Xavier ou o médium Chico Xavier?
O
médium Chico Xavier não teria essa unanimidade de aceitação popular,
sempre entre os primeiros nomes, em pesquisas de opinião pública, nem
seria o grande vulto do Espiritismo no Brasil, sem a humildade e a
disciplina do homem Chico Xavier.
6. Tendo em vista a infância sofrida e a vida difícil de Chico Xavier, podemos dizer que ele veio em provação?
Negativo.
Como todos os missionários autênticos, Chico escolheu vida difícil, a
fim de não se desviar de sua missão. O espinho na carne a que se referia
o apóstolo Paulo, é um acessório indispensável para aqueles que não
pretendem transviar-se nos caminhos do Bem. É ele que nos obriga a
caminhar com cuidado; é ele que não nos permite esquecer Deus.
7. A seu ver, qual a obra maior de Chico Xavier?
Foi
aquela que ele próprio escreveu: uma existência exemplar de inteira
dedicação ao próximo. Será lembrado para sempre, não apenas pelo
conteúdo dos livros maravilhosos que psicografou, mas, sobretudo, porque
se manteve fiel aos seus compromissos, sem desvios, como um dos poucos
cristãos capazes de repetir com o apóstolo Paulo: Já não sou eu quem
fala, mas o Cristo que vive em mim.
8.
Emmanuel e André Luiz, as duas expressões maiores do trabalho de Chico,
continuarão a se manifestar por intermédio de outros médiuns?
Segundo
informação do próprio médium, Emmanuel reencarnou no ano 2000, em
cidade do Estado de São Paulo. Quanto a André Luiz, poderia
perfeitamente continuar seu abençoado trabalho. É uma questão de escolha
pessoal. Creio, entretanto, que, a fim de evitar controvérsias, ele
tenderia a optar por outra identidade, o que, aliás, fez anteriormente.
Sabemos que André Luiz é Carlos Chagas, conforme revelou Chico Xavier.
Como ensinava Kardec, o que importa é o conteúdo da mensagem, não o nome
do autor.