O caráter de Chico Xavier e sua identidade espiritual |
O caráter de Chico Xavier É um equívoco muito grande entender a mansidão e humildade de Francisco Cândido Xavier, sua doçura e simplicidade de trato, como “uma personalidade fraca, pusilânime, passiva”; e claramente um sofisma, basear essa ousada afirmação no conhecido episódio em que o venerando médium mineiro gritou de medo, durante um voo em que a aeronave atravessava uma zona de fortíssima turbulência atmosférica, aterrorizando-se os passageiros com os violentos galões e baldões que sofriam.
Por que fonte se conheceu publicamente o imenso pavor que tomou os referidos aeroviajantes, incluindo Chico? Não foi por terceiros! Foi por divertida narração do próprio Chico, ironizando com honestidade e bom humor o seu momento de fraqueza naquela situação - primeiro ponto importante, revelador da sólida personalidade, autoconsciente, dum severo juiz e educador de si mesmo. Ainda segundo Chico, o mentor Emmanuel apareceu-lhe então à vidência e interpelou-o austero (não sem também algum humor) - outro ponto muito importante, revelador de apurada harmonia íntima que, mesmo naquela situação ameaçadora, permitiu ao seu portador captar a presença protetora, apaziguadora e até bem-humorada, de Emmanuel.
Mas o que o humílimo Chico não referiu, foi a sua imensa grandeza de alma, tão nossa conhecida, preferindo rir de si próprio, como têm por apanágio apenas os senhores dum caráter muito reto. Mais aduzindo que ser destemido não é não ter medo, mas conseguir superá-lo, fica desmontado o peregrino sofisma. Não se trata de incensar futilmente alguma vedetazinha popular, mas de render justiça e gratidão a um monumento vivo do Evangelho, que irradiou e irradia luz para o mundo.
Ofende o decoro, desrespeitando o insigne tutor e o seu bondoso tutelado, a descortês expressão “…ainda tendo (Chico) necessidade do freio curto de Emmanuel”. Proferida publicamente, em contexto gratuitamente hostil, acre e acusador, a expressão infeliz carece não só de polidez, como ainda de teor pedagógico e educativo que legitimamente se esperaria de quem a proferiu. Mas, imperfeitos como todos somos, cabe-nos beber no proverbial exemplo de tolerância e compreensão do homem-amor, cuja grata memória consola e refresca o Brasil e o mundo.
… e sua identidade espiritual
Não é sensato abraçar com paixão e frenesi qualquer das teses: Francisco Cândido Xavier ser, ou não ser, Allan Kardec reencarnado. Nem se afigura de premente urgência apurar e estabelecer como exata uma delas, excluindo a outra; perfeitamente lícito e aceitável, porém, é pesquisar e discorrer em torno da questão, dialogando, argumentando, querendo aprender.
De louvar, pois, o acurado trabalho corporizado por Weimar Muniz de Oliveira no livro A Volta de Allan Kardec, já em 3ª edição. Com tão meritório esforço em busca da verdade, o Dr. Weimar faz-se aglutinador de mais boas vontades individuais, empenhadas na tarefa de valorizar com mais documentos e depoimentos a 4ª edição que se prepara. Esse digno empenhamento encaminhou-me pela Net um vigoroso argumento, decisivo, em favor da minha convicção pessoal: Chico reencarna Kardec. Não tenho que temer: se e quando me for mostrado que estou errado, como obscuro aprendiz de Allan Kardec a todo o tempo deverei saber acatar a verdade, seja ela qual for.
Qual então o argumento decisivo que remove a minha incerteza inicial? Há muito tempo que sabia: Chico, ainda em vida terrena oferecera a vários confrades, com dedicatória sua, exemplares do livro “Kardec Prossegue”. Nele, o meu prezado amigo e anfitrião em São José de Ouro Preto, Adelino da Silveira, afirma e defende serem Kardec e Chico a mesma entidade espiritual. Ora, sabendo-se que o irrepreensível médium uberabense, de retidão e aprumo nacional e internacionalmente reconhecidos, jamais avalizaria com o seu autógrafo esse livro se duvidasse do seu conteúdo, só se pode concluir: Chico concordava com a tese proposta por Adelino.
A informação longínqua dos ditos autógrafos, mesmo obviamente credível, não me dissipava os resquícios de dúvida. Eis que pela net recentemente me aparece diante dos olhos o fac simile de um deles, com a conhecida caligrafia de Chico, dedicado em 1992 ao meu amigo e compatriota Rui Marta! O elucidativo depoimento verbal deste, no mesmo vídeo, varre-me as dúvidas. Por acréscimo, mais documentos se me apresentam e vejo-os agora com olhos diferentes.
João Xavier de Almeida - Gaia, Portugal, 18/5/2016 Ex-presidente da Federação Espírita Portuguesa (FEP) [grifos nossos]
Anexos:
Vejam nos videos abaixo a ligação que o estimado amigo João Xavier faz entre o 8º CEM de 2016 em e aquele de 1998 (2º CEM) também em Lisboa, quando a FEP era presidida por ele. Constatem a homenagem que a Comissão do 2º CEM fez a Chico Xavier e as palavras de gratidão e de profunda estima de Chico Xavier aos amigos da FEP na pessoa do seu presidente, João Xavier de Almeida. Que o Congresso Mundial deste ano em Portugal possa ser inspirado pelo Codificador Allan Kardec/ Chico Xavier que do Coração do Mundo, Pátria do Evangelho fez com que o Consolador Prometido pelo Mestre Jesus regressasse ao Velho Mundo.
Entrevista a João Xavier de Almeida (8º CEM, 2016) https://www.youtube.com/watch?v=YwC39eQ3FXQ
João
Xavier de Almeida, ex-presidente da Federação Espírita Portuguesa
deixa aqui o seu testemunho por que devemos participar no 8º Congresso Espírita
Mundial. Faça já a sua inscrição! João Xavier durante a sua presidência na sede da Federação Espírita Portuguesa Dedicatória de Chico Xavier para portugueses e Isabel de Aragão (2º CEM - 1998) https://www.youtube.com/watch?v=Svp8GEh7qbc
Aquando da homenagem a Chico Xavier da comissão do 2º Congresso Espírita Mundial em Lisboa (1998) coordenada por Adriano Barros, Maria Emília Barros, Rui Marta e Carlos Alberto Ferreira, em conjunto com a Federação Espírita Portuguesa, presidida em 1998 por João Xavier de Almeida, com colaboração de Isabel Saraiva. É a 1ª vez que ela é editada em vídeo, com texto na íntegra, reproduzindo fielmente toda a mensagem de gratidão de Chico Xavier a Portugal e a Isabel de Aragão.
Na abertura do 2º Congresso Espírita Mundial, em Lisboa, foi projetado um vídeo em homenagem a Francisco Cândido Xavier, no qual o médium-missionário transmite a mensagem abaixo:
"Estou muito sensibilizado com a distinção dos nossos amigos da Federação Espírita de Portugal. E, com lágrimas de alegria e reconhecimento, dedico à Federação Espírita Portuguesa, nesse momento em que se organiza o 2º Congresso Espírita Mundial, e sinto que espiritualmente estarei ao lado desses maravilhosos operários do progresso e da renovação de Portugal e do mundo, com nós outros, os irmãos do Brasil, unidos aos irmãos portugueses, nesta realização admirável que o 2º Congresso Espírita Mundial, naturalmente, nos fará a benefício da Terra inteira. Lembro, com emoção, um vulto distante no tempo e no espaço, mas que nós não podemos esquecer, junto das realizações portuguesas: o vulto da rainha Dona Isabel de Aragão. Até hoje, leio com emoção a história dessa nobre soberana que soube implantar na língua portuguesa a caridade e a confraternização. De Lisboa até Estremoz, quando se reuniu com seu filho Dom Afonso para tratar dos interesses do Estado, viajando quando estava enferma, em estado grave, viajando até Estremoz para ouvir seu filho, então rei de Portugal. E ela, que se fazia romeira, conforme o bastão que lhe foi dado pelo bispo de Santiago de Compostela, ela, que se fazia mendiga muitas vezes para auxiliar a comunidade, essa grande senhora, portuguesa pelo coração e digna espanhola pelo nascimento, que ela possa inspirar o espírito de caridade ao 2º Congresso Espírita Mundial, colocando a caridade, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, em todos os seus propósitos. Dona Isabel viajou por mais de dois dias e duas noites, descansando nas igrejas, da capital até Estremoz, onde faleceu, amando os portugueses, seus filhos, e vindo - digo isso lembrando-a em espírito - vindo desencarnada, em duas a três noites, até Coimbra para se unir no túmulo àquele que lhe fora marido extremoso, Dom Diniz, que plantou as árvores que fariam as naus com que se descobriu a nova terra em que estamos - o novo mundo chamado Brasil. A ela, que foi rainha e mãe de todos os portugueses, pedimos seja, com a bênção de Jesus, inspiradora, benfeitora, mentora e mestra neste Congresso, porque ela é um vulto da humanidade. A rainha Dona Isabel de Aragão não foi só portuguesa, mas ela está em todos os corações que pronunciam o nome de Jesus Cristo e que abrem as suas almas para o humanitarismo, para a caridade, para a fraternidade, para a bênção do amor universal. Nós amamos Portugal. Temos profunda estima pela Federação Espírita Portuguesa e queremos lembrar essa grande senhora que ficou imortalizada pelos seus atos de bondade e benemerência. Lembro-me de semelhante figura, profundamente humana, porque tenho Portugal e os amigos portugueses, notadamente os espíritas cristãos de Portugal, dentro do meu coração de pequenino servidor reconhecido. Que Deus nos ampare e que a bênção da fé cristã possa ser sempre um monumento para a nossa união no Congresso, o chamado 2º Congresso Espírita Mundial, no congresso das nossas relações de uns para com os outros, ensinando-nos, conforme aprendemos com os nossos amados mentores espirituais, que viveram em Portugal e moram em nossos corações para sempre. Que a bênção da fé cristã possa iluminar a Ciência e a Filosofia que, naturalmente, terão realce merecido neste Congresso, iluminado de paz e de amor”.
Reportagem Chico Xavier para Portugal - 2º CEM, 1998 https://www.youtube.com/watch?v=SevODs1JiTo
Homenagem a Chico Xavier no 2º Congresso Espírita Mundial em Lisboa, Portugal – 1, 2 e 3 de outubro (aniversário de Kardec) de 1998, com mensagem de gratidão de Chico para Isabel de Aragão e portugueses. Créditos: " O caçador de corações", Lar Fabiano de Cristo/Capemi.
Foto no 2º CEM em Lisboa, em 1998 na antiga FIL: Miguel Sardano, Célia Carvalho, Divaldo Franco, Isabel Saraiva, Nilson Pereira e João Xavier – presidente da FEP
Artigo no Jornal de Espiritismo da Associação de Divulgadores Espiritismo em Portugal (ADEP) em 2012 http://www.adeportugal.org/jornal/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=209 reproduzido no site da Vinha De Luz Editora
Kardec, Chico, Guimarães de Andrade - Por João Xavier de Almeida – Portugal http://www.vinhadeluz.com.br/site/noticia.php?id=2401
João Xavier na Comunhão Espírita Cristã, em Lisboa, Portugal
Ismael Gobbo: Entrevista de João Xavier de Almeida para o “Focalizando o Trabalhador Espírita” foi realizada pelo português Nuno Emanuel, ora residindo no Brasil. A ele o nosso profundo reconhecimento. Nela iremos conhecer um pouco da vida e da obra do angolano João Xavier de Almeida que, naquela então colônia portuguesa, travou seus primeiros contatos com o Espiritismo nas reuniões que se realizavam na clandestinidade para fugir das perseguições da ditadura, que só foi derrubada aos 25 de abril de 1974. http://ismaelgobbo.blogspot.com.br/2012/04/focalizando-o-trabalhador-espirita-135.html
A partir do ano de 1976, em Portugal, João Xavier passou a integrar o movimento espírita, que ainda vivia sob os efeitos da ditadura salazarista, acompanhando sua trajetória de expansão com ajuda de brasileiros, como Divaldo Pereira Franco e Chico Xavier. A entrevista resgata lances históricos como o do esbulho dos bens da Federação Espírita Portuguesa pela ditadura –a inda objeto de disputa judicial - e excelentes respostas de conteúdo doutrinário à luz do Espiritismo codificado por Kardec.
Entrevista de João Xavier de Almeida – ao Jornal
“O Consolador” do Paraná: www.oconsolador.com.br/24/entrevista.html Enviado por Geraldo Lemos Neto / Vinha de Luz Editora - Nuno Emanuel / SP (Artigo postado ipsis verbis) - Via Facebook 21/05/2016 |
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