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Notícia

Centros espíritas são laboratórios de promoção de filmes


Pesquisas de opinião com religiosos reorientam roteiros de filmes, em que simpatizantes atuam por trás e diante das câmeras

DA REPORTAGEM LOCAL

"Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito", de 2008, se tornou um exemplo clássico de como obras ligadas ao Espiritismo podem se tornar fenômeno de público, especialmente se contarem com o boca a boca dos adeptos da religião.

Projeto de um empresário de turismo de Fortaleza, o longa-metragem não investiu em publicidade e foi exibido em apenas 44 salas de cinema no país - lançamentos grandes costumam chegar a mais de 300.

O filme sobre o médico e político cearense do século 19, chamado de "Allan Kardec brasileiro", surpreendeu grandes investidores do cinema ao atingir 505 mil espectadores e ter mais de 41 mil DVDs vendidos.

Espírita, Luís Eduardo Girão não se aventurou no cinema sem antes fazer duas apresentações laboratoriais em grandes eventos ligados à religião: o Fórum Espiritual Mundial, no Brasil, e Congresso Espírita Mundial, na Colômbia.

"Com a reação das pessoas, mudamos complemente o projeto e abandonamos a ideia de docudrama", conta Girão, que criou a produtora Estação Luz Filmes e está filmando outro longa espírita, "As Mães de Chico Xavier", além de ter se tornado investidor e produtor do filme de Daniel Filho.

Diretor-geral da Sony Pictures no Brasil, distribuidora de "Chico Xavier", Rodrigo Saturnino conta que a bilheteria recordista foi também consequência de "um trabalho de divulgação com espíritas, como pré-estreias para dirigentes de entidades e divulgação via internet para os centros".

Silvia Puglia, presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo, conta que houve uma verdadeira corrente entre os centros espíritas para divulgar "Bezerra de Menezes" e "Chico Xavier". Ela foi convidada para uma das pré-estreias do longa de Daniel Filho dirigidas a entidades espíritas.

Estratégia semelhante será usada pelo longa "Nosso Lar", baseado em livro de Chico Xavier e coproduzido pela Fox, a ser lançado em setembro. "Estamos fazendo um trabalho junto aos centros espíritas. Teremos sessões especiais organizadas por essas entidades. Muitas delas já estão nos procurando e vão nos dar um grande suporte. O boca a boca entre espíritas é muito importante", diz a produtora do filme, Iafa Britz, que tem no currículo os sucessos de bilheteria "Se Eu Fosse Você 1 e 2". Britz é judia e espírita. Já o diretor, Wagner de Assis, é católico e espírita. "Nós costumamos fazer obras com as quais nos identificamos", conta a produtora.

Esse é também o caso de outro novo diretor de obras espíritas. Tomy Blazic dirigirá "Ninguém É de Ninguém", baseado em livro da autora de best-sellers espíritas Zíbia Gasparetto. "As pessoas têm curiosidade de entender como o outro lado é". Girão completa: "O gênero veio para ficar".

LAURA MATTOS e FERNANDA MENA
FOLHA ONLINE
www.folha.com.br


Enviado por Alexandre Caroli Rocha
28/04/2010
 


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