Chico Xavier psicografando no Centro Espírita Luiz Gonzaga
“É assim, meus irmãos, que deveis julgar: são as obras que devem ser examinadas.
Se os que se dizem revestidos do poder divino revelam todos os sinais de semelhante missão,
ou seja, se eles possuem, no mais alto grau, as virtudes cristãs e eternas:
a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia todos os corações;
e se, confirmando as palavras lhes juntam os atos; então podereis dizer:
Estes são realmente os enviados de Deus.”
Luís (Bordeaux, 1861)1
O querido médium CHICO XAVIER, como semeador das lições de Jesus e Kardec, é o mais importante divulgador do Espiritismo no século XX.
Sua grandiosa obra de evangelização soma a teoria e a prática, o ensino e a exemplificação, o livro espírita e o amor sincero ao próximo, a divulgação da fé espírita e a abnegação máxima...
Pelo longo tempo de trabalho espírita-cristão (1927 a 2002), e intensidade de dedicação à causa do bem, ultrapassou os limites de sua própria missão. Atendeu com valor à vontade de Deus, obedeceu aos preceitos de Jesus, amou sem reservas o próximo e serviu de coração fraternal à humanidade, entregando com alegria à grande causa todos os órgãos físicos e organização espiritual.
As obedientes mãos psicografaram, por muitas décadas, mais de quatro centenas de livros maravilhosos e essas mesmas mãos acariciaram crianças desamparadas e velhos cansados...
Os ágeis dedos chegaram a calejar-se pela repetição e intensidade das tarefas psicográficas, mas esses mesmos dedos não deixaram de tocar com amor as mãos trêmulas de enfermos tristes e abatidos em seus leitos de dor...
As veludosas mãos receberam dezenas de milhares de páginas consoladoras e essas mesmas mãos afagaram com carinho centenas de milhares de pessoas desesperadas...
Os delicados dedos trocaram de lápis, milhares e milhares de vezes, para dar em continuidade às comunicações consoladoras e instrutivas; com esses mesmos dedos, redigia cartas amigas, atendendo às necessidades de aconselhar e orientar, consolar e instruir as pessoas mais sofredoras moralmente...
Os olhos doentes, e muitas vezes cansados, leram milhares de páginas dos espíritos sábios e familiares; esses mesmos olhos enxergaram também, ao meio da multidão de criaturas aflitas, aquelas que exigiam, de imediato, sua palavra amiga e orientação espiritual...
Os doces lábios sempre beijaram as mãos de incontáveis criaturas de todas as condições sociais postadas com grande expectativa em filas intermináveis; e esses mesmos lábios oscularam com ternura a face hirta e mãos crispadas de irmãos no cárcere, torturados pela dor da culpa e condenação...
A voz branda, ao conversar com pessoas sofridas, chegava a sussurrar palavras inaudíveis aos circundantes, garantindo o respeito à dor alheia; e essa mesma voz transformava-se em verdadeiro instrumento musical solitário, tangendo as mais belas sonatas espirituais, ao fazer sentida prece ou ao ler encantadora mensagem com profunda emoção...
Os ouvidos acostumados a escutar a palavra séria e iluminada dos bons espíritos, aprenderam a ouvir com paciência invejável as rogativas de mães e pais desesperados na expectativa de resposta do Além dos filhos amados, acalmando seus corações...
Os fortes dedos datilografaram com diligência milhares e milhares de páginas psicografadas, montando livros de variados conteúdos evangélico-doutrinários; esses mesmos dedos autografaram incontáveis livros, ao mesmo tempo em que atendia com atenção a todos os irmãos angustiados dispostos em filas imensas...
Os robustos braços começaram a trabalhar bem cedo na vida, na luta pela sobrevivência material, transportando cestas com legumes de produção doméstica a vender pelas ruas da cidade natal; esses mesmos braços envolveram, sem preconceito e sem rejeição, as pessoas de todas as classes sociais, dos mais simples e pobres, aos mais ricos e poderosos, distribuindo simpatia...
Os pés firmes sustentaram-lhe o corpo de pé por várias horas nas reuniões públicas, em anos e anos de trabalho ininterrupto para atender às multidões aflitas; e esses mesmos pés peregrinaram pelas ruas-de-terra empoeiradas de bairros, vilas e favelas, visitando lares paupérrimos, levando a mensagem de amor...
No exercício da mediunidade psicofônica, nas sessões de desobsessão, seu magnânimo coração atendia aos espíritos sofredores, socorrendo-os com amor e paciência; esse mesmo coração chegava às emoções e às lágrimas ante familiares saudosos dos entes queridos desencarnados...
Os bolsos do paletó estavam sempre repletos de bilhetes e cartas de interessados em suas palavras, que guardava para responder aos pedidos e indagações; seu coração ultra sensível era verdadeiro “bolso espiritual”, onde se alojavam as rogativas aflitas daqueles que se aproximavam em grande número, rogando ajuda, orientação e conforto...
Tudo o que provinha de seu amoroso coração irradiava, onde estivesse, e com quem estivesse, o perfume espiritual de fé e esperança, bondade e humildade...
O extraordinário médium Chico Xavier foi um verdadeiro enviado de Deus à humanidade!... 2
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1 O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XXI – “Falsos cristos e falsos profetas”, Item 8: “Os falsos profetas”, LAKE
2 Texto extraído da Revista Anuário Espírita, 2003.