OÁSIS DE
LUZ
Suave,
suavemente, belo jorro de luz desceu da amplidão, coroando, de todo, a casa
singela. Dir-se-ia que a construção fora atingida, em segundos, por fulgura
cascata de raios luminescentes.
Inflamara-se
o teto de láurea rutilante.
As paredes,
coloridas por luminárias ocultas, faziam-se transparentes, despedindo
bonançosas cintilhas.
De janelas
e portas, fluíram, de inesperado, caudais de bênçãos, qual se o ambiente
interior estivesse inundado de nutriente energia.
Chamas
blandiciosas dissolviam as sombras, desabotoando prematura alvorada em meio às
trevas noturnas, e o firmamento, nos cimos, parecia cálida umbela, deitando
flores argenteadas sobre o anônimo ninho humano, que passara de condição de
apagado recinto à ilha refulgente no mar escuro de alvenaria.
Os insetos
da noite ciciaram com mais brandura. Cães das proximidades aplacaram ladridos e
os habitantes de residências vizinhas experimentaram, sem perceber, a
intangível presença de paz profunda.
Contudo,
na intimidade doméstica, acentuava-se, deslumbrante, o painel festivo, qual se
varinha mágica fizesse nascer de pessoas e cousas balsâmicas radiações de
entendimento e simpatia. Trajara-se a sala modesta de surpreendente grandeza,
convertida em deleitoso remanso por banho lustral de amor puro, que fixava
sorrisos musicais de bondade em cada fisionomia. Halos fulgurantes revestiram
todas as formas, alinhando-lhes os traços e as cores sob o poder de ignoto
cinzel.
Auréolas
de esplendor toucaram os moradores.
Lágrimas
de jubilosa esperança brilharam confiantes.
Impregnaram-se
as frontes de lume tênue.
Palavras
ressoaram mais ternas.
Tonificaram-se
corações em novos haustos de força e alcandorou-se a emoção a eminências
desconhecidas, em transporte de irresistível candura.
Na esteira
de luz em torno, transeuntes do Espaço respiraram felizes, enquanto, não longe,
menestréis da Vida Maior vocalizavam canções de bom ânimo para todo o grupo
tocado de intenso brilho.
A
transfiguração arrebatadora e imprevista era Jesus, o conviva celeste, em
visita à casa humilde instalara-se,
ali, o culto santificado do Evangelho no lar.
Um amigo espiritual
(Página recebida pelo médium Waldo Vieira, em reunião pública na
Comunhão Espírita Cristã, na noite de 5 de março de 1962, em Uberaba, Minas Gerais.)