Notícia

Riqueza e desperdício

(ESE, Capítulo 16, Item 5)

Comumente,  ao nos depararmos com a “parábola do mau rico”, constante dos evangelhos, logo nos lembramos dos abastados da Terra, focalizando ostentações em suntuosos desperdícios. Entretanto todos somos ricos na oportunidade da vida, devedores do Pai que nos honrou com nova etapa de progresso na face do mundo terrestre.

Se não, vejamos.

Antes da reencarnação, mobilizamos a riqueza da amizade de dedicados conselheiros e mentores espirituais que nos avalizaram o retorno à carne. No entanto, muito embora a paciência deles para conosco, na maioria dos casos, desperdiçamos esse precioso apoio espiritual, vacilando ante os enigmas da prova.

Abrimos os olhos tenros sendo acolhidos por pais e mães, avôs e avós carinhosos que se revezavam em cuidados e atenções para que a nossa infância no corpo fosse protegida de acidentes e surpresas desagradáveis. Contudo grande parte de nós desperdiça a valiosa riqueza dessa proteção, descuidando da retribuição justa aos idosos de nossa casa.

Recebemos, grande parte de nós, laços familiares de carinho e afeição que nos enriqueceram a existência nova na pele de irmãos, sobrinhos e primos na parentela diversa. Porém quantos de nós desperdiça essa riqueza afetiva, apegando-nos em pequeninas incompreensões ou divergências de opinião?

Muitos de nós recebemos preparação adequada nos bancos da escola, com numeráveis professores atenciosos, preparando-nos a vida mental para o conhecimento e a civilidade, a educação e o respeito social. Mas, infelizmente, grande porcentagem de nós elegeu a preguiça por companhia infeliz, desperdiçando a riqueza de luminosas oportunidades de aprender e servir.

Muitos ainda somos aquinhoados pela riqueza dos sentimentos de amor de consortes que se nos associam em comunhão familiar. Entretanto desperdiçamos a chance da constituição de lares enobrecidos, preferindo fixar-nos em desarmonias conjugais ou desavenças de pontos de vista.

Outros tantos ainda recebem a riqueza dos filhos como sublime tarefa de cooperação e solidariedade evolutiva. Contudo, desperdiçando a ocasião, optamos pelo menor esforço e a negligência educativa, adiando reajustes ou complicando o próprio caminho.

Quantos de nós não teremos conquistado a riqueza de um ofício profissional para a dignificação da vida social em torno, e, lamentavelmente, desperdiçamo-la em azedume ou inquietação, insubmissos e desatentos das próprias responsabilidades?

O mesmo se vê com a riqueza da fé na Vida Superior.

A grande maioria recebeu em sua cultura própria a bênção da vida religiosa como riqueza inviolável de crenças puras para a elevação de nosso caráter diante da vida e perante Deus. Todavia desperdiçamos essas luzes do espírito acomodados na deserção ou invigilantes na sombra do vício.

A vida na Terra é o tesouro inquestionável que a bondade de Deus nos facultou. Até quando insistiremos no desperdício dessa oportunidade única e santa?

Theophorus

(Mensagem psicografada em reunião pública do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, na noite de 14/02/2014, pelo médium Geraldo Lemos Neto.)

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Fonte: jornal Espaço Espírita, n. 40, julho de 2014. [s.d.t.].