MENSAGEM PSICOGRAFADA POR GERALDO LEMOS NETO, NA
QUAL CHICO XAVIER FAZ HOMENAGEM AS MÃES, CITANDO A
FIGURA MATERNAL DE TRÊS SENHORAS IMPORTANTES EM SUA VIDA, QUANDO AINDA
ENCARNADO, ENTRE ELAS a Sra. NENÉM ALUOTTO.
Chico Xavier, com sua doçura inconfundível, sempre esteve cercado pelos
corações maternais, aos quais se devotava com especial carinho e atenção.
Inúmeras foram as vezes em que exaltou as mães, suas dores, valorizando-lhes a
missão e os testemunhos na intimidade dos lares, junto à família. Em perfeita
identidade com as mães de que sempre se fazia cercar, Chico demonstrava que o
Mundo não conheceria a regeneração e a vivência perfeita do Evangelho sem a
prática viva do amor, da abnegação. Intérprete fiel de tantos espíritos
femininos, que enfeitaram de poesia e singeleza o nosso meio espírita, várias
dessas mensagens revelam a grandeza de seu coração missionário e cândido, como
a página que publicamos a seguir, recebida mediunicamente por Geraldo Lemos
Neto, em 2 de maio de 2005, no Centro Espírita Luz, Amor Caridade, em que, mais
uma vez, como espírito livre da matéria, manifesta seus sentimentos cristãos
para dar o perfil feminino no processo de redenção da Humanidade.
Lembrando nossas mães
Amigos da vida física,
Quando ainda estava na vida terrestre, nunca me furtei à colaboração com
nossos benfeitores espirituais para registrar nosso reconhecimento aos corações
queridos das nossas mães. Esta semana do mês de maio é aquela que nos recebe a
lembrança mais cara em torno da maternidade e, por isso mesmo, desejei
transmitir-lhes um pouco de meus pensamentos, ainda que desvalidos e singelos,
na sincera gratidão às nossas mãezinhas. Em minhas recordações mais queridas peço a
permissão dos amigos presentes para recordar três momentos distintos de minha
pobre existência, homenageando com eles a FIGURA MATERNAL DE TRÊS SENHORAS em
cujo amor pude erigir o templo de minha eterna gratidão.
Lembro-me de minha infância paupérrima, quando contava pouco mais de
cinco anos de idade, na cidade de Pedro Leopoldo. O mês era setembro de 1915. Minha mãe, Maria João de Deus, havia
colocado uma cadeira na calçada de nossa residência, tencionando conversar
despreocupadamente com nossa vizinha de meio, a bondosa Dona Cilia de Eliseu. Enquanto minhas irmãs, mais velhas
que eu próprio, brincavam animadamente na poeira e no barro de nossa rua, junto
das amiguinhas, fiquei ali, junto de minha mãe, acariciando-lhe a longa
cabeleira negra. Quanto sentimento de amor e saudade daquela memorável ocasião!
Menos de 20 dias depois e a desencarnação a levaria para o Mundo Espiritual, em
cumprimento à Vontade Divina.
Da vida espiritual minha mãezinha prosseguiu amparando-me em minhas
múltiplas necessidades, prometendo-me, inclusive, enviar-me novo coração maternal,
em socorro da solidão dos de nossa casa. De fato, alguns anos adiante, a bondosa figura de Cidália Batista se
apresentou contraindo núpcias com meu pai, João Cândido, com a condição de que
nos reunisse, os filhos, novamente sob o mesmo teto. Anos adiante e minha
segunda mãe partiu para a Vida Maior. Durante o velório de seus despojos, pude
observar, pela faculdade mediúnica da vidência, o seu desprendimento da vida
física, qual se fora um anjo alado de amor e renúncia, retornando à pátria
celeste.
Depois disso outra ocasião me marcaria profundamente. O dia era 18 de
fevereiro de 1943. Nossas tarefas da noite no Centro Espírita Luiz Gonzaga
haviam terminado e após alguns instantes fomos abraçar admirável senhora ainda
jovem. Ela veio a Pedro Leopoldo acompanhada da mãe Carmela e de nosso estimado
Bady Elias. Essa senhora era nossa cara
Neném Aluotto. Desde aquele instante os laços de nossas afinidades mais
puras foram reatados pela generosidade da amiga com sua constante presença.
Neném dedicou-se com afinco às tarefas espíritas cristãs, fazendo-se para nós
outros a portadora da mensagem de estímulo de que necessitávamos. Por força das
circunstâncias não pôde ela conceber no próprio ventre os filhos de seu coração
maternal. Mas fez-se dedicada educadora da infância e da juventude, dirigindo
os destinos do Colégio “O Precursor” por décadas a fio por amor ao ideal. E,
além disso, tornou-se para os espíritas cristãos de nosso estado – Minas Gerais
– valorosa mãe espiritual, à frente dos destinos de nossa veneranda União
Espírita Mineira por 33 anos ininterruptos de dedicação e sacrifício.
Peço aos caríssimos amigos que me perdoem os arroubos de carinho e
reconhecimento por essas abnegadas senhoras, mas não posso me furtar ao ensejo
de homenageá-las hoje, como nossas queridas genitoras. Nosso reconhecimento a
elas é a maneira simples que encontramos de prestar, por intermédio de suas
saudosas figuras, nossa palavra de homenagem a todos os corações maternos,
plenos de amor e dedicação, na face da vida terrestre e mais além, na vida
espiritual. A todas vocês, nossas queridas mãezinhas, o nosso mais profundo
respeito de imorredoura gratidão. Com abraço do servidor que, em nome de Deus,
lhes pede a sua bênção!
Chico Xavier