COMO VOCÊ INTERPRETA? – XXIII
No capítulo 31, de “Nosso Lar”, André nos relata o episódio que envolve um “espírito-vampiro”, que – interessante –, ludibriando os “vigilantes das primeiras linhas”, fora bater ao grande portão da cidade, suplicando asilo.E segue a nossa primeira pergunta: como seria possível que um espírito da tal natureza atravessasse as linhas de defesa da cidade, que, recordemos, era fortificada, construída à semelhança das antigas “cidades-estado”?! O que vocês acham?!
O fato – permitam-nos – nos leva a comparar o texto do autor espiritual com o que é descrito na Parábola das Bodas, em Mateus, capítulo 22, versículos 1 a 14, quando – vejamos – um convidado é descoberto na festa e colocado para fora da mesma, porque “não trazia a veste nupcial”... O que seria a “veste nupcial”, claro, numa interpretação transcendente, qual é o objetivo da Parábola contada por Jesus?!
O referido “espírito-vampiro” estava pedindo socorro, “no grande portão que dá para os campos de cultura”... Outra pergunta: que “campos de cultura” seriam tais?! O que neles se cultivava, e com que finalidade?! André Luiz estaria recorrendo apenas a mera figura literária?!...
André e Narcisa compadeceram-se daquela mulher, “coberta de andrajos, rosto horrendo e pernas em chaga viva”... Contudo, não dispondo de autoridade para acolhê-la, deliberaram chamar o Irmão Paulo, “orientador dos vigilantes”, ou, modernamente, dos seguranças. (Não nos esqueçamos de que, dias atrás, em abençoada Casa Espírita do grande Recife, o Centro Espírita “Amor ao Próximo”, ocorreu lamentável ato de violência, cometido por criminosos. Será que chegaremos ao ponto de, em nossos templos de fé, ter que revistar um por um de seus frequentadores eventuais?! Autoridades incompetentes – não generalizando – as que estão se responsabilidade pela segurança pública no Brasil!) O que vocês fariam, ou fazem, quando algum suspeito aparece na Casa Espírita que frequentam, ou mesmo bate às portas de sua residência?! Compadecem-se, colocam-no para dentro, ou, prudentemente, redobram a vigilância?!
Sem rodeios, observando a situação espiritual da infeliz entidade, Irmão Paulo conclui: “Esta mulher, por enquanto, não pode receber nosso socorro. Trata-se de um dos mais fortes vampiros que tenho visto até hoje.
É preciso entregá-la à própria sorte.” Estando ela rodeada por cinquenta e oito “pontos escuros”, Irmão Paulo explicou que elas representavam as cinquenta e oito crianças que ela, profissional de ginecologia na Terra, havia assassinado ao nascerem!
Narcisa, em sua condição de mulher, chega a insistir com o “orientador dos vigilantes” para que aquela entidade fosse recebida. – “Reconheço, minha amiga – respondeu o diretor da vigilância, impressionando pela sinceridade –, que todos somos espíritos endividados; entretanto, temos a nosso favor o reconhecimento das próprias fraquezas e a boa vontade de resgatar nossos débitos; mas esta criatura, por agora, nada deseja senão perturbar quem trabalha.”
Concordam com a atitude de Irmão Paulo?! Parece-nos – não acham?! – que as Leis Divinas, embora sendo a expressão do Amor de Deus, funcionam alicerçadas na Justiça. Ainda em Mateus, no capítulo 25, na Parábola dos Talentos, Jesus é claro ao dizer: “E o servo inútil lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.”
Tais elucubrações, em nosso post desta semana, levam-nos a deduzir que, realmente, em todos os setores da Vida, de acordo com a palavra de nossos Maiores “a disciplina deve anteceder a espontaneidade”!
Assim que teve negada a sua entrada em “Nosso Lar”, a pobre entidade revolta-se e começa a ofender a Irmão Paulo, que, então, lhe responde com severidade fraternal: “Faça, então, o favor de retirar-se. Não temos aqui o céu que deseja. Estamos numa casa de trabalho, onde os doentes reconhecem o seu mal e tentam curar-se, junto de servidores de boa vontade.”
E ele próprio concluiu, falando com André e Narcisa: “Observaram o Vampiro? Exibe a condição de criminosa e declara-se inocente; é profundamente má e afirma-se boa e pura; sofre desesperadamente e alega tranquilidade; criou um inferno para si própria e assevera que está procurando o céu.”
A infeliz, naturalmente, como esclarece o orientador, seria atendida alhures pela Bondade Divina, mas, naquele momento, a caridade legítima mandava que as portas de “Nosso Lar” não lhe fossem abertas.
Dura realidade, não é?!
Segundo a legenda grafada na Bandeira do Brasil, sem ordem não há progresso. O que nos leva a pensar que, infelizmente, a falta de Progresso existente no Brasil, basicamente, é falta de Ordem, a começar pela imoralidade de alguns que lhe orientam o serviço de vigilância.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 4 de setembro de 2017