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Notícia

O início da esperança


No momento em que muito se discute a obra e a trajetória de Francisco Cândido Xavier (1910-2002), cujo centenário de nascimento foi comemorado no último dia 2 de abril, considero importante reviver passagens significativas desse grande mineiro, que redesenhou os caminhos da Doutrina Espírita – e, em certa medida, da própria fé religiosa – no Brasil. Em maio de 2010, oito anos após a morte do médium mineiro, natural de Pedro Leopoldo (MG), pude concretizar um antigo e acalentado projeto: reunir e publicar em fac-símile os manuscritos do primeiro livro de Chico Xavier, que começou a escrevê-lo em 1928, ainda em sua cidade natal.

Os 100 manuscritos reunidos em Chico Xavier – O primeiro livro (Editora Vinha de Luz) estavam guardados com o sobrinho-neto do médium, Sérgio Luiz Ferreira Gonçalves, que então tomou a iniciativa de publicá-los. Entre outras raridades, a obra apresenta a primeira mensagem psicografada por Chico de que se tem notícia, e assinada por “João”, no dia 31 de outubro de 1928. É a primeira vez que se publica a referida mensagem, guardada e conservada pelo próprio médium ao longo de sua vida. Além dos textos psicografados por Chico Xavier, O primeiro livro também apresenta escritos de amigos e contemporâneos, e versos assinados pelo próprio Chico.

Ao longo de mais de 20 anos de conversas com Chico Xavier, na intimidade de sua casa de Uberaba (MG) – para onde o médium se muda em 1959 –, soube que, desde o início de sua trajetória, o médium nutria o desejo de publicar um livro com as belas produções que os amigos espirituais escreviam por seu intermédio. No início de sua trajetória, poucas eram as pessoas que se interessavam por aqueles poemas. Mesmo assim, Chico empreendia grande esforço por confeccionar, ele mesmo, manualmente, alguns exemplares. As dificuldades financeiras eram grandes e lhe restava a esperança de que um dos amigos a quem presenteava com os livros manuscritos viesse a se interessar pelo tema e, talvez, movimentasse os recursos necessários à publicação.

Nesse período, Chico realmente vivia em extrema pobreza. Arrimo de família numerosa, trabalhava exaustivamente para ajudar com as despesas. Apesar disso, todas as noites, já em casa, passava horas confeccionando livros manuscritos, contendo os belos poemas por ele recebidos. O pai do jovem Chico, João Cândido Xavier, irritado ao ver o filho desgastar-se madrugada adentro na confecção daqueles livros, aproveitava sua ausência, na manhã seguinte, para queimar tudo. Por isso é que de todas as produções daquele período Chico Xavier conseguira salvar e guardar apenas os textos agora reunidos em O primeiro livro.

Interessante ressaltar que há no livro poemas assinados pelo próprio Chico. Conforme narra Chico Xavier a Carlos Baccelli, no livro 100 anos de Chico Xavier – fenômeno humano e mediúnico: “Meu irmão José Cândido Xavier e alguns amigos de Pedro Leopoldo, como, por exemplo, Ataliba Ribeiro Vianna, achavam que as páginas deviam ser publicadas com meu nome, já que não traziam assinatura e essas publicações começaram no jornal espírita ‘Aurora’, do Rio de Janeiro, que era dirigido, nessa época, pelo nosso confrade Ignácio Bittencourt”. Baccelli explicara, então, que tal “fase de insegurança, comum em quase todos os médiuns psicógrafos principiantes, não demorou a passar, e logo os espíritos começaram, através de Chico, a assinar as suas produções, identificando-se”.

O que hoje se sabe é que, em breve tempo, aquelas belíssimas produções poéticas chamaram a atenção de Manuel Quintão, à época vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. Profunda amizade uniu o jovem médium de Pedro Leopoldo ao eminente espírita do Rio de Janeiro. Digno de nota é o fato de Chico Xavier revelar a seu sobrinho-neto, Sérgio Luiz, que Manuel Quintão fora, em vidas passadas, o discípulo de João Evangelista e de Ignácio de Antioquia, na cidade de Esmirna, na província romana da Ásia, ocasião em que envergou a personalidade de Policarpo de Esmirna. O próprio Manuel Quintão fora informado por Chico dessa revelação espiritual e em um de seus últimos artigos doutrinários escreveu para concluir: “Policarpiando...”

Em O primeiro livro, estão os originais das belíssimas cartas que Manuel Quintão escreveu a Chico Xavier naqueles primeiros tempos, de descoberta: “O que eu não creio é que tais versos sejam originariamente seus. Até lá não levo as prerrogativas do subconsciente. Ainda mesmo com os seus dotes poéticos em jogo mediúnico, e sem embargo de uma saturação profunda da técnica do poeta – detalhe que omite — não julgo exequível um tão acendrado personalismo. Sugestão? Sim, tudo é sugestão; mas, bem entendido, sugestão mediúnica. De resto, o meu confrade sabe, nada há nisso de extraordinário. (...) A minha opinião, portanto, é a de que o confrade continue a receber sem prevenção essas provas, e as vá colecionando para, a seu tempo, imprimir uma coletânea destinada a correr não só como expoente da arte, como de prova robusta da sobrevivência dos artistas” (22/09/1931).

Eis a razão para o fato de, nesse primeiro livro confeccionado manualmente por Chico Xavier, encontrarem-se poemas que, mais tarde, seriam publicados pela Federação Espírita Brasileira, no extraordinário livro Parnaso de além-túmulo, que inaugurou, na Terra, a monumental tarefa mediúnica de Francisco Cândido Xavier, que, aliás, dedicou-se à publicação de outros 460 livros. Em toda a sua obra, a exemplo dos textos reunidos em O primeiro livro, revela-se a riqueza da personalidade mediúnica de Chico, que encantou o Brasil e o mundo com a força e a coragem com que abraçou a causa da verdade consoladora codificada por Allan Kardec, dando-lhe fiel desdobramento complementar.

Por fim, importante ressaltar que, neste 2010, ano do centenário de nascimento de Chico Xavier, não poderia imaginar alegria maior, que é o fato de presentear o querido amigo Chico - e todos os seus admiradores – com a edição de seu primeiro livro.

Geraldo Lemos Neto é editor do Vinha de Luz – Serviço Editorial da Casa de Chico Xavier

Informações pelo site : www.vinhadeluz.com.br




Fonte: O Estado de Minas - Caderno Pensar | 15 de Maio de 2010
18/05/2010
 


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