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Notícia

Diálogo fraterno - Entrevista do Dr. Jarbas Leone Varanda publicada em jornal de Uberaba em 1977




Chico Xavier e Jarbas Leone Varanda em Uberaba

Diálogo Fraterno (*) 1977

No exato momento em que as forças vivas da família brasileira lembram o aniversário de cinqüenta anos de labor mediúnico do nosso querido médium espírita Francisco Cândido Xavier a ser verificar em julho próximo, é justo que recordemos nosso encontro com o citado médium, em termos doutrinários, e isto no mês próximo passado.

Procuremos registrar aqui, com a maior fidelidade possível, o conteúdo desse encontro, o diálogo que mantivemos, com vistas ao mais perfeito conhecimento por parte de quantos se interessam pelo assunto, assumindo nós, todavia, a responsabilidade do pensamento traduzido, a fim de evitar aborrecimentos ao nosso querido médium.

Inicialmente, nosso encontro foi uma resposta satisfatória a uma carta que lhe endereçamos em que fazíamos uma apreciação crítica do movimento espírita em geral e do de unificação em particular, confiando-lhe, assim, as nossas preocupações doutrinárias.

Suas palavras ainda ressoam em nossa acústica doutrinária, convidando-nos a uma meditação, séria em torno do Espiritismo que revive o Cristianismo primitivo em sua simplicidade e que tem na máxima “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” a sua expressão máxima.

111 – O Problema da “Elitização”

- Jarbas, amigo, precisamos conversar desapaixonadamente sobre o nosso movimento. É preciso que nós, os espíritas; compreendamos que não podemos nos distanciar do povo. É preciso fugir da tendência à “elitização” no seio do movimento espírita. É necessário que os dirigentes espíritas, principalmente os ligados aos órgãos unificadores compreendam e sintam que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto às massas, que amemos a todos os companheiros, mas sobretudo, aos espíritas mais humildes sociais e intelectualmente falando e delas nos aproximarmos com real espírito de compreensão e fraternidade. Se não nos precavemos, daqui a pouco estaremos em nossas casas espíritas apenas falando e explicando o Evangelho de Cristo, às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais e confrades de posição social mais elevadas. Mais do que justo evitarmos isso. (repetiu várias vezes) a “elitização” no Espiritismo, isto é, a formação do “espírito de cúpula”, com evocação de infalibilidade, em nossas organizações.

112 – Suposta Pureza Doutrinária

P - Então, caro Chico, o problema não é de direção, ou, melhor diríamos, de administração espírita?

R – Não, o problema não é de direção ou administração em si, pois precisamos administrar até a nós mesmos, mas a maneira como a conduzem, isto é, a falta de maior aproximação com irmãos socialmente menos favorecidos, que equivale à ausência de amor, presente no excesso de rigorismo, de suposta pureza doutrinária, de formalismo por parte daqueles que são responsáveis pelas nossas instituições; é a preocupação excessiva com a parte material das instituições, com a manutenção, por exemplo, de sócios contribuintes ao invés de sócios ou companheiros ligados pelos laços do trabalho, da responsabilidade, da fraternidade legítima; é a preocupação com o patrimônio material ao invés do espiritual e doutrinário; é a preocupação de inverter o processo de maior difusão do Espiritismo fazendo-o partir de cima para baixo, da elite intelectualizada para as massas, exigindo-se dos companheiros em dificuldades materiais ou espirituais uma elevação ou um crescimento, sem apoio dos que foram chamados pela Doutrina Espírita a fim de ampará-los na formação gradativa.

113 – Verdadeira Pureza Doutrinária

Naquele instante, recordamos que Allan Kardec, deixou bem claro na introdução ao Livro dos Espíritos que o caminho da Nova Revelação será de baixo para cima, das massas para as elites, porque “quando as idéias espíritas forem aceitas pelas massas, os sábios se renderão à evidência”.

Recordou, ainda, o dever imperioso de todos nós de evitar a deturpação da mensagem dos Espíritos, como aconteceu com o Cristianismo oficializado por Constantino. A Doutrina dos Espíritos veio para restaurar o Cristianismo, mas na sua feição evangélica primitiva, entendendo-se que em Espiritismo Evangélico é respeitar e auxiliar, amparar e elevar sempre, entendo-se que os melhor e os mais cultos são indicados a se fazerem apoio de seus irmãos em condições difíceis para que se alteiem ao nível dos melhores e mais habilitados ao progresso.

Aí está a essência de nossa conversação.

Nesse sentido, ressaltou muito bem o nosso irmão Salvador Gentile em Anuário Espírita-1977:

“Por mais respeitáveis os títulos acadêmicos que detenhamos, não hesitemos em nos confundir na multidão para aprender a viver, com ela, a grande mensagem”.

Depois deste diálogo, penetramos mais profundamente nas palavras do Dr. Bezerra de Menezes em “Unificação, Serviço Urgente mas não apressado”:

“É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos mensageiros divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios”.

“Respeito a todas as criaturas, discriminações, evidências individuais, injustificáveis privilégios, imunidades, prioridades”.

“Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec, para todos”.

Em essência esse pensamento é repetido pelo mesmo Espírito em mensagem que vai publicada noutro local de “O Triângulo Espírita”.

Emmanuel também é incisivo em “Aliança Espírita”.

Educarás ajudando e unirás compreendendo.

Jesus não nos chamou para exercer a função de palmatórias na instituição universal do Evangelho, e, sim, foi categórico ao afirmar: “Os meus discípulos serão conhecidos por muito de amarem”.

Cumpre-nos, dessa forma, meditar melhor a mensagem dos Espíritos, mas, sobretudo, aplica-la em nosso movimento espírita, em nossas casas espíritas, e, principalmente, em nosso movimento de Unificação, aplicação esta que vem sendo a tônica de toda a vida de nosso médium Chico Xavier. Aliás, ninguém mais do que ele viveu e vive o verdadeiro sentido da unificação e que é o retrato acima.

 
* Entrevista concedida ao Dr. Jarbas Leone Varanda e publicada no jornal uberabense: “Um encontro fraterno e uma Mensagem aos espíritas brasileiros”.


Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Postado "ipsis verbis"
07/10/2017
 


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