uma
mensagem importante e preciosa. Precisamos considerá-la mesmo quando
estamos a defender o Espiritismo. Mesmo quando se cuida de prezar pelos
ensinamentos de Kardec ou pelas mensagens de Chico. Uma mensagem que
deve ser levada em conta ainda que seja necessário responder, com o
objetivo de promover o esclarecimento geral, a ataques sutis e chistosos
por parte de irmãos de doutrina que não coadunam com o nosso
entendimento. Porque, não duvidem, há companheiros de doutrina que se
arvoram a esse tipo de ataque calculado e direcionado, a despeito do
prestígio que amealharam com seus trabalhos valiosos. A indignação às
vezes nos toma quando percebemos que o fazem para distorcer os
ensinamentos, o que é duplamente lamentável. Mas, ainda assim, que
tenhamos em mente os sublimes ensinamentos de Eurípedes Barsanulfo, por
intermédio de Chico Xavier.
Serenidade e paciência
Em nossa tarefa espiritista é preciso não esquecer o imperativo da tolerância.
Em
muitas ocasiões somos surpreendidos pela tormenta das sombras,
induzindo-nos a cair no espinheiro das reações descabidas, que não
operaria, ao redor de nós, senão o desequilíbrio e a perturbação que nos
cabe evitar.
Em
semelhantes momentos o golpe da perseguição e o brio ultrajado
constrangem-nos à defesa aparentemente justa. No entanto, ainda aí é
indispensável nossa acomodação com o silêncio e com a prece, para melhor
discernir a atitude que nos compete.
O Senhor, na oração, revelar-nos-á o impositivo da serenidade e da paciência.
E
a verdade cristalina ensinar-nos-á a enxergar o desespero onde reponta a
crítica indébita, a infantilidade onde prevalece a mentira, a loucura
onde surgem o azedume e a condenação.
No
coração governado pelo amor de Jesus, não há lugar para a dignidade
ferida, porque a dignidade do discípulo do Evangelho brilha, acima de
tudo, no perdão incondicional das ofensas e no serviço incessante à
extensão do bem.
A língua
acusadora ou ingrata é bastante infeliz por si mesma e as mãos que
apedrejam e dilaceram trazem consigo o suficiente infortúnio.
Abstenhamo-nos,
pois, de julgar, não porque nos faleçam conhecimentos ou valor, mas
porque somos servidores da causa do Cristo e, somente ao Senhor, cabe a
supervisão da obra redentora a que fomos chamados.
Não vale precipitar ações e conclusões.
Nem basta simplesmente convencer.
A tolerância construtiva do bem que não repousa ser-nos-á infatigável
guardiã no espaço e no tempo, favorecendo nos outros, tanto quanto a nós
mesmos, a visão clara da vida.
Exercê-la
é preservar o sublime trabalho que nos foi confiado, aproveitando a dor
e obstáculo, como recursos preciosos de nossa união fraternal, junto ao
tesouro da experiência evangélica.
Saibamos,
assim, desculpar as trevas em más arremetidas inúteis, valorizando a
luz que o divino Mestre nos concedeu para o caminho de ascensão.
Recordemos
que a ele próprio não se reservou, na Terra, senão a cruz do supremo
sacrifício, da qual endereçou ao mundo inteiro a bênção do silêncio e da
humanidade, do perdão e da renúncia por mensagem maior.
Atentos,
desse modo, aos nossos compromissos com a verdadeira fraternidade,
estejamos vigilantes, entre a riqueza do trabalho e a graça da oração em
nossos santuários de serviço, na convicção de que o campo de nossas
atividades pertence ao Mestre e Senhor.
E
na certeza de que agindo sob as normas do amor de que somos
depositários tê-lo-emos em toda a parte por advogado infalível a
pronunciar-se por nós no momento oportuno.
Eurípedes Barsanulfo
(Psicografia
recebida por Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo, MG, no dia 16 de julho de 1954. Lembrança do Culto do Amor Cristão da Casa do Caminho de
Sacramento, MG, em 1 de maio de 1996. In: ABDALA, Dirceu.
Tombamento religioso, histórico, cultural e patrimonial de Eurípedes
Barsanulfo, o apóstolo de Sacramento. São Paulo: CEU, 2008. p. 64-65.)