Filhos, o Senhor nos abençoe!
Efetivamente,
as vossas responsabilidades no plano terrestre vos concitam a trabalho
árduo no que se refere à implantação das ideias libertadoras da Doutrina
Espírita a que fomos trazidos a servir.
Em verdade, nós outros, os
amigos desencarnados, até certo ponto, nos erigimos em companheiros da
inspiração, mas as realidades objetivas são vossas, enquanto
desfrutardes as prerrogativas da encarnação.
Compreendamos que a vossa tarefa na divulgação do Espiritismo é ação gigantesca de que não vos será lícito desertar.
Nesse
aspecto do assunto, urge considerarmos o impositivo da distribuição
equitativa e plena dos valores espirituais, tanto quanto possível, em
benefício de todos.
Devotemo-nos à cúpula, de vez
que em qualquer edificação o teto é a garantia da obra, no entanto é
forçoso recordar que a estrutura e o piso são de serventia preciosa,
cabendo-lhes atender à vivência de quantos integram no lar a composição
doméstica.
Em Doutrina Espírita, encontramos a
Terra toda por lar de nossas realizações comunitárias e, por isso mesmo,
a cúpula das ideias é conclamada a exercer a posição de cobertura
generosa e benéfica, em auxílio da coletividade.
Não vos isoleis em quaisquer pontos de vista, sejam eles quais forem.
Estudai todos os temas da humanidade e ajustai-vos ao progresso cujo carro prossegue em marcha irreversível.
Observai tudo e selecionai os ingredientes que vos pareçam necessários ao bem geral.
Nem segregação sistemática na cultura acadêmica, nem reclusão absoluta nas afirmativas do sentimento.
Vivemos
um grande minuto na existência planetária no qual a civilização para
sobreviver há de alçar o coração ao nível do cérebro e controlar o
cérebro, de tal modo, que o coração não seja sufocado pelas aventuras da
inteligência.
Equilíbrio e justiça.
Harmonia e compreensão.
Nesse
sentido, saibamos orientar a palavra espírita no rumo do entendimento
fraternal.
Todos necessitamos de luz renovadora.
Imperioso saber
conduzi-la, através das tempestades que sacodem o mundo de hoje, em
todos os distritos da opinião.
Congreguemo-nos
todos na mesma formação de trabalho, conquanto se nos faça
imprescindível a sustentação de cada um no encargo que lhe compete.
Nenhuma inclinação à desordem a pretexto de manter coesão, e nenhum endosso à violência sob a desculpa de progresso.
Todos precisamos penetrar no conhecimento da responsabilidade de viver e sentir, pensar e fazer.
Os
melhores necessitam do Espiritismo para não perder o seu próprio
gabarito nos domínios da elevação.
Os companheiros da retaguarda
evolutiva necessitam dele para se altearem de condição.
Os felizes
reclamam-lhe o amparo, a fim de não se desmandarem nas facilidades que ,
transitoriamente, lhes enfeitam as horas.
Os menos felizes pedem-lhe o
socorro, a fim de se apoiarem na certeza do futuro melhor.
Os mais
jovens solicitam-lhe os avisos para se organizarem perante a experiência
que lhes acena ao porvir, e os companheiros amadurecidos na idade física
esperam-lhe o auxílio para suportar com denodo e proveito as lições
que o mundo lhes reserva na hora crepuscular.
Assim sendo, tendes convosco todo um mundo de realizações a mentalizar, preparar, levantar, construir.
Não
nos iludamos.
Hoje dispondes da ação, no corpo que envergais; amanhã
seremos nós, os amigos desencarnados, que vos substituiremos na arena de
serviço.
A nossa interdependência é total.
Ante
a imortalidade, estejamos convencidos de que voltaremos sempre à
retaguarda para corrigir-nos, retificando os erros que tenhamos, acaso,
perpetrado.
Mantenhamo-nos vigilantes.
Jesus na revelação e Kardec no esclarecimento resumem para nós códigos numerosos de orientação e conduta.
Estamos
ainda muito longe de qualquer superação à frente de um e outro,
porque, realmente, os objetivos essenciais do Evangelho e da codificação
do Espiritismo exigem ainda muito esforço de nossa parte para serem,
por fim, atingidos.
Finalizando, reflitamos: sem comunicação não teremos caminho.
Examinemos
e estudemos todos os ensinos da verdade, aprendendo a criar estradas
espirituais de uns para os outros.
Estradas que se pavimentem na
compreensão de nossas necessidades e problemas em comum, a fim de que
todas as nossas indagações e questões sejam solucionadas com eficiência e
segurança.
Sem intercâmbio não evoluiremos; sem
debate a lição mora estanque no poço da inexperiência, até que o tempo
lhe imponha a renovação.
Trabalhemos servindo e
sirvamos estudando e aprendendo.
E guardemos a convicção de que, na bênção do Senhor, estamos e estaremos todos reunidos uns com os outros,
hoje quanto amanhã, agora como sempre.
Bezerra – 06/12/1969
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Do livro Bezerra, Chico e você, Bezerra de Menezes por Francisco Cândido Xavier. Essa mensagem foi publicada na íntegra em Reformador de abril de 1977. p. 104.