O articulista Richard Simonetti
Alguém perguntou:
– Chico Xavier já tem um sucessor?
E Chico, bem-humorado:
– Não. Seria como perguntar ao capim se ele tem sucessor. Capim é assim mesmo: morre um, nasce outro. Esse é o meu caso. Considero-me abaixo do capim, pois este pelo menos serve ao boi, enquanto eu ainda nem fui para o silo, onde, então, vou servir mais.
A observação de Chico é típica da humildade que marcava suas observações.
Sempre buscava os “últimos lugares”, segundo a metáfora evangélica, no que dependia de sua iniciativa.
E era sempre guindado aos “primeiros”, em posições de destaque, no que contava com uma unanimidade que reconhecia sua grandeza espiritual e sua inestimável contribuição em favor da Doutrina Espírita.
Não obstante, o médium reporta-se a uma realidade, quando responde à indagação sobre possível sucessor.
Cada ser humano é uma personalidade ímpar, nas suas características, na sua maneira de ser, no seu trabalho.
As grandes missões encerram-se com o retorno do missionário à Espiritualidade.
Isso ocorre em todos os setores da atividade humana:
- Beethoven (1770-1827), na música.
- Francisco de Assis (1181-1226), na religião.
- Einstein (1879-1955), na física.
- Tolstói (1828-1910), na literatura.
- Sócrates (470-399 a.C.), na filosofia.
- Hipócrates (460-377 a.C.), na medicina.
- Chaplin (1889-1977), no cinema.
Todos tiveram herdeiros e continuadores, nunca sucessores.
Esses dois enfoques merecem nossa apreciação, quando analisamos a obra missionária de Chico Xavier.
Herdeiros - São os que entram na posse desse tesouro incalculável de cultura e conhecimento, a desdobrar-se nos livros de André Luiz, Emmanuel, Humberto de Campos e tantos outros espíritos que se tornaram “visíveis” graças ao médium. É uma herança extremamente valiosa, maravilhosa lente de aumento que nos permite entender melhor a Doutrina Espírita, bem como as realidades além-túmulo.
Kardec desvenda o mundo espiritual. Chico o traz para o nosso cotidiano.
Proclama Kardec em Obras Póstumas: "É preciso que a vida futura não deixe no espírito nem dúvida, nem incerteza; que seja tão positiva quanto a vida presente, que é a sua continuação, do mesmo modo que o amanhã é a continuação do dia anterior. É necessário seja vista, compreendida e, por assim dizer, tocada com o dedo. Faz-se mister, enfim, que seja evidente a solidariedade entre o passado, o presente e o futuro, através das diversas existências."
É exatamente o que Chico nos proporciona: tocar o mundo espiritual com a ponta do dedo.
Somente as mentes impermeáveis, intoxicadas pela falsa cultura ou dominadas pelo fanatismo preconceituoso, não sentem a realidade espiritual admiravelmente desdobrada por André Luiz, em sua obra magistral, que será objeto de estudos nas academias do futuro.