Vinha de Luz
seja bem-vindo à nossa loja virtual!

REGISTRE-SE | LOGIN ( esqueci minha senha )

Notícia

Chico Xavier: indispensável




As caravanas que em 18 e 19 de abril de 2009 participaram do “II Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra”, em Pedro Leopoldo, onde não se cobrou qualquer quantia pela participação, perceberam a diferença das interpretações sobre o significado da herança que Chico nos deixou. Sem precisar citar nomes, porque desnecessário, de um lado se colocaram os muitos que têm a percepção de que o fenômeno humano e mediúnico representado por Chico é a mais sólida referência da evolução individual e planetária desde Jesus, e de outro lado os poucos que julgam que Chico é apenas mais um na história da humanidade.

Os que intuem que Chico foi a própria encarnação do Cristianismo redivivo, protótipo do homem novo, e é exemplo para se cultivar em todas as latitudes e longitudes terrestres, estão corretos. O Espiritismo, como demonstrou o Chico, não veio ao mundo para ser tratado com pompas e circunstâncias, mas para servir ao povo, sobretudo aos mais simples, que por isso devem ter seu acesso facilitado aos seus conceitos e práticas. Já os que dizem homenagear Chico nos atapetados salões do 3º Congresso Espírita Brasileiro, em Brasília (ao custo de R$120,00 – cento e vinte reais a inscrição individual!), definitivamente não sabem o que fazem. E como quase todos que pensam assim são dirigentes de órgãos federativos é preciso lhes dizer que além de não caminharem como deveriam ainda impedem o avanço de milhões, que poderiam encontrar parâmetros afetivos, intelectuais e morais nos escritos e exemplos do Chico, inclusive nas obras póstumas, psicografadas por Carlos Baccelli.

A Doutrina Espírita foi codificada na França entre 1857 e 1868, mas se Kardec não tivesse existido e os postulados espíritas nos chegassem somente pelas obras psicografadas por Chico Xavier o trabalho do francês faria alguma falta? Tem alguma coisa que Kardec escreveu que Chico não fez mais e melhor? Segundo a lógica formal, o maior contém o menor. Nesse sentido, as obras psicografadas por Chico Xavier não podem ser tratadas como “complementares” das de Kardec porque são muito mais densas e completas. Quem nega essa obviedade age, ipsis litteris, como os tradicionais sacerdotes, “guardiões de dogmas”...

Não se trata de menosprezar o trabalho de Allan Kardec, até porque ele morreu em Paris, em 31 de março de 1869, mas reencarnou, para completar seu trabalho, em Pedro Leopoldo, em 2 de abril 1910, exatamente na personalidade de Chico Xavier. Quando se questiona a posição de Kardec em relação a Chico é porque sem os conhecimentos que Emmanuel, André Luiz, Meimei, Scheilla e outros instrutores nos trouxeram ainda estaríamos discutindo – e perdendo tempo –, sobre a veracidade ou não das comunicações mediúnicas, da imortalidade e outros temas, que foi o que os adeptos do Espiritismo fizeram durante o século XIX e quase todo o século XX, sem quase sair do lugar.

Tem tempo a polêmica sobre a imortalidade e a comunicabilidade dos espíritos. Na Grécia Antiga, os primeiros filósofos e cientistas só conseguiram conceber a possibilidade de realização plena da justiça quando a colocaram sob o prisma cósmico (lição que faria bem aos juristas resgatarem), ou seja, depois que admitiram a hipótese da imortalidade, mediante a pré-existência e sobrevivência do espírito às sucessivas vidas corporais pela reencarnação. Em uma das suas obras mais célebres, A República, Platão discute os atributos de uma sociedade ideal e ao final introduz o chamado mito de Er, uma história contida no livro X, de 614b a 621b, onde se relata a experiência de alguém que retornou do Hades (o mundo dos mortos). De acordo com a narrativa, todas as injustiças cometidas importam em penas severas para as almas injustas, de quanto fizeram em vida, a fim de se purificarem (não é exatamente o que demonstra André Luiz, em minúcias, na série Nosso Lar?). Porém, os acadêmicos que leem A República, ao invés de admitirem que a inspiração de Platão foi o intercâmbio mediúnico de pitons e pitonisas (denominação dos médiuns da época), preferem dizer que o filósofo grego recorre ao mito como mera hipótese para preencher o que não pode ser racionalmente demonstrado, caso da imortalidade...

Entretanto, depois de Chico Xavier, esse tipo de raciocínio não se sustenta mais. Não se trata de discutir sofismas e alegorias, mas tratar de fatos concretos, como os mais de 400 livros psicografados em variados estilos e conteúdos. Diante disso o bom senso sinaliza que não se pode continuar colaborando, por ação ou omissão, para manter a humanidade em rota de negação da esperança e do amor, cuja tradução mais fiel é o exercício da caridade, pois com Chico Xavier a dúvida sobre a imortalidade se desfez e o exercício da mediunidade adquiriu sentido coerente e preciso. O livro Desobsessão, psicografado por André Luiz em 1964, denota a nova orientação: é um manual prático com orientações singelas para o trabalho com espíritos obsessores. Não se trata mais de provar que os espíritos se comunicam, atuam sobre o mundo corpóreo ou qualquer outra questão desse tipo. Importa, sim, conferir caráter misericordioso e útil ao intercâmbio entre mortos e vivos segundo a carne.

Durante 87 dos seus 92 anos, Chico dialogou ininterruptamente com os espíritos. Dos 87, 75 anos foram dedicados à atividade mediúnica sistemática, que variou da psicografia de poesias de estilo rigoroso e conteúdo doutrinário irrepreensível aos diálogos com os habitantes comuns das diversas dimensões espirituais, passando pelas inúmeras esclarecedoras lições, sempre em profunda e extensa vinculação com o Evangelho do Mestre Jesus. Assim, porque sua vida foi verdadeiro libelo contra a ignorância, síntese de referências objetivas para o encontro com a felicidade, quando me refiro ao Chico a palavra que acompanha a lembrança é: indispensável!


Por Antonio Baracat | Professor de Filosofia e História | Belo Horizonte, MG
19/05/2009
 


Wan BrasilAC Portal
VINHA DE LUZ - SERVIÇO EDITORIAL LTDA.
Av. Álvares Cabral, 1777 - Sala 2006 - Santo Agostinho 30170-001 – Belo Horizonte – MG
Telefone: (31) 2531-3200 | 2531-3300 | 3517-1573 - CNPJ: 02.424.852/0001-31