Irmãos e irmãs, a paz seja convosco.
Os intrincados caminhos da mente humana são ainda inexplorados não somente pela ciência dos homens, mas também levemente apreendidos pelos espiritualistas de todas as procedências.
Dentro da escola espírita-cristã, contudo, mais amplos horizontes se desdobram para a compreensão do fenômeno existencial, do espírito, da consciência – a consciência que, em si, não tem tempo e nem lugar para se expressar.
O somatório de todas as vivências, todas as recordações, todos os sentimentos, vividos, sentidos, apreendidos, são vivos – não há passado, não há presente, não há futuro – são vivos. Estão como que uma chama a consumir consciências culpadas, a aprisionar os débitos incorridos e os sentimentos desviados, a infelicitar essas mesmas consciências no quadro escuro das horas em que se deixaram levar na escuridão dos tempos sem fim.
Sem esperança, sem amor, sem a luz do perdão, esse processo não se desata. Eis que a consciência culpada, ou desviada, se aprisiona a si mesma nas tramas das próprias recordações.
Que são 100 anos, 500 anos, 1.000 anos diante desse processo intrincado de aprisionamento íntimo?
Nada!!!
Não vos inquieteis, portanto, e não duvideis de que o tempo não transcorre para essas almas aflitas e sobrecarregadas.
Olhai o fenômeno com os óculos da caridade, compreendendo que todos somos filhos do mesmo Pai, irmãos uns dos outros, necessitados de nos dar as mãos, de nos consagrar no abraço fraterno e solidário, levantando os caídos, enxugando lágrimas, consolando os aflitos, abraçando os solitários, dando pão aos famintos e a água viva da fé aos sedentos de redenção espiritual.
Amados companheiros e companheiras do destino, tenhamos amor nos corações para receber essas almas que nos procuram na esteira dos séculos sem fim, reclamando de nós reajuste e paga, reclamando de nós atenção e refazimento. Somos o espelho delas mesmas, pois que caíram conosco, e muitas vezes fomos nós que as fizemos cair nas malhas da tentação, nas malhas do crime, nas redes escuras dos vícios inominados, nas tramas infelizes de revoluções inglórias e guerras estúpidas, grassando sofrimento e sangue por onde passamos, em civilizações que hoje estão mortas, mas dentro de nós a memória é viva.
Aqueles a quem prejudicamos estão presentes e reclamam o nosso amor, a nossa dedicação, o nosso olhar de carinho para que sintam, agora, nesta oportunidade, que estão num tempo e num espaço diferente – no tempo do perdão e no espaço do refazimento moral.
Amados amigos, distintas irmãs, abracemos a charrua do trabalho mediúnico com Jesus e por Jesus, com Kardec e o Espiritismo cristão, e para Kardec na Doutrina consoladora do Cristo que ressurge nos exemplos imorredouros daqueles que a plantaram com imensos sacrifícios na face escura da Terra nos dois últimos séculos.
Tenhamos coragem para perseverar até ao fim de nossos compromissos, embora, sinceramente, saibamos que esse compromisso não terá fim, segundo os parâmetros do mundo. Porque assim como as almas sobrecarregas e aflitas se aprisionam nas recordações infelizes que lhes sustentam as tristezas, os desânimos e as desilusões, as almas que se libertam na luz do conhecimento superior e no sentimento nobre de amarmo-nos uns aos outros como Jesus nos amou se libertam também das cadeias do espaço-tempo, vivendo a permanência da luz – a luz imperecível que haverá um dia de reinar em todos os nossos corações, iluminando a vida em torno, por nós, para nós e para os nossos, em nome da luz excelsa do Cristo, que brilha desde os tempos primevos, aguardando, apenas, que lhe reflitamos o esplendor.
Que o amado Jesus, sol de nossas almas, esteja sempre em nossos corações, no imo de nossos pensamentos, e na mais alta das devoções no templo de nossos espíritos, é o desejo e são os votos do irmão e do amigo que não os esquece.
____________________________
Mensagem psicofonada por Geraldo Lemos Neto durante reunião mediúnica de 25 de setembro de 2019, no Grupo Mediúnico Maria de Nazareth, em Belo Horizonte, MG.
