Na seara
Outubro | 1945
O Espiritismo avança a passos agigantados. Avança e progride, ganhando terreno em todos os lares, na sociedade, em todos os recantos onde há uma manifestação da vida. Já não pode a criatura, pelo menos a de bom senso, negar a verdade das manifestações do além-túmulo.
Os manicômios estão repletos de pretensos loucos — doentes mentais uns, obsedados outros. Espíritos endurecidos atuam sobre homens, mulheres e crianças, impregnando-lhes fluidos grosseiros, sugestões perturbadoras. Tragédias domésticas, lares em desarmonia, criaturas irritadas afirmam, inequivocadamente, que “os tempos estão chegados”, segundo a profecia de Jesus.
Os fenômenos se repetem, numa sequência interminável, fenômenos esses que nada têm de sobrenatural, como explicou Allan Kardec e tantos outros luminares do Espiritismo, mas representam, tão-somente, a manifestação irrefutável da vida espiritual. Tudo isso significa o Espiritismo em marcha ascensional, num voo célere para os grandes destinos regeneradores da humanidade, vencendo os dogmas absurdos, as concepções atrabiliárias e utilitaristas, as barreiras desarrazoadas e cegas dos homens que não quiseram, ainda, conhecer a Nova Revelação, o Espírito Consolador que, prometido pelo Mestre, há de ficar entre nós por toda a eternidade, ensinando-nos todas as coisas.
Nada conseguirá deter o desenvolvimento da Doutrina Espírita, porque independe da vontade dos encarnados embargar a evolução das coisas sagradas. O Espiritismo é uma determinação da Vontade Divina. Os profetas nos falaram de tudo quanto constitui, hoje, a verdade espírita. Médiuns auditivos, inspirados, de transporte, videntes, de incorporação, etc., enriquecem a história bíblica mencionando fatos que, incompreensíveis àquela época, são hoje revelados e explicados pela ciência espírita.
“Os tempos estão chegados”, repetimos com o Mestre dos mestres. Chegados para que a humanidade possa compreender que há uma lei superior e inatingível, uma força soberana e indefinível dirigindo os destinos do mundo para que um dia ela possa aproximar-se da Grande Bondade, da Suprema Perfeição Universal.
_______________________
Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 33-34. O Luzeiro, novembro de 1945. p. 1. Coluna “Na seara”
Nota da Editora:coluna de Martins Peralva, cujo título era “Na seara”. Segundo os originais fornecidos pela família Peralva, o jornal O Luzeiro trazia em seu cabeçalho os seguintes dados de publicação — Órgão para difusão da Doutrina Espírita. Religião, Filosofia, Ciência. Aracaju, Sergipe. Diretores: Martins Peralva, Deusdedit Fontes. Gerente: Wilson Wynne da Mota. Em seu frontispício, trazia, ainda, a trilogia kardequiana “Trabalho, solidariedade, tolerância”.