5º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito” |
Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM. Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva. ................................. Na searaFevereiro | 1946 A dor é o maior e mais eficiente veículo da perfeição do espírito. Se ela não existisse ao lado da pobreza, unidos, portanto, os sofrimentos morais e físicos, qual seria a sorte deste sopro divino a que chamamos espírito? O homem, absorvido nas suas grandezas materiais — grandezas que somente prevalecem até a porta do túmulo — rico e prepotente, sem dignar-se lançar sequer um olhar de compaixão para a miséria dos seus semelhantes, embruteceria cada vez mais o seu espírito. Acarretá-lo-ia de maiores e mais pesadas responsabilidades perante a Justiça Divina e nas suas existências posteriores, por séculos sucessivos, teria sempre de ressarcir com elevados juros a sua incompreensão pelo sofrimento alheio, o seu descaso pelas coisas elevadas da Espiritualidade, resultantes do mau uso do livre-arbítrio. A dor, por conseguinte, é, necessariamente, imprescindível ao progresso espiritual da humanidade, de vez que quanto mais aguda mais aproxima a criatura do seu Criador. Deus somente é lembrado para aliviar sofrimentos nos momentos angustiosos e difíceis da nossa existência. Quem vive na opulência não tem tempo de pensar em quão sublime, quão perfeito e infinito Ser. Os luxuosos cassinos, repletos de todo o conforto que a concepção humana possa imaginar, onde os instintos da matéria putrecível prevalecem sobre os sentimentos puros do espírito, tudo isso serve para afastar o homem da Suprema Divindade. Benditas, portanto, sejam a dor e a miséria, bendito seja o sofrimento que delas decorre! Devemos, ao invés de repudiá-lo, abraçar, amar e bendizer o sofrimento como instrumento de ligação que o é entre o finito e o infinito, porque somente ele poderá manter entre a humanidade e o seu Criador esse elo indissolúvel e perpétuo, tão necessário à perfectibilidade do espírito. Devemos, pois, nos comprazer com a dor que nos martiriza o corpo e a alma, porque, na expressão feliz de Léon Denis, “o sofrimento é o misterioso operário que trabalha nas profundezas da nossa alma e trabalha por nossa elevação. Aplicando o ouvido, quase escutareis o ruído de sua obra. Lembrai-vos de uma coisa: é no terreno da dor que se constrói o edifício de nossas virtudes, de nossas vindouras alegrias”. A dor, em suma, é o cadinho que purifica a alma para a sublime escalada do amor e da perfeição. ___________________ Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 37-38. O Luzeiro, fevereiro de 1946. p. 1. Coluna “Na seara”. Nota da Editora: coluna de Martins Peralva, cujo título era “Na seara”. Segundo os originais fornecidos pela família Peralva, o jornal O Luzeiro trazia em seu cabeçalho os seguintes dados de publicação — Órgão para difusão da Doutrina Espírita. Religião, Filosofia, Ciência. Aracaju, Sergipe. Diretores: Martins Peralva, Deusdedit Fontes. Gerente: Wilson Wynne da Mota. Em seu frontispício, trazia, ainda, a trilogia kardequiana “Trabalho, solidariedade, tolerância”. 04/11/2019 |
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