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Notícia

7º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”


Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.

Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.

Na seara

Junho a outubro | 1947

É hábito muito comum, mesmo entre pessoas que aceitam o Espiritismo e frequentam sessões, atribuir à nossa Doutrina todas as manifestações de mediunismo. Qualquer pessoa que disponha dessa faculdade de servir de intérprete do pensamento e das ideias dos espíritos desencarnados, de estabelecer esse intercâmbio de comunicações entre os dois planos — o físico e o psíquico, o material e o espiritual — é logo apontada como espírita. Entretanto, há diferenças essenciais, positivas. A mediunidade, nas suas diversas modalidades, é um dom divino, por isso sublime, concedido por Deus aos Seus filhos como uma dádiva necessária ao conhecimento das Suas leis e ao progresso humano, não procurando Ele saber se espíritas, protestantes ou católicos, mesmo porque o Pai nunca fez, nem fará jamais, distinções entre as Suas criaturas.

Não é raro o fenômeno mediúnico em lares onde nunca penetrou um ensinamento espírita. Um pastor protestante ou um sacerdote romano pode dispor de faculdades mediúnicas. Ninguém se admire nem se escandalize com isso. Eis que, como dissemos acima, esse dom é facultado a todas as criaturas, embora só consideremos “médium” aquela que a possui em grau mais acentuado.

Sócrates, o grande sábio da Grécia, e que viveu quase 500 anos antes de Jesus, era médium. Ele ouvia a voz de uma entidade que lhe revelava os princípios notáveis da sua filosofia, precursoras, aliás, da ideia cristã e da Doutrina Espírita. Eis que os seus ensinamentos proclamavam a unidade de Deus, a sobrevivência da alma após a morte física e a crença inabalável na vida futura. Joana D’Arc foi médium, como também todos os profetas, porque não falavam de si.

Nessa época, dos profetas, de Sócrates, Joana D’Arc e tantos outros, o Espiritismo não existia como doutrina codificada, vez que somente na segunda metade do século XIX os sábios, com Allan Kardec à frente, começaram a investigar as manifestações sob métodos científicos, servindo-se, aliás, nas suas experimentações, dos médiuns.

Como está evidenciado, nem todos os médiuns são espíritas, pelo que o Espiritismo não pode responder pelo uso frívolo ou desonesto que fazem da mediunidade aqueles que não quiseram conhecer, pelos Evangelhos ou pelas obras de Kardec, qual a verdadeira aplicação da mediunidade, da mesma sorte que Beethoven, Bach, Mozart ou Listz não são responsáveis pela má interpretação das suas divinas composições.

Um ponto, entretanto, precisa ficar esclarecido. O Espiritismo não prescinde da mediunidade e seria um absurdo admitir isso, partindo mesmo do princípio de ser a nossa Doutrina calcada nos ensinos dos espíritos, através dos médiuns, seres escolhidos para a revelação da vida além-túmulo. A própria propagação do Espiritismo, como doutrina cristã reformadora do espírito humano, foi feita pelos médiuns que se prestaram a experimentações científicas, com sacrifício da própria saúde orgânica — Florence Cook, jovem de 15 anos, com o eminente químico William Crookes e Alexander Aksakof; Margery Crandon, com Bligh Bond, Eglington, com Aksakof; Home, Eusápia Paladino e tantos outros abnegados medianeiros entre o mundo corpóreo e o espiritual. E tanto não prescinde que levamos para os centros espíritas as pessoas que possuem mediunidade a desenvolver, moralizando a prática mediúnica em consonância com os ensinos de Jesus e Kardec, isto é, reunindo médiuns com o objetivo exclusivo de fazer a caridade desinteressada e gratuita aos enfermos da alma e do corpo, bem assim esclarecer irmãos desencarnados, sofredores ou endurecidos e receber os conselhos das entidades amigas.

O ideal seria que todas as pessoas que têm mediunidade — curadora, intuitiva, psicográfica, de vidência ou incorporação — procurassem conhecer a sublimidade do dom recebido, fazendo o uso recomendado por Jesus e Kardec, a fim de que sobre o Espiritismo não fossem lançadas injustamente as mais torpes calúnias. Mesmo sem frequentar os templos espíritas, lendo em casa as obras fundamentais do Espiritismo, ficariam conhecendo a riqueza que possuem e inconscientemente põem para fora, com o aplicarem-na em objetivos fúteis e levianos. Deviam agir dessa maneira também aqueles que, analfabetos em Espiritismo, (sim, a expressão verdadeira é essa), conceituam uma Doutrina sublime e regeneradora, que tem transformado desordeiros em apóstolos, tal a magia admirável da sua filosofia racionalíssima, em face do que fazem, alhures, em nome dela. Se assim acontecesse, se os médiuns e os detratores do Espiritismo o conhecessem, muita injustiça deixaria de ser imputada a tão sublime Doutrina.
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Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 41-43. O Luzeiro, junho a outubro de 1947. p. 1. Coluna “Na seara”.

Nota da Editora: coluna de Martins Peralva, cujo título era “Na seara”. Segundo os originais fornecidos pela família Peralva, o jornal O Luzeiro trazia em seu cabeçalho os seguintes dados de publicação — Órgão para difusão da Doutrina Espírita. Religião, Filosofia, Ciência. Aracaju, Sergipe. Diretores: Martins Peralva, Deusdedit Fontes. Gerente: Wilson Wynne da Mota. Em seu frontispício, trazia, ainda, a trilogia kardequiana “Trabalho, solidariedade, tolerância”.

In: https://www.jornaldacidadebh.com.br/sociedade/7o-artigo-de-martins-peralva-evangelho-puro-puro-evangelho-na-direcao-do-infinito/
18/11/2019
 


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