14º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito” |
Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM. Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva. Comentando o Evangelho31 | julho | 1957 “E ele saltou e andou.” — Atos, 14: 10 Aquele homem jamais havia caminhado com seus próprios recursos. Nascera, coitado, sob o triste signo da impossibilidade de, sem o auxílio de terceiros, deslocar-se de um para outro lugar. Nunca tivera a alegria de andar de sua casa para a rua, onde mendigava, e da rua para casa, onde sofria e chorava a sua desdita. Era, como se vê, um espírito em prova, um coração culpado, uma consciência em processo regenerativo. A infração da lei, no ontem que se fora, deu-lhe, naquela existência, a dura prova da paralisia redentora. Precisamos de olhos para enxergar e de ouvidos para entender as misteriosas vozes do nosso ontem de enganos ressoando, distinta e misericordiosamente, em nosso hoje de esperanças. Assim sendo, procuremos, na passagem em estudo, que para muitos poderá resumir-se no simples registro de mais uma entre tantas curas do apóstolo, a substância doutrinária indispensável às nossas necessidades evolutivas. De modo geral, o problema do aprimoramento da humanidade é perfeitamente idêntico ao problema físico do nosso amigo, que “saltou e andou” após ouvir a Paulo. Quando o espírito deseja, efetivamente, caminhar para o bem e para a luz, o simples conhecimento da verdade relativa fá-lo dar saltos e andar na estrada do aperfeiçoamento. Entretanto, quando as palavras não traduzem o sentimento interior, nem o verbo construtivo, impregnado de princípios renovadores, nem os fenômenos mais deslumbrantes abalam o indiferente ante ideais elevados e santificantes. Bastou ao paralítico ouvir a Paulo para erguer-se, vitorioso, deixando de ser um inválido para se tornar célula ativa do organismo social. Levantemo-nos também da vida imediatista para a vida dinâmica, operante e cristã, trabalhando e realizando, apesar dos impedimentos que decorrem dos compromissos do pretérito. Sem boa vontade e fé sincera, permaneceremos longos séculos pensando em função dos que pensam e como agem os nossos companheiros de jornada, deles dependendo, sempre, a solução de nossos conflitos, à maneira do paralítico que, durante longos anos, só se deslocava de casa para a rua, e vice-versa, nos braços de outrem, até que a clarinada do doutor de Tarso o ergueu para a vida e para o trabalho. Jesus Cristo, através de Paulo e de outros missionários, permanece convocando-nos a experiências mais produtivas, no capítulo das aspirações superiores e definitivas. Ergamo-nos, pois, em espírito e verdade, a fim de que, saltando e andando, atendamos ao chamado do Mestre.
Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 59-60. Nota da Editora: Jornal Síntese, 31 de julho de 1957. Coluna de Martins Peralva, “Comentando o Evangelho”. O jornal Síntese era um quinzenário mineiro, sediado em Belo Horizonte, e tinha como diretor o Sr. Noraldino de Mello Castro, secretário Sr. Henrique Rodrigues, redator Rubens C. Romanelli e gerente Virgílio P. Almeida. 02/03/2020 |
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