Espiritualidade | Textos sobre Barnabé | Uma dor não é vencida por outra dor |
Psicopictografia de Cleide, pelo espírito José - Fraternidade Cristã Francisco de Assis (Fecfas) O JORNAL DA CIDADE BH preparou lançamentos, periódicos, com uma série de escritos sobre Barnabé, um dos primeiros trabalhadores que se agregaram integralmente à causa cristã. Confira todos os textos da coluna sobre Barnabé assinada por Carlos Malab. Uma dor não é vencida por outra dorAs noites na casa cristã de Antioquia eram ocupadas com estudos reflexivos sobre os ensinamentos de Jesus. O oradores eram trabalhadores da casa que com dedicação ao conhecimento da vida de Jesus, procuravam entender a sua mensagem e vivê-la. Era comum nos estudos, a assistência dos orientadores mais experientes aos expositores iniciantes, ficando também à disposição no atendimento a dúvidas e aos casos de urgência se eles porventura surgissem. Além dos estudos, a casa se dedicava ao acolhimento aos doentes carentes e a distribuição de refeições gratuitas, aos desamparados de toda a sorte. A manutenção da casa se baseava principalmente em doações que muitas vezes chegavam no ultimo instante. Em uma noite, enquanto Jonas, irmão iniciante na tarefa, dissertava sobre os acontecimentos no episodio que ficou conhecido mais tarde como o sermão da montanha, na lição “Felizes os aflitos porque eles serão consolados”(1), uma mulher de meia idade começou a soluçar alto e sem parar. A seu lado estava um senhor mais velho de barba e cabelos branqueados pelo tempo que tentava consola-la, mas sem sucesso. A reação da senhora era entendida e respeitada por todos, pois já estavam experimentados na convivência com os episódios de dor. Ao final dos comentários, Barnabé levantou-se discretamente e encaminhando-se ao encontro do casal, abordou-os carinhosamente: -Meus caros irmãos, bem vindos a nossa casa, se importariam em vir comigo para uma conversa? Os dois surpresos pelo cuidado e consideração, que eram objeto, aceitaram o convite e o acompanharam. Barnabé dirigiu-se a um cômodo interno e convidando-os a assentar falou: -Me chamo Barnabé e peço desculpas aos irmãos por aborda-los assim em separado. Faço isto porque aqui podemos nos entender em particular e abrir o coração. O casal estava emocionado e o senhor respondeu em voz grave: -Nós é que agradecemos a sua atenção, nos desculpamos pelas nossas manifestações durante o culto, mas é que nosso drama familiar não deixa que pensemos em mais nada. A nossa dor é aguda e constante. Perdemos o nosso filho mais velho e não nos conformamos. -O que aconteceu Irmãos? Com forte expressão de tristeza na face, o senhor começou a falar: -Me chamo Josh e esta é minha esposa Dinah, nosso Nir desapareceu no Orontes. Ele pulou da ponte quando rio estava cheio. A nossa vida agora é um grande vazio. Sentimos muita falta dele. A senhora começou a chorar e o marido tentando consola-la voltou-se novamente para Barnabé explicando: -Nosso filho estava muito abatido, não tinha amigos, não gostava de conversar. Nada que fizéssemos chamava a atenção dele. Quando falava conosco dizia que não queria viver mais. Nos tentávamos conversar, explicávamos que tudo iria melhorar com o tempo e pedimos que ele tivesse paciência, mas sem sucesso, não éramos ouvidos. Josh silenciou por um tempo, enquanto as lagrimas brotavam dos seus olhos. Manifestando dificuldade, continuou a falar, enquanto ao fundo ouviam-se os contínuos soluços de Dinah: -Em uma noite de muita chuva, quando o rio estava próximo de transbordar, nosso filho saiu de casa, sem nos acordar. Um vigilante disse que o viu subir na ponte, olhar para o rio e se jogar nas aguas. Desde então o procuramos sem sucesso. Barnabé vendo a profundidade da dor, esboçou umas palavras de consolo, entendendo que era melhor deixar que eles, neste momento, expressassem tudo o que sentiam. -Entendo meus Irmãos, vamos ter fé em Deus que sempre nos ampara. Nunca estamos sós e abandonados . Josh continuou em voz baixa: -O guarda que o viu, correu para segurar nosso filho mas não deu tempo. Ele disse que Nir pulou e que se arrependeu de imediato, tentou agarrar a ponte, gritou por socorro e não aguentando se segurar, foi levado pela força das aguas. Só ficamos sabendo do ocorrido, muito depois, ao procurar por toda a parte por noticias suas. Pela bondade de Deus, encontramos o vigilante que reconheceu nossa descrição de Nir pela roupa que dissemos que ele usava. Barnabé sentiu-se fundamente tocado pela história e extremamente preocupado com Dinah, pois ela dizia, baixinho, no seu desespero, que queria também terminar sua existência para ir estar com o filho. Conhecia esta atitude, por outros casos similares. Refletiu consigo mesmo no drama doloroso vivido por aqueles que abreviam a passagem pelo mundo físico, supondo deste jeito resolver todos os problemas ou cessar com o sofrimento. Pensar assim é se iludir, pois a vida continua após a morte do corpo físico e uma deserção dela, como a conhecemos, não alivia, só aumenta o padecimento de quem escolhe este caminho. Pediu a Deus mentalmente inspiração na maneira de como ajudar e comentou: -Irmã Dinah, disse olhando direto nos olhos dela, sentimos quão profunda é a sua perda. Te rogamos do fundo do nosso coração, não se machuque. A nossa vida é uma dádiva de Deus. Não se esqueça que sua família precisa de você. Pense no sofrimento que causará a eles, se os abandonar, precipitando a sua morte. Uma dor não é vencida por outra dor mas sim pela força do amor. Parou de falar por alguns segundos para que Dinah absorvesse o que dizia e continuou: -Estamos consternados em saber do ocorrido e te pedimos humildemente, tenha fé. Acima de tudo está Deus ele zela por nós o tempo todo e esta cuidando do querido Nir. Ele não está abandonado. A nossa alma é imortal e destinada a luz e a felicidade. Não estamos condenados a dor e o sofrimento eterno. Para auxiliar seu filhinho você precisa estar firme, confiante no poder da oração. Barnabé parou por mais uns instantes, mirou os pais ali abraçados em cena comovedora e continuou. -Quando oramos com fervor, os anjos do Senhor nos auxiliam e acham uma forma de nos mostrar o caminho a seguir. Vamos fortalecer a família neste momento difícil. As palavras de Barnabé foram aos poucos tranquilizando o casal. -O que posso fazer Irmão Barnabé para ajudar o meu filho? Perguntou Dinah de olhos vermelhos e face amargurada. -Minha Irmã agora temos de orar por ele e pedir aos anjos que o atendam e aliviem em suas dores. Deus sempre nos dá novas oportunidades de nos corrigirmos e seguirmos em frente. Seu filho Nir, vive, pois o espírito é imortal e com a graça de Deus vocês vão se encontrar, no momento certo com ele. -Como eu seria feliz se fosse possível encontrar com ele, saber como ele está, abraça-lo novamente. – Tenha fé minha Irmã. Sigamos em frente. Nos vamos lhe ajudar. Vamos coloca-lo e a vocês em nossas orações. Posso visita-los para conversarmos mais? -Será uma enorme alegria recebe-lo em nossa casa. Notando que os dois estavam melhores, Barnabé, procurando fortalece-los de forma que pudessem a encontrar um novo sentido para a vida, os convidou para conhecer as atividades da casa, pois somente o trabalho pelo bem do próximo pode trazer a renovação e paz nos corações que sofrem sob o impacto das tragédias do mundo. (1) Mateus 5:5 Carlos MalabEngenheiro, 61 anos, formado pela PUC-MG, com extensão no IEC e Fundação Don Cabral, o autor da coluna, foi Professor convidado no IBMEC, IEC, IETEC e PUC-MG. Possui vasta experiência em planejamento e implementação de tecnologias no Brasil, tendo trabalhado por um ano na Namíbia onde dirigiu a parte tecnológica da maior empresa de Telefonia Móvel Celular do pais. Atualmente reside em Belo Horizonte onde desenvolve atividades de consultoria. Tem se dedicado a estudos, pesquisas sobre o Evangelho e questões espirituais. Espírita Cristão, Atualmente integra os quadros do Portal Saber Espiritismo, do Grupo Mediúnico Maria de Nazaré e do Grupo Espírita Saber Amar de Belo Horizonte. É palestrante e autor dos livros Telefonia Móvel de Forma Simples e Prática (Clube de Autores) e Era Uma Vez Para Sempre (Editora Vinha de Luz). E-mail: cmalab@gmail.com Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | In: https://www.jornaldacidadebh.com.br/sem-categoria/espiritualidade-textos-sobre-barnabe-7/27/05/2020 |
|