20º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito” |
Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM. Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva. Leia todos os artigos de Martins Peralva publicados no JCBH Abril | 1956 “Mas Pedro negava, dizendo: ‘Mulher, não o conheço’.” — Lucas, 22: 57 A negação de Pedro, o venerando apóstolo galileu, contém em si mesma um dos mais expressivos ensinamentos do Evangelho. É acontecimento que não deve ser considerado por acidental dentro das narrativas evangélicas, merecendo, por isso, acurada meditação de quantos se interessam pelo estudo da Boa Nova do reino. Todos sabem como se deu a ocorrência, sendo desnecessários, portanto, os pequenos detalhes da recapitulação. Foi nas horas finais da presença tangível do divino Emissário na paisagem terrestre, quando, desprezado por quase todos, buscava no martírio e na coroa de espinhos o combustível com que acenderia para toda a humanidade planetária a luz da redenção espiritual. Apontado, três vezes, como um dos acompanhantes do Senhor, o velho Cefas, receando represálias de romanos e judeus, afirmou, referindo-se ao divino Crucificado: “Não o conheço”. A negação de Pedro, antes de tudo, “serve para significar a fragilidade das almas humanas”, conforme acentua Emmanuel, ao focalizar o episódio. E também um convite a que estejamos sempre em vigilância, guardando sincera humildade, não pretendendo ultrapassar o âmbito de nossas possibilidades, não querendo ser o que na verdade não somos. A negação de Pedro nos induz a situarmo-nos na condição espiritual que nos é própria. Lembra-nos, claramente, as nossas fraquezas e o perigo a que, pelas imperfeições de nossas almas, estamos frequentemente sujeitos. Nenhum dos apóstolos foi maior, na dedicação, do que Pedro. Amava profundamente o Mestre e nenhum dos companheiros o superou na fé e na humildade. Nenhum era mais prudente e sensato que o rústico pescador de Cafarnaum. Permanecia sempre ao lado do Senhor, zeloso e devotado, ouvindo-lhe dos próprios lábios as lições edificantes. Todavia, nos últimos instantes, exatamente quando Jesus sofria a incompreensão geral, Pedro, amedrontado e bem humano, declara: “Não o conheço”. Ora, se Pedro, o “príncipe dos apóstolos”, sendo mesmo aquele a quem o Mestre diria, depois, reabilitando-o amorosamente, “Se me amas, Pedro, apascenta as minhas ovelhas”, se o valoroso pescador da Galileia negou o Cristo no extremo, que esperar de nós, que não privamos do convívio pessoal e tangível com o Mestre? A lembrança da negação de Pedro, registrada pelos evangelistas, evitar-nos-á uma série de atitudes incompatíveis com a humildade cristã: seremos menos vaidosos, não teremos a pretensão de ser maiores, não sobre-estimaremos as nossas possibilidades no campo das edificações espirituais. Sobretudo, não entronizaremos o coração na ilusória torre que o nosso milenário orgulho costuma construir. A negação de Pedro será, no curso dos séculos, uma espécie de “olha para dentro de ti mesma, criatura humana e frágil, vê a tua indigência espiritual e entrega ao Pai celestial a autoria de todas as boas obras que consegues materializar na Terra!” ___________________ Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 75-76. Nota da Editora: Reformador, abril de 1956, p. 83. Reformador é uma revista de divulgação da Doutrina Espírita, editada mensalmente pela Federação Espírita Brasileira (FEB). É uma das mais antigas publicações de seu gênero, em circulação no Brasil (desde 1883, no formato original de jornal). Com a fundação da FEB, em 1884, o periódico foi por ela incorporado, passando a ser o seu principal órgão de divulgação, voltado para a difusão de artigos doutrinários, fatos e trabalhos desenvolvidos pela entidade, assim como pelas entidades afiliadas em todo o país. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformador>. Acesso em: 12 nov 2009. 09/06/2020 |
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