21º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito” |
Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM. Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva. Leia todos os artigos de Martins Peralva publicados no JCBH O problema do retornoJunho | 1956 “Procura apresentar-te a Deus aprovado como obreiro que não tem de que se envergonhar.” — Paulo. II Timóteo, 2: 15 Em nossas cogitações de ordem espiritual não deve estar ausente o problema relacionado com a maneira pela qual a criatura humana será acolhida no mundo dos espíritos, após a morte, isto é, após a desencarnação, segundo a nomenclatura espiritista. O assunto, por sua importância, foi objeto de consulta do codificador, através da pergunta 287 de “O Livro dos Espíritos”, formulada nos seguintes termos: ‘“Como é acolhida a alma no seu regresso ao mundo dos espíritos?” A resposta obtida foi a seguinte: “A do justo como bem-amado irmão, desde muito esperado. A do mau como um ser desprezível”. Conclui-se, daí, que a alma da pessoa que transitou pelo mundo, elegendo os padrões de justiça e fraternidade do Evangelho por norma de conduta, é recebida carinhosamente por aqueles que lhe comungam os ideais. A vida no plano terreno é uma como que viagem difícil e trabalhosa, na qual o itinerante arrisca toda a sorte de perigos e tentações. Se triunfa sobre os perigos, superando as tentações, retornará vitorioso e feliz ao mundo espiritual, enchendo de indefiníveis júbilos aqueles que confiaram no seu valor e na sua resistência. Assim como a nossa família consanguínea, em tese, aguarda ansiosamente o retorno das viagens que, periodicamente, empreendemos a outros países, estados e cidades, a família espiritual — aquela que partilha dos nossos ideais — espera-nos saudosa nos planos subjetivos. Quanto ao reingresso no mundo dos espíritos dos que se comprazem na deliberada prática do mal, é interessante apreciarmos mais detidamente a expressão “desprezível”, usada pelos espíritos. Notemos que eles disseram: “como um ser desprezível” e não “como um ser desprezado”. Ser desprezível é coisa bem diferente de ser desprezado. Desprezado é aquele que está no desamparo, sozinho, segregado. E nós sabemos que Deus não desampara ninguém. A misericórdia divina assiste-nos sempre, mesmo que o negrume da perversidade esteja ensombrando a nossa alma. Bastar-nos-á, apenas, aceitar essa assistência, atendendo às sugestões renovadoras que os amigos espirituais nos transmitem incansavelmente. Desprezível é coisa diferente. Esse vocábulo tem o significado de abjeção, miserabilidade espiritual, indigência moral, pobreza de virtudes. Noutras palavras: ausência daqueles sentimentos elevados que atraem, para o seu portador, estima e simpatia espontâneas. O ser desprezível suscita, apenas, compaixão e misericórdia, que se expressam através do auxílio que será recebido ou não, dependendo da sua boa ou má vontade, da sua receptividade ou impermeabilidade. O problema do retorno ao mundo espiritual está, assim, na dependência exclusiva do nosso modo de vida. Se o Evangelho for apenas uma regra de etiqueta em nosso sistema de vida, bem triste será a nossa acolhida na pátria espiritual. Vieira afirmava, com acerto: “Quando nascemos, somos filhos de nossos pais, mas quando morremos somos filhos de nossas obras”. Raciocinando dessa maneira, compreenderemos melhor a oportuna advertência do grande bandeirante do Evangelho, ao se dirigir a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado como obreiro que não tem de que se envergonhar”. _________________ Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 77-78. Nota da Editora: Reformador, junho de 1956, p. 127-128. Reformador é uma revista de divulgação da Doutrina Espírita, editada mensalmente pela Federação Espírita Brasileira (FEB). É uma das mais antigas publicações de seu gênero, em circulação no Brasil (desde 1883, no formato original de jornal). Com a fundação da FEB, em 1884, o periódico foi por ela incorporado, passando a ser o seu principal órgão de divulgação, voltado para a difusão de artigos doutrinários, fatos e trabalhos desenvolvidos pela entidade, assim como pelas entidades afiliadas em todo o país. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ 25/06/2020 |
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