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Espiritualidade | Textos sobre Barnabé | A nossa vida não acaba com a morte


Psicopictografia de Cleide, pelo espírito Djanira - Fraternidade Cristã Francisco de Assis (Fecfas)


O JORNAL DA CIDADE BH preparou lançamentos, periódicos, com uma série de escritos sobre Barnabé, um dos primeiros trabalhadores que se agregaram integralmente à causa cristã. Confira todos os textos da coluna sobre Barnabé assinada por Carlos Malab.

A NOSSA VIDA NÃO ACABA COM A MORTE

Era manhã de domingo e Barnabé saiu cedo, como de costume, para buscar algumas doações de alimentos direcionadas aos necessitados amparados pela casa cristã de Antíoquia.

A mais volumosa doação, era a de pães, feita pela senhora Élida e seus familiares. Ela se comprometera em doar semanalmente uma cesta com cinquenta pães e fazia isto espontaneamente, após ver os trabalhos de assistência da instituição. Não era rica, podia-se até dizer que dava do que lhe fazia falta, mas o seu coração comovia-se profundamente ao ver a dor do próximo e decidira contribuir.

Sempre que se aproximava da residência da caridosa senhora, Barnabé ficava admirado com as flores que adornavam cuidadosamente as suas janelas. A casa era pintada em cor branca e estava sempre bem cuidada. O lugar de singela beleza refletia a pureza das almas que ali viviam.

Notando a aproximação de Barnabé, no horário de costume, uma mulher de vestes simples mas elegantes, veio imediatamente encontra-lo, transparecendo jovialidade e alegria. Estava acompanhada de um rapaz que trazia uma cesta de pães nos ombros.

-Irmã Élida como vai? Espero que na paz do senhor.

Ela abriu um sorriso e respondeu:

-Vou bem irmão. É sempre uma alegria em vê-lo. Felipe já estava perguntando por você.

Felipe seu filho, um rapaz de quinze anos, acompanhava sempre a mãe viúva e a auxiliava em tudo.

-A alegria é toda minha irmã.

-Irmão, sei que você tem muitos afazeres mas antes de partir poderíamos falar sobre um assunto que está nos preocupando?

Com a aquiescência do visitante a tão delicado pedido, os três adentraram em um cômodo continuo a rua, onde estava uma grande mesa de madeira, rodeada por bancos trabalhados em delicados desenhos retratando flores de hibisco. Felipe colocou a cesta de pães sobre a mesa e assim que todos assentaram a dona da casa comentou:

-Irmão gostaria de ouvir sua opinião sobre um fato que tem ocorrido aqui. Tenho como sabe uma Irmã chamada Adina que faleceu a aproximadamente um ano de doença prolongada. Seu marido, não suportou a perda da esposa e se entregou a bebida e ao desanimo vindo a falecer há três meses. Eles eram bastante ligados a nossa família. Trabalhavam conosco na produção dos pães. Como não tiveram filhos, Heitor e Adina se apegaram ao meu querido Felipe. Foi para nós uma enorme perda a morte dos dois em tão pouco tempo.

-Realmente é doloroso Irmã. Devemos continuar nossas orações a Deus pedindo por eles, disse Barnabé.

-Esta é a questão Irmão, não quero que me interprete mal e peço tratar o que venho a dizer em segredo. Felipe está com frequência vendo aqui em nossa casa, a presença de meu cunhado. Ele tem visões onde Heitor se aproxima pedindo que o ajude a encontrar Adina. O tio parece bem perturbado. Como pode ser isto? O que podemos fazer?

Barnabé olhou para o rapaz que prestava muita atenção em tudo que a mãe dizia, permanecendo calado e triste. Decidiu perguntar direto a ele o que se passava, visando entender melhor o caso. Falou em tom carinhoso e paternal:

-Meu filho, sei que você deve estar sofrendo com estas visões que sua mãe descreveu. Pode me relatar o que tem ocorrido?

-Irmão, disse Felipe, não gosto de comentar mais sobre este assunto e não sei porque minha mãe lhe contou. As poucas pessoas para quem falei o que vejo e escuto, não acreditaram no que eu disse. Para elas estou ficando louco e inventando estórias, querendo chamar atenção.

-Pode ficar tranquilo meu filho, eu acredito em você, sei da sua seriedade, afinal de contas a quanto tempo nos conhecemos ? Temos em nossa casa de assistência, irmãos que tem visões como a sua e tratamos isto de forma natural. A nossa vida não acaba com a morte. A nossa alma é eterna. Nosso mestre Jesus que foi crucificado pelos romanos vive e já apareceu para seus discípulos diretos.

O rapaz demonstrando certa intranquilidade falou:

-Não sei o que fazer irmão, tio Heitor me aparece varias vezes chorando e pedindo para ajuda-lo a encontrar tia Adina, algumas vezes ele até provoca barulhos para me chamar a atenção.

-E o que você faz meu filho?

-Ora Irmão eu fico assustado e quando o vejo saio correndo. Outro dia ele até bateu no meu pé enquanto dormia, para me acordar, da mesma forma que fazia quando estava vivo. Isto tem me incomodado muito e estou com medo de ficar sozinho em casa.

-Eu sei que isto é difícil, é natural que levemos susto. Desde quando isto ocorre? Você já viu outras almas?

-Vem ocorrendo a pouco tempo, antes quando falávamos de alguém que já morreu eu não via nada, mas sentia um arrepio em todo o corpo. Agora no caso do tio Heitor eu o vejo claramente. Outras vezes me aparece um homem todo iluminado que sorri para mim.

O jovem abraçou a mãe, em um gesto que demonstrava a sua insegurança em falar do assunto.

-Felipe, você não está doido nem doente, o que esta vivendo é verdadeiro, muitas pessoas tem um dom como o seu. Temos de auxiliar o seu tio a se encontrar, ele está pedindo a sua assistência porque gosta de você e lhe quer bem. Está confuso, não sabe o que fazer. É comum que aqueles que em vida, não foram capazes de desenvolver a questão espiritual e acreditar na existência após a morte, fazendo opção, muitas vezes, pelo apego as questões materiais, desconheçam que já partiram deste mundo e isto os faz sofrer. Esta alma de luz que você também vê é a do seu protetor que lhe acompanha para te ajudar e orientar.

A mãe que não tinha intervindo até então, perguntou em tom preocupado:

-O que o meu Felipe deve fazer então Irmão? Será que devo sacrificar um cordeiro para que isto acabe?

Barnabé notou o profundo desconhecimento daquela família sobre o fenômeno e sabendo da bondade de seus corações recomendou com profundo respeito e paciência:

-Não adianta fazer sacrifício de animais meus queridos. Os sacrifícios que Deus aprecia são os que fazemos pelo bem de nosso semelhante. Devemos canalizar nossas disposições sinceras nas boas ações e na oração. Vamos solicitar a Deus que ampare o irmão Heitor. A solução meu filho já está em suas mãos. Você precisa entender o que ocorre e saber controlar esta faculdade que despertou. Ela é uma dadiva do alto que tem de ser cultivada sem temor, mas com respeito e atenção para não te prejudicar e dar bons resultados. Os enviados do Senhor vão lhe auxiliar.

-Mas Irmão o que devo fazer se meu tio aparecer novamente?

-Trate o assunto com naturalidade, não se assuste, fale com ele com paciência e fé, diga para que se acalme pois será socorrido. Peça para que pense em Deus e tenha tranquilidade. Transmita a mensagem que ele precisa estar bem, para no momento certo, encontrar com a sua tia e serem felizes novamente juntos.

-E se começarem a aparecer outras almas? Fico com medo de ver gente ruim.

-Isto pode ocorrer e você vai aprender a lidar com esta situação. Nos vamos te ajudar. Você sabe como podemos atrair as almas boas para estarem sempre ao nosso lado?

-Não, o que devo fazer?

-Só nossas ações no bem atraem as almas de luz. Assim temos sempre que cultivar os bons pensamentos, sem desejar o mal a ninguém e perdoar todos os que nos ofendem.

Barnabé parou de falar por uns instantes, para que mãe e filho pudessem assimilar o que tinha acabado de dizer e perante o silencio prolongado dos dois continuou:

-Venham a nossa casa de oração quando puderem e eu lhes apresentarei o Irmão Ágabo que tem muita experiência com dons como o que você tem. Ele vai te instruir e auxiliar.

-Meu filho, falou Élida, porque você não vai com ele , ajuda-o a levar os pães e fala com o irmão Ágabo? Aproveita a oportunidade. Pode deixar que termino as tarefas e assim que puder vou encontrar com vocês.

Com o apoio da mãe e sentindo segurança em Barnabé, Felipe decidiu acompanha-lo e assim partiram carregando os pães.

Élida observando os dois se afastarem, já indo a pequena distância, enxugou seus olhos que transbordavam em lágrimas e agradeceu a Deus a benção de poder estar ali e conhecer pessoas tão boas e generosas como Barnabé e os irmãos seguidores de Jesus de Nazaré.

Carlos Malab – textos sobre Barnabé

Engenheiro, 61 anos, formado pela PUC-MG, com extensão no IEC e Fundação Don Cabral, o autor da coluna, foi Professor convidado no IBMEC, IEC, IETEC e PUC-MG. Possui vasta experiência em planejamento e implementação de tecnologias no Brasil, tendo trabalhado por um ano na Namíbia onde dirigiu a parte tecnológica da maior empresa de Telefonia Móvel Celular do pais. Atualmente reside em Belo Horizonte onde desenvolve atividades de consultoria. Tem se dedicado a estudos, pesquisas sobre o Evangelho e questões espirituais. Espírita Cristão, Atualmente integra os quadros do Portal Saber Espiritismo, do Grupo Mediúnico Maria de Nazaré e do Grupo Espírita Saber Amar de Belo Horizonte.  É palestrante e autor dos livros Telefonia Móvel de Forma Simples e Prática (Clube de Autores) e Era Uma Vez Para Sempre (Editora Vinha de Luz).

E mail: cmalab@gmail.com







Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Artigo postado "ipsis verbis"| In: https://www.jornaldacidadebh.com.br/sociedade/espiritualidade-textos-sobre-barnabe-11/
25/06/2020
 


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