22º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito” |
Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM. Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva. TalentosAgosto | 1956 “… mas ao que não tem até o que tem ser-lhe-á tirado.” — Jesus De vez em quando, aqui ou alhures, ouve-se a informação de que determinada pessoa perdeu a faculdade mediúnica. Os atributos da vidência desapareceram, a voz das “sombras amigas” deixou de ser ouvida, não mais a incorporação e até a simples aproximação das entidades deixou de ser percebida. Uma sensação de que “deixou de ser médium” se apodera, então, daquele que, tempos antes, via, ouvia e transmitia o pensamento dos espíritos. Qual o motivo desse desaparecimento da mediunidade? Por que, de uma noite para o dia, de uma semana para a outra, cessaram as manifestações, o intercâmbio entre o plano visível e o invisível, como se as antenas de poderoso receptor deixassem de funcionar? Eis um capítulo de real interesse, doutrinário e moral, sobre o qual buscaremos falar na modéstia e singeleza desta página. Dizem os amigos espirituais, tratando do assunto, que “os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho”. E todos nós conhecemos a parábola dos talentos. Chamado à prestação de contas, o servo afirmou que tivera medo e, em vista desse medo, ocultou o talento que a confiança do Senhor lhe pôs nas mãos. Sabendo do ocorrido, diz-lhe o Senhor: “Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e que recolho onde não ceifei. Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, à minha volta, eu teria recebido o que é meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos. Porque a todo aquele que tem dar-se-lhe-á e terá em abundância, mas ao que não tem até o que tem ser-lhe-á tirado”. Dom mediúnico, é, pois, como o talento da parábola: patrimônio que o Senhor confia a seus filhos. Segundo afirmam os benfeitores espirituais, se esse patrimônio divino “é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara da Verdade e do Amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas. Todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior” teremos então o médium estacionário, improdutivo ou inteiramente fracassado. É justo, portanto, que, antes dos cometimentos mediúnicos, ou durante eles, não se descure o medianeiro da prática do Evangelho. Mediunidade sem Evangelho é como democracia sem educação política, motivando excessos e incongruências. O Evangelho, bem sentido, nos induzirá ao devotamento e à simplicidade, ao espírito de renúncia e à humildade legítima, assegurando êxito e triunfo. Atividade mediúnica sem renovação para o bem significa, via de regra, caminho para a desilusão e para o sofrimento. Melhor seria, pois, para aquele que desvia a sua faculdade, favorecendo, assim, a incursão das sombras, que lhe fosse ela retirada antes que sobreviesse o desastre. Sempre que ouvirmos, pois, a notícia de que alguém perdeu, aqui ou em qualquer parte, os dons mediúnicos, fiquemos certos de que a misericórdia divina funcionou, compassivamente, evitando que mais uma alma invigilante se precipitasse no perigoso despenhadeiro de lamentáveis enganos e abundantes lágrimas. _________________ Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 79-80. Nota da Editora: Reformador, agosto de 1956, p. 182. Reformador é uma revista de divulgação da Doutrina Espírita, editada mensalmente pela Federação Espírita Brasileira (FEB). É uma das mais antigas publicações de seu gênero, em circulação no Brasil (desde 1883, no formato original de jornal). Com a fundação da FEB, em 1884, o periódico foi por ela incorporado, passando a ser o seu principal órgão de divulgação, voltado para a difusão de artigos doutrinários, fatos e trabalhos desenvolvidos pela entidade, assim como pelas entidades afiliadas em todo o país. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ 06/07/2020 |
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