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Notícia

26º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”



Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.

Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.

Leia todos os artigos de Martins Peralva publicados no JCBH

A cruz do Senhor

Fevereiro | 1957

“Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão,
a quem obrigaram carregar-lhe a cruz.”
— Do Evangelho

Mateus, Marcos e Lucas descrevem, com indeléveis tintas, a cena ocorrida quando Jesus, saindo de Jerusalém, subia na direção do Calvário, a fim de legar à humanidade o mais sublime testemunho de renunciação pelo bem de todos.

Um grande livro poderia ser escrito comentando os lances do longo e aflitivo percurso, iniciado no Pretório, ante Pilatos, e concluído no Gólgota entre dois ladrões. Livro cujas páginas seriam incomparável poema de sabedoria. Páginas cujas frases seriam legítima epopeia de luz e compreensão. Frases em que cada palavra cantaria imortal cântico de fraternidade e amor. Isso porque, cada olhar, cada pensamento e cada gesto do Mestre divino seria, sem dúvida, maravilhosa partitura, ante a qual o gênio criador de Beethoven ou Chopin quase nada representaria. Entretanto, o objetivo do presente comentário é mais simples. Desejamos apenas comentar a atitude do homem de Cirene, compelido pela força das circunstâncias a ajudar o Senhor na condução do madeiro que, horas depois, fincado lá em cima, acenderia no topo do Calvário a luz da imortalidade vitoriosa.

Carregar uma cruz é símbolo de esforço e luta. É símbolo de sacrifício e renunciação, de boa vontade e fé. Ninguém hoje, tanto quanto o cireneu no dia sombrio da crucificação do Justo, se resigna com a cruz das experimentações. Sofrer e lutar, com vistas à aquisição de experiências, que assegurem ou consolidem a ascensão do espírito eterno, é programa a que poucos se afeiçoam. Pequeno número de aprendizes do Evangelho concorda em subir a ladeira dos testemunhos, porque a ascensão é penosa e se faz acompanhar, via de regra, de suor e lágrimas. A maioria prefere viajar na planície, onde o comodismo e a preguiça aparecem por inseparáveis companheiros daqueles que se comprazem na vida fácil e rotineira, sem vocação para o alpinismo do esforço evolutivo.

Há vinte séculos, Simão conduziu, compulsoriamente, a cruz do Senhor. Nos dias presentes, também recusamos conduzir a cruz do Mestre, porque ela nos pede misericórdia e perdão, com esquecimento de todo o mal, e reforma moral, com atitudes nobres e pensamentos dignos. O cultivo dos sentimentos elevados é cruz bastante pesada para a futilidade dos nossos dias. Simãos hodiernos, não queremos subir a difícil ladeira da renovação espiritual.

No episódio do cireneu, relatado pelos três evangelistas, retrata-se o nosso desinteresse ante a luta que nos levará, mais cedo ou mais tarde, ao Calvário da sublimação espiritual. Jesus não é, ainda, para os nossos espíritos trôpegos e vacilantes, uma realidade que buscamos espontaneamente, com as almas inundadas de alegria. É vago objetivo que demandamos acicatados pela dor e pelas desilusões.

Temos caminhado, desde a poeira dos milênios, sob o impulso de acerbas provações e de experiências retificadoras. Temos marchado assim… Compulsoriamente, como Simão, o cireneu, no ignominioso dia da crucificação do Mestre.

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Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 87-88.

Nota da Editora: Reformador, fevereiro de 1957, p. 11. Reformador é uma revista de divulgação da Doutrina Espírita, editada mensalmente pela Federação Espírita Brasileira (FEB). É uma das mais antigas publicações de seu gênero, em circulação no Brasil (desde 1883, no formato original de jornal). Com a fundação da FEB, em 1884, o periódico foi por ela incorporado, passando a ser o seu principal órgão de divulgação, voltado para a difusão de artigos doutrinários, fatos e trabalhos desenvolvidos pela entidade, assim como pelas entidades afiliadas em todo o país. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformador>. Acesso em: 12 nov 2009.






Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | https://www.jornaldacidadebh.com.br/sociedade/26o-artigo-de-martins-peralva/
20/08/2020
 


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