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Notícia

28º artigo de Martins Peralva: “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”



Artigo. O Jornal da Cidade BH preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.

Os artigos que publicados no JCBH, fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.

Leia todos os artigos de Martins Peralva publicados no JCBH

Promessas

Junho | 1957

“Ele, porém, respondendo, disse:
‘Não quero. Mas, depois, arrependendo-se, foi’.” — Do Evangelho

Declarou Jesus que passaria o céu e passaria a Terra, mas suas palavras jamais passariam. Através de semelhante afirmativa, quis o Mestre assegurar que suas lições atravessariam os séculos e os milênios, sem que os milênios e os séculos conseguissem desfigurar-lhes o sentido de eternidade. Analisemos o trecho que serve de motivo à nossa página de hoje, extraído da parábola dos dois filhos, bem conhecida de quantos se dedicam a leituras evangélicas.

Um homem tinha dois filhos. A um deles, disse: “Filho, vai trabalhar, hoje, na minha vinha”. Ele, porém, respondendo, disse: “Não quero”. Mas, depois, arrependendo-se, foi. O segundo, também instado ao trabalho, disse: “Eu vou, senhor”. Mas não foi. Perguntou Jesus: “Qual dos dois fez a vontade do pai?” E os príncipes dos sacerdotes e anciães do povo que ensinavam no templo, àquela hora, responderam: “O primeiro”.

Também nós daríamos ao Mestre, sem dúvida, a mesma resposta. Problema de raciocínio. Todavia, pouco temos aproveitado, no curso de renovadas experiências, da lição que a parábola encerra, em sua contextura simples, sugestiva e profunda. Problema de sentimento, de boa vontade. Não é necessário nos reportemos ao tempo em que, ensinando e exemplificando, Jesus transitou pelo mundo. Fixemos a anotação evangélica, considerando nossas atuais cogitações, fragilmente cultivadas, permanecendo, inclusive, no campo religioso que nos é próprio, o do Espiritismo.

Não há necessidade de invadir a seara alheia. É muito fácil prometer, muito difícil, quase sempre, executar a promessa. Via de regra, quando entramos em contato com as belezas doutrinárias, tornamo-nos pródigos, fartos e exuberantes na promessa. Empolgados pelo sabor da novidade, o nosso espírito se engalana e se ornamenta, jubiloso, inclinando-se para brilhantes promessas e exaustivos programas. No entanto, quando sobrevem a realidade, percebemos que a aceitação do Espiritismo nos sugere algo diferente: responsabilidades novas, realizações íntimas, substituição de hábitos que os milênios cristalizaram em nossa individualidade ainda defeituosa. No Espiritismo, é como se existissem namoro, noivado e casamento. Na terceira dessas fases, se o nosso entusiasmo não se baseia na convicção e na lealdade, retraímo-nos, distanciamo-nos da luminosa sementeira que nos daria, no futuro, o equilíbrio e a paz. O progresso, enfim.

Jesus não podia, nem pode, evidentemente, enganar-se. Mais vale dizer “não” e, depois, arrependendo-se, realizar a tarefa, do que dizer “sim” e, depois, insensatamente, fugir do esforço renovativo. Vale menos, na aferição dos valores eternos, o entusiasmo excessivo, que propicia exageradas promessas, do que a firmeza doutrinária, que pontilha de trabalho efetivo e substancial o caminho do servidor bem-intencionado.

Promessa não cumprida indica, em qualquer parte, leviandade. Quem nada promete, mas, depois, refletindo, coloca o coração a serviço do bem, revela bom senso. E nunca é tarde para agirmos dessa maneira, isto é, retificando atitudes inadequadas. A parábola dos dois filhos deve ser, necessariamente, objeto da mais acurada meditação. Em particular, para nós, espiritistas, porque muito temos recebido do Senhor.
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Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 91-92.

Nota da Editora: Reformador, junho de 1957, p. 145. Reformador é uma revista de divulgação da Doutrina Espírita, editada mensalmente pela Federação Espírita Brasileira (FEB). É uma das mais antigas publicações de seu gênero, em circulação no Brasil (desde 1883, no formato original de jornal). Com a fundação da FEB, em 1884, o periódico foi por ela incorporado, passando a ser o seu principal órgão de divulgação, voltado para a difusão de artigos doutrinários, fatos e trabalhos desenvolvidos pela entidade, assim como pelas entidades afiliadas em todo o país. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformador>. Acesso em: 12 nov 2009.





Enviado por Geraldo Lemos Neto | Vinha de Luz Editora | Artigo postado "ipsis verbis" | In: https://www.jornaldacidadebh.com.br/sociedade/28o-artigo-de-martins-peralva/
17/09/2020
 


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