Artigo. O Cidade Conecta preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.
Os artigos publicados fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.
O que pede o Espiritismo
Abril | 1959
“Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.” — Atos, 8: 4
Se o maravilhoso Dia do Pentecostes foi, para os discípulos, a demonstração eloquente e definitiva da imortalidade da alma e da comunicabilidade dos espíritos, enchendo-lhes de esperança os corações devotados, por seu turno as “línguas de fogo” marcaram, também, o início de sérias e cruentas jornadas. Não fosse a extraordinária fé dos primeiros servidores do Evangelho, dificilmente ter-se-ia conservado a unidade apostólica.
Apesar de todas as lutas, os discípulos mantiveram-se unidos, coesos, em torno do ideal legado pelo bem-aventurado Aflito da crucificação. Alguns deles, em face das perseguições que desabaram sobre os herdeiros do Evangelho do reino, tiveram de abandonar Jerusalém e embrenhar-se pelas aldeias e cidades da Palestina.
Saulo, exaltado e colérico, estabelecia o império do terror e da repressão aos discípulos da Boa Nova, aos companheiros do suave Rabi, levando-os para as prisões, onde eram submetidos a inomináveis torturas. O fantasma da morte pelo açoite, pelo apedrejamento cruel ou pela crucificação, pairava sobre a humilde comunidade. A perseguição, entretanto, resultava vazia, contraproducente. Aqueles — como Felipe, por exemplo — que eram obrigados a se dispersar, iam, por toda a parte, anunciando a palavra.
Em Samaria, criaturas perseguidas por entidades sombrias viam-se livres à simples determinação do abnegado discípulo. Paralíticos e doentes eram curados. Homens sem fé, fortalecidos pelo verbo iluminado de Felipe, transformavam-se interiormente.
O Novo Testamento registra o notável trabalho que resultou da dispersão de alguns discípulos, através da seguinte referência: “Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra”.
O Cristianismo germinava e expandia-se sob o fogo da mais terrível opressão. O exemplo e a sinceridade dos apóstolos constituíram, sem dúvida, expressivo elemento e consolidação da nova ideia, contribuindo, assim, para que ela formasse raízes vigorosas, apesar da violenta reação dos que reconheciam nos postulados fraternistas do Evangelho incoercível força a lhes ameaçar o domínio e a prepotência.
Para que uma ideia subsista e se afirme, indelevelmente, na consciência universal, necessário é que os seus propugnadores lhe exemplifiquem os princípios. O Cristianismo triunfou no mundo porque os homens dos primeiros dias — almas dedicadas e sinceras — se converteram em expressões vivas e eloquentes da palavra divina. Sem revolta, humilhavam-se para que ele, o Redentor, se projetasse no coração e na consciência dos homens.
O Espiritismo, para triunfar também, nos pede alguma coisa. Pede-nos trabalho, boa vontade, exemplificação. A vitória definitiva da Doutrina Espírita, nesta luta sem armas que estamos realizando, dependerá, essencialmente, da forma por que nos conduzirmos. Todos os percalços serão superados se do Espiritismo fizermos o que efetivamente ele é: uma doutrina de consolação e esclarecimento, de fraternidade e trabalho, sugerindo-nos, de modo permanente, permanente renovação interior.
Dispersos ou congregados — não importa o lugar, não importa a posição — serviremos à causa pela exemplificação e pela fidelidade, bem como pelo respeito a nós mesmos, na convicção de que o Cristo nos vê, observa e ouve.
O que nos é pedido, na atualidade, é o mesmo que se pedia aos trabalhadores da primeira hora: dedicação e trabalho, a fim de que, anunciando com amor a palavra do céu e espalhando o bem, glorifiquemos, apesar de nossa indigência espiritual, o nome augusto do celeste Enviado.
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Fonte: PERALVA SOBRINHO, José Martins; PERALVA, Basílio (Org.). Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito. Belo Horizonte: Vinha de Luz Editora, 2009. p. 115-117.
Nota da Editora: Reformador, abril de 1959, p. 89. Reformador é uma revista de divulgação da Doutrina Espírita, editada mensalmente pela Federação Espírita Brasileira (FEB). É uma das mais antigas publicações de seu gênero, em circulação no Brasil (desde 1883, no formato original de jornal). Com a fundação da FEB, em 1884, o periódico foi por ela incorporado, passando a ser o seu principal órgão de divulgação, voltado para a difusão de artigos doutrinários, fatos e trabalhos desenvolvidos pela entidade, assim como pelas entidades afiliadas em todo o país. In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Reformador>. Acesso em: 12 nov 2009.
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