O Cidade Conecta preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.
Os artigos publicados fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.
A morte não existe
Novembro | 1959
“Necessário vos é nascer de novo.” — Jesus a Nicodemos
Entre inúmeros benefícios que decorrem do estudo e da assimilação da Doutrina Espírita, podemos indicar, sem dificuldade, aquele que orienta o homem acerca do milenário problema da morte.
Inegavelmente, sem qualquer partidarismo, somos levados a compreender que só o Espiritismo estuda o velho problema com riqueza de pormenores, uma vez que tal assunto muito pouco, ou quase nada, disseram as demais religiões, que se limitaram, simplesmente, a admitir e anunciar a existência do mundo espiritual. Sem as consoladoras luzes da nossa amada Doutrina, marcharia o homem para o túmulo — diremos melhor, para a pátria da verdade — sem ideia segura do que lhe acontecerá após o choque biológico do desenlace. Nenhuma noção sobre a morte. Nenhum conhecimento das leis admiráveis que regem a vida no plano espiritual. Nenhuma informação sobre o que sucede à alma durante e depois da desencarnação. Em suma: verdadeiro cego, ante o mundo grandioso que o aguarda, um indígena, atônito, perplexo, nos pórticos de estranha, quão maravilhosa civilização.
Essa ignorância, praticamente total, a respeito de tão importante problema, é a triste herança de velhas e novas religiões, mestras no ocultar e fantasiar a realidade da vida além das fronteiras terrenas. Religiões que procederam ou procedem à maneira dos cronistas sociais modernos: “Depois eu conto…”
O Espiritismo é, profundamente, intensamente realista, tanto nesse quanto em todos os assuntos de interesse da alma eterna. Identificando a criatura, sem subterfúgio de qualquer espécie, com seus postulados, fazendo-a absorver a parcela de verdade que ela suporta, torna-a tranquila ante a perspectiva da desencarnação.
Não cremos, nem anunciamos um céu gracioso, adquirível à custa de promessas, espórtulas, louvaminhas ou petitórios, nem um inferno tenebroso, eterno, de onde jamais sairemos. O nosso conceito, a respeito da morte e de suas consequências, se alicerça no Evangelho: “A cada um será dado de acordo com as suas obras”.
Seria, naturalmente, leviandade afirmarmos que o Espiritismo já revelou, em toda a sua extensão e plenitude, a vida no plano extrafísico. Expressando, todavia, a misericórdia divina, vem erguendo, gradualmente, em doses nem sempre homeopáticas, a cortina que separa o mundo físico do espiritual, consentindo estendamos o olhar curioso, indagativo, sobre o belo panorama da vida além da carne.
Pensando e atuando dentro dessa conceituação, estranha para muitos, por enquanto, porém muito lógica e racional para nós, sabe o espírita, em tese, o que a morte, como fenômeno simplesmente transitivo, lhe reservará. Sabe que o sistema de vida adotado aqui na Terra, o seu comportamento ético, terá justa e equânime correspondência no mundo espiritual, que é, indefectivelmente, um prolongamento do terráqueo. Boas sementes bons frutos produzem. Más sementes amargos frutos produzem.
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