O Cidade Conecta preparou lançamentos, periódicos, de artigos do escritor, expositor e articulista José Martins Peralva Sobrinho, ou simplesmente Martins Peralva, como era conhecido. Ele, que foi um dos grandes representantes do movimento espírita no Brasil, escreveu os seguintes livros: “Estudando a mediunidade”, “Estudando o Evangelho”, “O Pensamento de Emmanuel”, “Mediunidade e evolução”, editados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), e “Mensageiros do bem”, editado pela UEM.
Os artigos publicados fazem parte do livro “Evangelho puro, puro Evangelho – Na direção do Infinito”. Trata-se uma coletânea de textos disponibilizados nos jornais “O Luzeiro”, periódico de sua terra natal, Sergipe, “Síntese” e “Estado de Minas”, ambos de Minas Gerais, e na revista “Reformador” da FEB. Geraldo Lemos Neto, responsável pelo Vinha de Luz — Serviço Editorial, foi quem coletou o material com a família Peralva, para que a comunidade espírita tivesse a oportunidade de conhecer mais de perto Martins Peralva.
Jesus e a humanidade
Agosto | 1960
“Quem é a minha mãe? Quem são os meus irmãos?” — Jesus
Algumas interpretações têm sido feitas em torno da interpelação do Mestre aos discípulos, que o avisavam de que, lá fora, sua mãe e seus irmãos o procuravam, ansiosos.
Umas, apressadas, apontam o Senhor como pouco delicado no trato com a Virgem Santíssima; outras, menos apressadas, porém eruditas, complicam ainda mais o assunto, deixando-o, praticamente, sem solução.
O Espiritismo, na sua condição de consolador, que veio ao mundo para revelar o que estava oculto, para aclarar o que estava nebuloso, faz luz sobre o episódio evangélico, sobre aquelas palavras do Mestre.
A presença de Jesus, na Terra, teve, sem dúvida, um objetivo fundamental: o de pregar, pelo exemplo, sobretudo, o amor universal, o amor que aproximará os seres, que transformará a humanidade inteira, um dia, numa só família.
É impossível, é inconcebível, negar-se o profundo amor do Cristo por aquela que lhe fora mãe dedicada, mãe boníssima, mãe sublime na Terra. Uma das provas mais eloquentes do seu amor pela Virgem está no cuidado, na ternura com que a recomendou a João Evangelista, no Gólgota: “Eis aí a tua mãe!” E, depois, voltando-se para Maria, e indicando o discípulo amado: “Eis aí o teu filho!”
Seu profundo amor não o levaria, contudo, a esquecer a missão maior, a missão principal, a missão universalista que o fizera vir ao mundo, destinada a estabelecer, no tempo e no espaço, as bases de um reino diferente, que não fosse construído segundo os padrões humanos. Compreendamos, portanto, as palavras de Jesus como um incitamento à fraternidade universal, na sua mais ampla acepção.
Jesus não se pertencia. Jesus não pertencia aos discípulos. Jesus não pertencia à Virgem Santíssima. Cristo doara-se à humanidade, dera-se à humanidade, pertencia à humanidade. Compreendamos as palavras do Mestre como uma advertência para que nos esforcemos no sentido de ampliar, de dilatar, ao máximo, a compreensão de fraternidade, infelizmente àquela época, e ainda hoje, muito limitada, muito restrita. Aliás, as palavras que, logo a seguir, proferiu, evidenciaram o verdadeiro pensamento de Jesus, traduziram, sem subterfúgios, a lição profunda, universal: “Em verdade vos digo que minha mãe e meus irmãos são todos quantos fazem a vontade de meu Pai, que está no céu”.
Fazer a vontade do Pai significa servir, renunciar, sacrificar-se. Em síntese, amar desinteressadamente, cristãmente, como Jesus nos amou. Quando, no curso dos milênios, agirmos dessa maneira, seremos, efetivamente, irmãos de Jesus, porque estaremos fazendo a vontade do Pai celestial.
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